Homem Quieto

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  Todas as expressões artísticas são consanguíneas e, em via de regra, permeiam umas às outras em variados aspectos. Elas têm em comum a con...

 

Todas as expressões artísticas são consanguíneas e, em via de regra, permeiam umas às outras em variados aspectos. Elas têm em comum a condução de um pensamento ou sentimento, sendo deste modo, veículos para as intenções e ideias humanas. Peças Artísticas são recados em busca da uma outra parte a ser tocada e com a qual haverá identificação. Cada obra é uma mensagem lapidada por meio de símbolos, signos e técnicas encarregadas de trazer à tona significados e emoções advindos de suas uniões. Um produto artístico é, acima de tudo, impossível de existir isoladamente, sendo ele o fruto de um tempo, de uma cultura e etc. Usando do pensamento crítico e da informação, identificamos os motivos e a filosofia sob os quais se abriga a forma e conteúdo do que nos propormos a entender dentro dessa seara.
 
Não somente de desenho, pintura, gravuras, design e congêneres se alimenta a Arte figurativa. As origens de uma vivência farão o artista criar segundo os pensamentos, transportando-os ao suporte físico, ou virtual. É comum, a inteligência humana interligar impressões de seus cinco sentidos, codificando-os e os concentrando em suas expressões. Deste modo, ao adentrarmos nesse campo tão complexo da comunicação de nossa espécie, é proveitoso estarmos abertos e atentos! Já o desenhar pode ser o resultado de uma infinidades de influências, com aspectos íntimos do artista e de onde e quando está situado. Assim, norteado pelos seus julgamentos morais, estéticos, bem como suas convicções, ele extrai de si a sua suma essência.

Minha vida com o desenho é bastante emocional. Um amálgama de repertório, experiências pessoais e as práticas regulares. As fixações que sustento falam por mim: as músicas que escuto e a força dos artistas visuais com os quais me identifico (consulte o meu Influence Map), também algumas obras do Cinema e até mesmo lembranças infantis, como os joguinhos de ZX Spectrum moldam e se relacionam com meus resultados. Quem sabe por eu ter tido acesso a tudo isso no riscar da formação de minha personalidade, esses elementos foram cruciais para me tornar Artista e ter feito cada uma das escolhas decorrentes. Como dito, toda Arte coloca fagulhas em nossas cabeças, já os sentimentos, ficam muito mais por conta das técnicas e motivos presentes nas produções.
 
Vejo o desenho e a pintura como algo muito particular e também de muito poder. As imagens causam fascínio a observadores com as percepções abertas a elas. As representações gráficas aguçam alguns, levando-os a ter um impacto inicial muito interessante de se observar. As formas e figuras talvez sejam as que mais mexem com o inconsciente, pois lembre-se: as pinturas rupestres nas cavernas... elas vieram antes de todas as Artes!

Inicio esse post pinçando um fragmento de minha newsletter de outros tempos: a "Consciência Transmitente", uma parte de minha hist...

Inicio esse post pinçando um fragmento de minha newsletter de outros tempos: a "Consciência Transmitente", uma parte de minha história na internet que deixei pelo caminho:

Tecnologias ultrapassadas são peças belas e cheias de atrativos. Veja um toca-discos, uma caixa de som acústica, um videogame de cartucho, um pincel... Uma câmera de 12 MP. Gosto do display e do som de meu MP4, coleciono e saboreio os CDs em meu CD player ligado a um amplificador. Assisto DVDs, uso relógio de pulso com ponteiros... Desenho em uma mesa reclinável com papel e nanquim.

Sem grilo algum, sinto comigo pequenos milagres com os rituais que envolvem esses dispositivos e materiais obsoletos. A "atenção exclusiva" me traz experiências mais completas, juntamente ao tempo reservado só para mim.

A News se foi, porém o estado de espírito descrito nela permanece intacto, circulando no vácuo entre minhas orelhas, em pequenas sinapses naquilo que costumo chamar de alma. Junto a ela, a lembrança longínqua de uma ex-amiga daquela época: uma gótica, meio maluquete, a qual me chamou de "desenhista frustrado" e outras coisas dispensáveis para o presente. Isso após termos uma longa relação passiva/agressiva em que ambos desejávamos não termos jamais nos conhecido. Pouco depois cortamos contatos, cessando assim o mal que fazíamos um ao outro - embora todas aquelas mágoas ainda perdurem. Por fim, o "desenhista frustrado" ecoou tanto que ainda o vejo quando olho para trás, até mesmo agora, anos depois.
 
