Homem Quieto

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    O leque se abre quando vamos partir à lineart de um desenho. No papel ou digitalmente - tanto faz -, está tudo à livre escolha, é só opt...

 
 

O leque se abre quando vamos partir à lineart de um desenho. No papel ou digitalmente - tanto faz -, está tudo à livre escolha, é só optar por como será a finalização. Antes, isso já fora chamado de arte final: a etapa do processo quando os últimos retoques são empregados. Pensa-se muito em aplicação de tinta na arte final... entretanto, muitos aspectos compõem esse momento. Hachuras, linhas e sombreados darão o aspecto ao desenho quando ele será abandonado definitivamente. Muitos têm medo quando situados aqui. Temem "estragar" o que começou. O que se trata de uma bobagem. Os métodos digitais eliminam esses temores, sendo possível voltar para antes do ponto em que errou, ou mesmo, eliminar as falhas sem vestígios. Quando no tradicional, até ser exímio na Arte, erra-se muito mesmo. Fazer o quê? Uma mesa de luz, ou tinta branca resolvem.
 
Observando os desenhos de nossos exitosos artista prediletos, podemos escolher nossas preferências. Quando se quer exibir um estilo semelhante, a cópia trata de ser uma prática bastante útil... Incluso na arte final. É uma maneira excelente de se desenvolver e entender o desenho em muitos sentidos. Copiar, para mim, foi um grande problema, pois eu acreditava que assim não cresceria como artista. Ter evitado a cópia direta no desenho me levou a dois caminhos: desenvolver minhas estilizações e recorrer a referências fotográficas. A fotografia se torna uma aliada nos trabalhos autorais quando existir a disposição de se acrescentar a imaginação ao que se está observando.
 
E as estilizações foram surgindo com a repetição e a necessidade de identificar - segundo o meu ponto de vista - cada elemento retratado. Exemplificando: tecidos, cabelos, traços de rostos e etc, são bem reconhecíveis no que faço. Mesmo não sendo 100% eficientes, as estilizações me permitem segurança para explorar. Meus cenários, luz e sombra, bem como as figuras humanas são padronizados, colocando-me muito à vontade para desempenhar quaisquer execuções. Zona de conforto? Sim... Eu gosto muito da "zona de conforto", e já falei sobre ela aqui anteriormente. Com muita honra, tenho meus progressos, expandindo habilidades dentro de meu território, tendo toda a satisfação que isso proporciona.

Algo, que gosto, e jamais abandonarei é a lineart mais encorpada. Linhas feitas com pontas de pincel (ou brushs digitais) com espessuras maiores dão formas agradáveis ao estilo e funcionam bem ao que me proponho a fazer. É muito legal aplicar o traço com variações, iniciando de leve, encorpando e voltando à leveza. Para os detalhes, costumo também usar canetas técnicas 0.5 no papel e o brush 0.10 nos softwares. Acho satisfatório essa troca de materiais para aplicações específicas, pois parece ser mais profissional. A arte final para mim é isso: deixar no papel a impressão que tive em minha mente para aquele desenho. Acho essa parte muito divertida!

  Todas as expressões artísticas são consanguíneas e, em via de regra, permeiam umas às outras em variados aspectos. Elas têm em comum a con...

 

Todas as expressões artísticas são consanguíneas e, em via de regra, permeiam umas às outras em variados aspectos. Elas têm em comum a condução de um pensamento ou sentimento, sendo deste modo, veículos para as intenções e ideias humanas. Peças Artísticas são recados em busca da uma outra parte a ser tocada e com a qual haverá identificação. Cada obra é uma mensagem lapidada por meio de símbolos, signos e técnicas encarregadas de trazer à tona significados e emoções advindos de suas uniões. Um produto artístico é, acima de tudo, impossível de existir isoladamente, sendo ele o fruto de um tempo, de uma cultura e etc. Usando do pensamento crítico e da informação, identificamos os motivos e a filosofia sob os quais se abriga a forma e conteúdo do que nos propormos a entender dentro dessa seara.
 
