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Jamais tive um tutor ou professor de desenho. A arte sempre partiu de minha iniciativa e observação, seguindo meus próprios métodos empíric...

Jamais tive um tutor ou professor de desenho. A arte sempre partiu de minha iniciativa e observação, seguindo meus próprios métodos empíricos de aprendizado. Despertei artisticamente em uma época em que materiais didáticos e cursos eram inacessíveis a quem não estivesse instalado nos grandes centros. E em se tratando de HQs, não diferia muito, era ainda mais fora de alcance.

O panorama oposto ao atual: um mundo aberto apinhado de apostilas, guias, exemplos, cursos, vídeos e tudo o que for necessário ao estudo profundo dos Quadrinhos ou do Desenho. E também o contato com os ensinamentos provenientes de artistas que obtiveram carreiras prosperas e tornaram-se consagrados. Como é o caso de Will Eisner, um autor divisor de águas nas HQs que nos brinda com o livro "Quadrinhos e Arte Sequencial", a respeito do qual farei algumas considerações.
  


Trata-se de um livro fundamental a quem se propõe a fazer quadrinhos com seriedade. Eisner apresenta aqui uma legítima gramática das HQS, ministrada em uma escrita eficiente e digerível, introduzindo-nos aos muitos dispositivos e sutilezas necessários para que uma obra em Quadrinhos surta o efeito desejado.

O volume traz uma compilação das aulas que o autor lecionou na Faculdade de Artes Visuais de Nova York na década de setenta, resultando em textos explanativos, páginas de HQs comentadas, diagramas e exemplos ilustrados. Também perspectivas inusitadas sobre as muitas possibilidades a se explorar na hora de quadrinizar - há, inclusive, paralelos com as artes cênicas.

Estudando essas lições, colocamo-nos diante dos meandros da construção de uma HQ eficiente em comunicar ideias e de conduzir uma narrativa de forma expressiva e capaz de impor fluência categórica sobre o leitor. Cada tópico é descrito e exemplificado de modo a ser entendido com o mínimo de esforço, seja  por parte do iniciante, ou do quadrinista experiente.

O terceiro capítulo foi o que mais me cutucou: o "Timing". A principal deficiência perceptível em meus trabalhos. Em suma, todos os capítulos esclareceram diretamente sobre soluções que eu aplicava instintivamente e revelaram outros pontos, os quais não faziam parte de meu repertório.

Fica aqui uma reflexão de Eisner, com a qual concordei muito: "[...]O trabalho da arte domina a atenção inicial do leitor[...] Isso então induz o artista a concentrar as suas habilidades no estilo, na técnica e em recursos gráficos que têm como propósito deslumbrar o olhar. A receptividade do leitor ao efeito sensorial e, muitas vezes, a valorização desse aspecto reforçam essa preocupação e estimulam a proliferação de atletas artísticos que produzem páginas de arte absolutamente deslumbrantes sustentadas por uma história quase inexistente".

Como comentado anteriormente , estou dando andamento à minha webcomic "Ato Falho" que hoje faz sua estreia no Tapas. A sinopse é a...

Como comentado anteriormente, estou dando andamento à minha webcomic "Ato Falho" que hoje faz sua estreia no Tapas. A sinopse é a seguinte:

Quando um astro do Rock traz ao nosso mundo uma perigosa entidade demoníaca, mal sabe ele que também atraiu a atenção de um sensitivo amaldiçoado cheio de cartas nas mangas. O que toma proporções dramáticas ao envolver uma jovem convalescente psiquiátrica dotada de telepatia, cujo desejo maior é viver um romance recém desperto com um artista circense.

Clique na capa para ler.