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Ser rápido está dentre as boas qualidades de um desenhista. Ter um bom traço também. Há quem exiba ambas dessas qualidades. Quem desenha as ...

Ser rápido está dentre as boas qualidades de um desenhista. Ter um bom traço também. Há quem exiba ambas dessas qualidades. Quem desenha as persegue, já que elas permitirão uma produção satisfatória e prolífica. Essa combinação (rapidez e boa Arte) é perceptivelmente o perfil de profissionais que tiveram a vida inteira no ofício como desenhistas e uma árdua jornada nesse território, submetendo-se a prazos curtos e exigências frequentes quanto à qualidade de seus trabalhos. Assim operam os mercados mais almejados, como os de super heróis ou do mundo dos mangás shonen, por exemplo.

Um retoque digital "honesto".

Sob o meu ponto de vista - falando de HQs -, a Arte comercial em linhas de produção é fundamental, um mercado com operários do traço instruídos para suprir - com metodologia acurada - cada nicho de mercado. São montados estúdios, unem-se desenhistas, roteiristas e editores, e é com eles que as engrenagens poderosas tracionam. Neste caso, a arte é comercializada tal um serviço que me permito a ousadia de comparar ao de um escritório contábil - este indispensável. O problema é: eu, artista comum... amador, tenho como chegar ao ponto de produzir bastante e bem? Dedico-me ao desenho de forma muito passional, recusando-me a mecanizar meus métodos, por isso estudei muito como ser mais produtivo e melhorar meu trabalho.

A resposta está na tecnologia e tudo mais que está ao meu alcance. Desenhar rápido é possível... é só querer. Ter um bom traço? Também... afinal, para mim, a satisfação é pessoal - sou eu quem quero agradar em primeiro lugar. Os aparatos eletrônicos podem dar uma "tunada" na arte de todos. Por isso me tornei um verdadeiro adepto ao retoque digital. De duas formas que estarão a seguir, com a ressalva de que ainda considero o papel e tinta os melhores meios de finalizar uma arte... sou meio jurássico se puxarmos minha mais real sinceridade... vamos deixar isso para lá... podemos desconsiderar.

Nesse caso, uma trapacinha muito útil.

O primeiro modo é o retoque que chamo de "honesto".  Fazemos tudo rapidamente: o esboço, definimos os traços, partimos ao nanquim e tudo bem. Tudo bem até começarmos a ver os erros e desalinhamentos. Escaneamos e vamos retocar digitalmente usando uma mesa digitalizadora com brushs, carimbos, esticar, encolher, redesenhar, etc. E temos uma bela página de quadrinhos feita em duas etapas (a tradicional e digital) tendo um bom ganho de tempo e com as coisas em seus devidos lugares. É assim mesmo, trata-se de um bom meio para facilitar.

O segundo modo é o que chamo de "trapaça". Que não é bem do que se trata. Esse é um verdadeiro propulsor para desenhar páginas de quadrinhos ou ilustrações. Faz-se o esboço no papel e então é escanear ou tirar uma foto bem feita e em boa resolução. Levando ao software editor de imagens, é só alinhar, arrumar, redimensionar o necessário e em seguida, com um layer transparente sobre a página, fazer a arte final usando um brush à livre escolha.
 

Minha mesinha, companheira de anos.
Não adianta, trabalho teremos de qualquer forma. Acho o processo do desenho agradável, não sou de fazer corpo mole seja qual a etapa, ou executar algo de "qualquer maneira". Mas me divirto muito usando os recursos digitais e os acho muito facilitadores, tanto que recomendo a todos que conheço com muita sinceridade. Não sei se - como já li - usar mesas digitalizadoras "criam vícios" no desenhista ou coisa parecida. Estou na estrada desde 2014 e posso garantir que, com minha prática diligente, só tenho melhorado em ambos os suportes. Espero que o leitor também encontre boas práticas nos dois!