Não somente de desenho, pintura, gravuras, design e congêneres se alimenta a Arte figurativa. As origens de uma vivência farão o artista criar segundo os pensamentos, transportando-os ao suporte físico, ou virtual. É comum, a inteligência humana interligar impressões de seus cinco sentidos, codificando-os e os concentrando em suas expressões. Deste modo, ao adentrarmos nesse campo tão complexo da comunicação de nossa espécie, é proveitoso estarmos abertos e atentos! Já o desenhar pode ser o resultado de uma infinidades de influências, com aspectos íntimos do artista e de onde e quando está situado. Assim, norteado pelos seus julgamentos morais, estéticos, bem como suas convicções, ele extrai de si a sua suma essência.

Minha vida com o desenho é bastante emocional. Um amálgama de repertório, experiências pessoais e as práticas regulares. As fixações que sustento falam por mim: as músicas que escuto e a força dos artistas visuais com os quais me identifico (consulte o meu Influence Map), também algumas obras do Cinema e até mesmo lembranças infantis, como os joguinhos de ZX Spectrum moldam e se relacionam com meus resultados. Quem sabe por eu ter tido acesso a tudo isso no riscar da formação de minha personalidade, esses elementos foram cruciais para me tornar Artista e ter feito cada uma das escolhas decorrentes. Como dito, toda Arte coloca fagulhas em nossas cabeças, já os sentimentos, ficam muito mais por conta das técnicas e motivos presentes nas produções.
 
Vejo o desenho e a pintura como algo muito particular e também de muito poder. As imagens causam fascínio a observadores com as percepções abertas a elas. As representações gráficas aguçam alguns, levando-os a ter um impacto inicial muito interessante de se observar. As formas e figuras talvez sejam as que mais mexem com o inconsciente, pois lembre-se: as pinturas rupestres nas cavernas... elas vieram antes de todas as Artes!

Inicio esse post pinçando um fragmento de minha newsletter de outros tempos: a "Consciência Transmitente", uma parte de minha hist...

Inicio esse post pinçando um fragmento de minha newsletter de outros tempos: a "Consciência Transmitente", uma parte de minha história na internet que deixei pelo caminho:

Tecnologias ultrapassadas são peças belas e cheias de atrativos. Veja um toca-discos, uma caixa de som acústica, um videogame de cartucho, um pincel... Uma câmera de 12 MP. Gosto do display e do som de meu MP4, coleciono e saboreio os CDs em meu CD player ligado a um amplificador. Assisto DVDs, uso relógio de pulso com ponteiros... Desenho em uma mesa reclinável com papel e nanquim.

Sem grilo algum, sinto comigo pequenos milagres com os rituais que envolvem esses dispositivos e materiais obsoletos. A "atenção exclusiva" me traz experiências mais completas, juntamente ao tempo reservado só para mim.

A News se foi, porém o estado de espírito descrito nela permanece intacto, circulando no vácuo entre minhas orelhas, em pequenas sinapses naquilo que costumo chamar de alma. Junto a ela, a lembrança longínqua de uma ex-amiga daquela época: uma gótica, meio maluquete, a qual me chamou de "desenhista frustrado" e outras coisas dispensáveis para o presente. Isso após termos uma longa relação passiva/agressiva em que ambos desejávamos não termos jamais nos conhecido. Pouco depois cortamos contatos, cessando assim o mal que fazíamos um ao outro - embora todas aquelas mágoas ainda perdurem. Por fim, o "desenhista frustrado" ecoou tanto que ainda o vejo quando olho para trás, até mesmo agora, anos depois.
 
Ignorando se ela estava com razão ou não, meu feed no instagram provavelmente revela o quanto daquilo ficou em mim. Embora, muito embora, hoje eu seja um outro homem e bem mais tranquilo com esses e outros problemas de "frustrações". Mas o que não nos destrói, nos fortalece. Certo? Não acredito... o destrutivo pode até levar alguém a buscar novos horizontes, ou traçar seus objetivos por outros vieses, no entanto, uma peça de cristal trincada, já era... não será a mesma. Mas vou comentar as palavras retiradas da "Consciência Transmitente", para não fazer o leitor pensar que estou com dificuldades de superar algo, ou alguém.