Ignorando se ela estava com razão ou não, meu feed no instagram provavelmente revela o quanto daquilo ficou em mim. Embora, muito embora, hoje eu seja um outro homem e bem mais tranquilo com esses e outros problemas de "frustrações". Mas o que não nos destrói, nos fortalece. Certo? Não acredito... o destrutivo pode até levar alguém a buscar novos horizontes, ou traçar seus objetivos por outros vieses, no entanto, uma peça de cristal trincada, já era... não será a mesma. Mas vou comentar as palavras retiradas da "Consciência Transmitente", para não fazer o leitor pensar que estou com dificuldades de superar algo, ou alguém.

Esse discurso sobre as coisas antigas estava em uma edição chamada "Anacronia Deliberativa": uma tática para manter a mente sob um certo encanto na vida moderna e, ainda por cima, fazer a rotina ter contornos juvenis. Ao menos, um pouco parecido ao que fora a minha juventude. Configurava o que penso a respeito de agradar o espírito juvenil aqui dentro, sem transparecer excentricidade e infantilização em demasia... Uma tentativa dentre tantas. Os rituais ultrapassados ainda são a "minha", e a Arte é uma das prioridades, estando eu "frustrado" ou não. Recentemente, percebi que quando digo que "menos é mais" em algum lugar, estou entendendo que o meu esmero é encolher. E ao perceber o quanto isso me alivia muitas dores, traz tranquilidade e facilita as pazes com o passado, sinto-me gradualmente mais vividamente próximo às minhas antigas alegrias. 

Embalado por tais costumes e relembrando minhas News, tomei a resolução de criar uma conta no Flickr. Após me despedir do DeviantART, percebi a necessidade de ter uma galeria de arte online onde eu pudesse expor minhas produções, mas de forma diferente de um instagram, por exemplo. Eu quero um local melhor, para ser acessado pelo visitante via desktop ou laptop. Como eu já fizera antigamente... empilhar minhas coisas e as tornar acessíveis aos curiosos sem burocracias. Tudo isso, mesmo sabendo dos poucos usuários existentes no Flickr na atualidade e do reconhecimento menor ainda alcançado por lá. Mas não me importo, pois quero simplesmente um museu das minhas artes, assim como tenho esse blog para minhas palavras. Será uma versão visual de meu blog.

  Ao atingirmos o equinócio de primavera, no domingo, dia 22 de setembro, cruzamos o grande portal da idílica cidade de Urussanga. Próxima a...

 Ao atingirmos o equinócio de primavera, no domingo, dia 22 de setembro, cruzamos o grande portal da idílica cidade de Urussanga. Próxima a Criciúma, essa terra de boa gente é um conhecido cartão postal sul-catarinense, onde encontramos muitos de nossos hospitaleiros colonizadores do Mediterrâneo: o povo italiano.
 
Urussanga sempre foi procurada por oferecer uma variada gastronomia típica, por suas vinícolas e outros nichos do turismo. Porém, não foram esses os motivos que nos levaram até lá naquela manhã. Sob um céu ensolarado e um leve calor, estávamos buscando a escola Barão do Rio Branco, onde se realizou o primeiro WowVerso, agora atualizando o nosso calendário regional de cultura pop.

O WowVerso touxe atrações do mundo geek e, com uma comunicação cativante junto ao público, chegou a ter todos os ingressos esgotados em pouco tempo após iniciarem as divulgações. Jovens, de idades variadas, da localidade e dos arredores, prestigiaram a edição inaugural do evento.
 
E foi correspondendo ao esperado que houve uma gama de oportunidades a negócios, artistas da seara geek/nerd e produtos dos mesmos seguimentos. Então que estive dentre eles. Da abertura dos portões, quando iniciaram as atividades, até o momento de me despedir, minha mesa foi bastante movimentada. E com a gratificante venda elevada de prints e HQs. Fui lisonjeado com a constante curiosidade do público e a oportunidade de trocar ideias realmente proveitosas, em um clima amistoso no qual me senti muito bem recebido.

