Homem Quieto

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Sobrevivência, sobrepeso, sobremesa e é sobre isso. Estamos nos eventos finais do ano de 2025, e eu na atividade contínua na arte e na vida ...

Sobrevivência, sobrepeso, sobremesa e é sobre isso. Estamos nos eventos finais do ano de 2025, e eu na atividade contínua na arte e na vida real. Somando tudo, saldo positivo, a despeito do que há de desfavorável, nos resta o celebrável.
 
Um fato oculto das minhas aparições online é o de que tenho desenhado ainda mais. Mesmo não postando por aí, desenho todos os dias. Foram dois sketchbooks completos, iniciados em outubro. E outra: estou trabalhado em um projeto sobre o qual só poderei falar depois. Uma HQ... e pela primeira vez não é de minha autoria, sou coautor apenas como desenhista.
 
Ou seja, a plena produção ocorre em silêncio. Coisas acontecendo no offline e enfim... Contudo, o divertimento acontece, a vida passa ligeiramente e eu tento contemplar os detalhes. É como apreciar todos os desenhos de uma HQ, habitualmente ignorados em uma leitura rápida. As ilustrações da vida são bem elaboradas, porém observadas por segundos - procuro as ver no mundo que me cerca e no cotidiano também.


Vamos ao balancete de de 2025!!
 
01/03/2025 - Publico meus contos online. [link]
 
08/03/2025 - Eu no Tchê Zine em 2025. [link]
 
25/06/2025 - SuperXP 2025. [link]
 
05/07/2025 - Nova fase de postagens no blog. [link]
 
08/08/2025 - Publicado o volume IV de Vivi Morbi - Alomorfia. [link]
 
18/08/2025 - Entra no ar meu novo website com ares de anos 90. [link]

 

Boas festas! Desenho a todos muitas bênçãos!! 

Fiquei sabendo da existência de William Blake através do livro "O Dragão Vermelho" de William Thomas Harris. O enredo dá segmento ...


Fiquei sabendo da existência de William Blake através do livro "O Dragão Vermelho" de William Thomas Harris. O enredo dá segmento à história de "O Silêncio dos Inocentes", obra mais conhecida pela adaptação cinematográfica. Eu aos 15 anos. Embora tão jovem, recém saído da puberdade, isso não me impediu de apreciar profundamente a leitura. Foram muitos picos de euforia e entusiasmo percorrendo aquelas páginas.
 
Quem leu O Dragão Vermelho sabe o papel de Blake dentro da trama. A sua "participação" é um dos elementos principais. E também, quem sabe em linhas gerais do tratado em O Silêncio dos Inocentes, será capaz de pressupor quais as circunstâncias. A curiosidade por conhecer Blake, como poeta e artista visual, perdurou por décadas. Era muito difícil encontrar publicações dele por aí. Quando havia, era inviável a um jovem desempregado obter.

O esboço digital foi executado com brush de pencil.

Em 2005 pude (cheio de alegria) comprar online, "Canções da Inocência e Canções da Experiência" - edição comentada pela Disal Editora. Um presente auto congratulado para o natal daquele ano. Encontrei no volume o singelo e o sutil. Muito diferente de minhas expectativas como leitor. O impacto entre minhas referência sobre a obra, e suas menções na cultura pop, teve uma reação contrária ao esperado.

Artefinalizando digitalmente. Foram algumas horas.


Porém, após reler algumas vezes, percebi gradualmente impressões vigorosas. Junto aos comentários da edição, encontrei-me com Blake de verdade. Entendi as suas jogadas misteriosas com as palavras. Cada mecanismo para conduzir a leitura. Principalmente porque o livro mantém os escritos originais em inglês, amplificando a experiência poderosamente. Tanto, que hoje resolvi ilustrar a segunda estrofe do poema "Noite", em Canções da Inocência. Segue a transcrição:
 
Night

Farewell, green fields and happy groves,
Where flocks have took delight.
Where lambs have nibbled silent moves
The feet of angels bright;
Unseen they pour blessing
And joy without ceasing,
On each bud and blossom,
And each sleeping bosom.

Resultado final. Cores e sombras.

Acontece uma autoanálise nesse trecho. Tenho percepções visuais. E coloquei no papel (dessa vez no suporte digital) as imagens segundo o experienciado. Não sei se haveria aprovação do autor, mas é o jeito de me expressar. Seria uma ambição verdadeiramente pretensiosa alcançar as visões de Blake como ele realmente tinha em sua rica imaginação. Mesmo assim, arrisco-me. Por gosto, por liberdade e prazer puro.
 
Quero finalizar com um pensamento anotado aqui num canto da mesa. O ser humano costuma julgar, trazer críticas mordazes aos demais. Eu e você fazemos isso, ainda repreendendo tais pensamentos. O homem precisa afirmar o seu lugar e poder, precisa de uma posição na vida através da qual tenha segurança, mesmo errando. Muitos recorrem à palavra "hipocrisia" à prática referida. Isso também é um julgamento. O homem é contraditório. E não estou defendendo nada nem ninguém, sou muito problemático com relações sociais. Ser contraditório, é humano...

