novembro 2025 - Homem Quieto

Páginas

  Todos os ritos e crenças à periferia das religiões dominantes, no ocidente, são considerados paganismo. Qualquer fé politeísta também é as...

 

Todos os ritos e crenças à periferia das religiões dominantes, no ocidente, são considerados paganismo. Qualquer fé politeísta também é assim tida. As tradições do Norte Europeu, anteriores à ascensão do cristianismo, cultivavam práticas comunitárias, adorações às divindades da natureza e aos atos heroicos inspirados em seus Deuses. Na contemporaneidade temos organizações de crenças nomeadas como "Neopagãs", resgatando os laços trazidos da antiguidade.
 
Esboço solto. Tenho usado o lápis e não lapiseiras.
O Paganismo enaltece a vida simples e as tradições e cultos ancestrais. Assim como nos povos originários brasileiros, e demais sul americanos, antes da chegada dos colonizadores contaminados pelo catecismo Apostólico Romano. No Antigo Egito, a primeira grande civilização de milênios antes do marco cristão, a cultura e a arte estavam interligadas à religiosidade politeísta - exemplo que se repete nos demais povos africanos. Similaridades possíveis de se encontrar nas tradições Xintoístas da Ásia, onde também se destaca o Budismo. 
 
Do Xintoísmo, distingue-se semelhanças à filosofia de Espinoza, na qual a espiritualidade interliga tudo como parte de um só ser: a Natureza. Visão que ilumina meus pensamentos místicos e convicções metafísicas. Encontro, na contemplação de um Universo miraculoso, a crença no panteão das mais belas leis regendo a realidade - poderes imensuráveis, nos quais me identifico e me diluo.
 
As folhas do novo sketchbook têm se mostrado ideais para pintura com aquarela.
Jamais tive proselitismos em minha formação de caráter, o que considero uma bênção. Os ritos segundo os evangelhos, seguidos aqui no Brasil, não fizeram parte das fases galgadas no meu progredir da vida. Sendo assim, permito-me ser e agir sob as glórias dos Deuses e na liberdade de meu próprio juízo, obtidos através do legado moral familiar, da cultura e das consultas às filosofias surgidas ao longo da história.
 
Com toda a inspiração pagã, ilustro este post. Aqui vemos Eliza Morbi, mãe de Vivi Morbi na pele da imortal (mas humana) Sibila. Acompanhamos a lindíssima Eliza/Sibilia na travessia da cratera do Vesúvio, levada por Caronte em seu barco. Essa passagem - como descrito por Virgílio - foi onde Enéas ofereceu sacrifícios às divindades infernais. Sibila padece de sua maldição de ser tão longeva em dias de vida, como na quantidade de grãos em um punhado de areia - que porém, não decorre para a juventude eterna, mas sim em um terrível envelhecimento.
Finalizado. Foi bom ter voltado com as cores.
Desenho Eliza a poupando de tal agonia, oferecendo-a apenas a beleza e o glamour de Sibila, juntamente às peculiaridades sombrias já conhecidas sobre a família Morbi. A Sibila mitológica tem, como ofício etéreo, descrever o destino de todos em folhas caídas de uma árvore. Tornando-se assim, a senhora do destino, da existência e dos nomes de nascimento da humanidade. Nossas histórias de vida são frases encantadas lançadas pelo Tempo, como um livro escrito ao acaso e à efemeridade.