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Podemos passar bons anos observando um exímio motorista pilotando um veículo. É possível aprender com ele para que serve cada comando, march...

Podemos passar bons anos observando um exímio motorista pilotando um veículo. É possível aprender com ele para que serve cada comando, marchas e pedais. Porém, ao assumirmos a direção de um volante ou guidão sem antes ter aulas em uma auto escola, não acertaremos de primeira. Não sentiremos a segurança adquirida pela prática. Ao passo que o desempenho de alguém performando algo com categoria pode influenciar positivamente as iniciativas de qualquer novato a também tentar uma atividade. Aconteceu - e acontece - comigo nos quadrinhos.


Dos anos que comecei a me propor a fazer HQs até o momento, um extenso rio de conhecimentos passou sob minha ponte. Aprendi de forma semelhante ao exemplo de conduzir um veículo sem experiência. Mesmo tendo feito muita coisa direito, por outro lado as cabeçadas foram inevitáveis. E não pense que achei ruim, foram aprendizados. Até que atingi muitos objetivos como autodidata (algo que hoje já não mais posso me intitular).
 
Em meu primeiro Quadrinho, o Prisma Negro, eu até me achava hábil com a separação silábica. Tanto que eu nem deixava o software editor quebrar o texto: eu mesmo ia modelando os diálogos. E de uma maneira harmônica entre as frases e a formas dos balões, com cuidado para não deixar barrigas ou permitir linhas longas nos topos ou nas bases. Em suma, o meu negócio era o texto encaixar nas áreas de fala de forma agradável. E assim lancei o meu primeiro projeto em offset, estreando como autor independente.
 
Anos após, em a Noite Escura, editei usando meu par de óculos na ponta do nariz, com meus dedinhos digitando delicadamente no teclado com luzes multicoloridas, seguindo a mesma cartilha do Prisma Negro. Quando dei a obra por concluída, enviei um PDFzão para a revisora via e-mail, tomado por profunda satisfação.
 
Inclinando meu rosto para cima, sorri com o canto da boca e ginguei de leve a cabeça três vezes, respirei e saí para tomar um café - em uma semana estaria pronto. A minha sorte é que eu não fiz tudo sozinho dessa vez. O projeto era grande e precisava ter o polimento de uma obra profissional.
 
A revisora devolveu as correções com um pequeno adendo: eu deveria editar as mais de 100 páginas para evitar as separações silábicas, já que os travessões “quebrariam o ritmo da leitura”. Esvaziei como um balão, fiquei frustrado, mas olhei para o horizonte e pensei que também não era o fim do mundo, e este (o mundo) fora feito em sete dias, antes mesmo de haver dias e noites.
 
Bem, esse pequeno relato é para dizer o quão indispensável é ter amigos, professores e bons exemplos por perto… e... pagar um(a) revisor(a) legal para trabalhos importantes, porque homem ou mulher algum é uma ilha. Mas jamais deve ter medo de cometer seus próprios erros.