Esse discurso sobre as coisas antigas estava em uma edição chamada "Anacronia Deliberativa": uma tática para manter a mente sob um certo encanto na vida moderna e, ainda por cima, fazer a rotina ter contornos juvenis. Ao menos, um pouco parecido ao que fora a minha juventude. Configurava o que penso a respeito de agradar o espírito juvenil aqui dentro, sem transparecer excentricidade e infantilização em demasia... Uma tentativa dentre tantas. Os rituais ultrapassados ainda são a "minha", e a Arte é uma das prioridades, estando eu "frustrado" ou não. Recentemente, percebi que quando digo que "menos é mais" em algum lugar, estou entendendo que o meu esmero é encolher. E ao perceber o quanto isso me alivia muitas dores, traz tranquilidade e facilita as pazes com o passado, sinto-me gradualmente mais vividamente próximo às minhas antigas alegrias. 

Embalado por tais costumes e relembrando minhas News, tomei a resolução de criar uma conta no Flickr. Após me despedir do DeviantART, percebi a necessidade de ter uma galeria de arte online onde eu pudesse expor minhas produções, mas de forma diferente de um instagram, por exemplo. Eu quero um local melhor, para ser acessado pelo visitante via desktop ou laptop. Como eu já fizera antigamente... empilhar minhas coisas e as tornar acessíveis aos curiosos sem burocracias. Tudo isso, mesmo sabendo dos poucos usuários existentes no Flickr na atualidade e do reconhecimento menor ainda alcançado por lá. Mas não me importo, pois quero simplesmente um museu das minhas artes, assim como tenho esse blog para minhas palavras. Será uma versão visual de meu blog.

  Ao atingirmos o equinócio de primavera, no domingo, dia 22 de setembro, cruzamos o grande portal da idílica cidade de Urussanga. Próxima a...

 Ao atingirmos o equinócio de primavera, no domingo, dia 22 de setembro, cruzamos o grande portal da idílica cidade de Urussanga. Próxima a Criciúma, essa terra de boa gente é um conhecido cartão postal sul-catarinense, onde encontramos muitos de nossos hospitaleiros colonizadores do Mediterrâneo: o povo italiano.
 
Urussanga sempre foi procurada por oferecer uma variada gastronomia típica, por suas vinícolas e outros nichos do turismo. Porém, não foram esses os motivos que nos levaram até lá naquela manhã. Sob um céu ensolarado e um leve calor, estávamos buscando a escola Barão do Rio Branco, onde se realizou o primeiro WowVerso, agora atualizando o nosso calendário regional de cultura pop.

O WowVerso touxe atrações do mundo geek e, com uma comunicação cativante junto ao público, chegou a ter todos os ingressos esgotados em pouco tempo após iniciarem as divulgações. Jovens, de idades variadas, da localidade e dos arredores, prestigiaram a edição inaugural do evento.
 
E foi correspondendo ao esperado que houve uma gama de oportunidades a negócios, artistas da seara geek/nerd e produtos dos mesmos seguimentos. Então que estive dentre eles. Da abertura dos portões, quando iniciaram as atividades, até o momento de me despedir, minha mesa foi bastante movimentada. E com a gratificante venda elevada de prints e HQs. Fui lisonjeado com a constante curiosidade do público e a oportunidade de trocar ideias realmente proveitosas, em um clima amistoso no qual me senti muito bem recebido.

Acompanhei, mais ou menos, a agenda do evento: performances de danças, concurso de cosplays, apresentações - e outros atrativos -, fizeram a diversão do espaço ao longo do dia. O clima e ambiente acolhedores, assim como os aromas dos fastfoods e a música incessante, deram o tom de festa e celebração ante aos presentes. Costumo ver, nesses tipos encontros, um rompimento com a realidade da qual estamos habituados, havendo a imersão em uma atmosfera quase utópica. 
 
Saí de lá com uma grande leveza. Assim foi o WowVerso, um registro em meu diário como uma das experiências mais positivas desde que iniciei minhas trilhas nesse mundo de culto às produções Pop, entretenimento jovem e tudo mais contido em territórios similares e tão bem povoados.