Acompanhei, mais ou menos, a agenda do evento: performances de danças, concurso de cosplays, apresentações - e outros atrativos -, fizeram a diversão do espaço ao longo do dia. O clima e ambiente acolhedores, assim como os aromas dos fastfoods e a música incessante, deram o tom de festa e celebração ante aos presentes. Costumo ver, nesses tipos encontros, um rompimento com a realidade da qual estamos habituados, havendo a imersão em uma atmosfera quase utópica. 
 
Saí de lá com uma grande leveza. Assim foi o WowVerso, um registro em meu diário como uma das experiências mais positivas desde que iniciei minhas trilhas nesse mundo de culto às produções Pop, entretenimento jovem e tudo mais contido em territórios similares e tão bem povoados.

  Recém-chegado e em um momento de descoberta, tenho me entusiasmado bastante com a plataforma Fliptru . Enxergo, nessa comunidade, uma real...

 Recém-chegado e em um momento de descoberta, tenho me entusiasmado bastante com a plataforma Fliptru. Enxergo, nessa comunidade, uma real revolução para o quadrinho nacional. De tal forma que, no post de minha participação do fanzine Sonoridades Múltiplas, fiz uma pequena lauda emocionada sobre o que encontrei nesse mundo se abrindo diante de nós, brasileiros da Nona Arte. O Fliptru é um site 100% nacional, estruturado para possibilitar leituras e publicações de HQs livremente, mesmo sem envolvimentos monetários. Com a ideia de divulgação e o fomento ao consumo de quadrinhos brasileiros, essa proposta se mantém firme ao lado de quem realmente gosta dessa mídia no território nacional. O site se mantém através de monetizações por meio de anúncios (como os que já conhecemos na internet), e de obras patrocinadas com as compras de “moedas”, o método pelo qual operam as transações internamente.
 
Uma iniciativa extremamente visionária, em um cenário onde predominam sites estrangeiros com menor acessibilidade aos nossos leitores/artistas. Esses sites para publicações HQs já existem há tempos, mas com algumas barreiras, indo dos idiomas ao soterramento por profissionais internacionalmente consolidados e suas obras dominantes por aqueles lados. Já as oportunidades do Fliptru são ilimitadas e capazes de unir leitores à autores coletivamente, propagando o frescor de uma nova Era da internet. Como dito pelo próprio Marcus Beck, mantenedor solo do site Fliptru, a sua criação vem se transformando em uma nova espécie de “banca de jornal”, onde o leitor entra, olha, folheia e leva o que quiser! Com esse espírito inovador e extremamente corajoso, Beck vem favorecendo uma enxurrada de obras brasileiras, através do meio digital.
 
No Fliptru, estão desde os quadrinhos com maiores visualizações, aos que ainda precisam ser desvendados. E tudo dispensando algoritmos e regras com os quais todos acabaram se rendendo sob os ditames das redes sociais. Prova disso, é que temos na página inicial, sugestões completamente aleatórias aos visitantes em um espaço chamado “Já leu esses?”, dando chances a quem aparece um pouco menos nas pesquisas. Centenas de frequentadores, ao longo de mais de cinco anos, transformaram o espaço em uma referência para brasileiros em busca de entretenimento outrora tido por “ultrapassado”. O impensável ser tornou verossímil: quadrinhos não são mais uma mídia morta ou destinada aos saudosistas acumuladores de papel. Estamos em um momento altamente atualizado e vigoroso à Arte Sequencial!
 
Motivos não me faltaram para escolher, em definitivo, o Fliptru para meus quadrinhos. Migrei os antigos, e neste momento, tenho publicado Vivi Morbi (minha HQ em andamento). E estou muito bem acompanhado por lá. Tenho feito novas amizades e conhecido obras sensacionais, com os mais diversificados temas. Algumas com qualidade de se admirar. Nosso campo já está sendo bem semeado, adubado e próximo dos dias em que teremos vastas colheitas de quadrinistas publicando, sendo lidos e, com a licença para sonhar: realmente vivendo de seu trabalho. Quem viver, verá!