A revista Heavy Metal estreou em 1977, na França e posteriormente surgiu o licenciamento para publicação nos EUA, chegando ao Brasil em 1995...

A revista Heavy Metal estreou em 1977, na França e posteriormente surgiu o licenciamento para publicação nos EUA, chegando ao Brasil em 1995. Estive com algumas edições nacionais em mãos, adquiridas nos sebos da cidade. Simon Bisley, Milo Manara, Moebius dentre outros grandes nomes fizeram parte da galeria da Heavy Metal. Era uma revista de alto nível. As temáticas da época se caso estivessem sendo veiculadas hoje, talvez gerariam boicotes e críticas por parte de pessoas sensíveis na internet. Compreensível, passaram-se décadas. Não acompanhei como se manteve a linha editorial após os anos 90... 
Algumas escolhas foram abandonadas da fase do esboço.

O nome "Heavy Metal" já diz um pouco de seu conteúdo. Fantasia, horror e sci-fi, dentre violência, comportamentos perigosos e erotismos. As capas traziam imagens fortes e impactantes. Neste post, tento colocar a minha personagem Vivi Morbi em uma situação semelhante àqueles temas... está feito, ao meu modo, satisfatoriamente. Ainda sobre a revista, ela foi derivativa do movimento musical do seu momento. A ousadia e a rebelião estavam em alta dentre os jovens. Transgredir era obter uma boa reputação entre as tribos urbanas e nas noites. O Heavy Metal trazia o poder da desobediência e no desafio à moral: uma forma de pôr abaixo qualquer agente repressor.

Já como gênero musical, há quem pense no Heavy Metal como um estilo capaz de pôr em jogo o bem-estar de pessoas com problemas psiquiátricos. Isso devido à sua sonoridade e as suas letras... tudo levado ao extremo, ao desequilíbrio. Para mim, o oposto. O Heavy Metal (e seus subgêneros) me faz bem. O Metal Extremo e sua estética me causam familiaridade, identificação e prazer. Escolho muito bem minhas audições e se eu sentisse qualquer problemática, pararia imediatamente. Só tenho muita empolgação e deleitosas apreciações.

Me dei muito bem com esse sketchbook. 

As drogas, como um todo, estão no lado de fora de minha vida. Tenho aversão, à exceção de meus remédios para a saúde mental. O carinho da família e os cuidados de meu médico provém meus melhores dias. Mesmo com a vida ligada ao Heavy Metal e ao Rock, nos quais as atitudes e lemas são ousados... Sou pura calmaria. Dispenso excessos, ficando apenas com a música.

Opto apenas por ser correto. Ser justo. Honesto. A tranquilidade da vida pacata tem importância preferencial à qualquer outro ímpeto. Encontro a aventura nas criações artísticas. Não quero agito, não quero muito falatório, nem badalação. O encontro comigo mesmo basta. Tenho o afeto familiar, dos amigos e do Tander, meu animal de estimação. A adoração à autoestima e à arte nutrem meu ser como uma força vital externa e interna. Sou confiante assim. Embora frágil, também tenho uma fortaleza dentro de mim.

Na finalização, muitos improvisos.
Para não fazer minha imagem como a de um "santo", revelo já ter sido fumante e ter usado muito álcool… hoje os vejo como hábitos questionáveis e incompatíveis comigo. Porém, tenho o café... Aos sábados à tarde, costumo tomar café ir até minha prancheta para sessões de desenho. Antes do desenho, sempre o café. Para mim, uma bebida sagrada e saborosa. Por tê-lo deste modo, não faço abuso do café. O seu efeito e sabor são para momentos especiais, para a fagulha da criatividade e o relaxamento... às vezes, para uma boa conversa.

  Todos os ritos e crenças à periferia das religiões dominantes, no ocidente, são considerados paganismo. Qualquer fé politeísta também é as...

 

Todos os ritos e crenças à periferia das religiões dominantes, no ocidente, são considerados paganismo. Qualquer fé politeísta também é assim tida. As tradições do Norte Europeu, anteriores à ascensão do cristianismo, cultivavam práticas comunitárias, adorações às divindades da natureza e aos atos heroicos inspirados em seus Deuses. Na contemporaneidade temos organizações de crenças nomeadas como "Neopagãs", resgatando os laços trazidos da antiguidade.
 
Esboço solto. Tenho usado o lápis e não lapiseiras.
O Paganismo enaltece a vida simples e as tradições e cultos ancestrais. Assim como nos povos originários brasileiros, e demais sul americanos, antes da chegada dos colonizadores contaminados pelo catecismo Apostólico Romano. No Antigo Egito, a primeira grande civilização de milênios antes do marco cristão, a cultura e a arte estavam interligadas à religiosidade politeísta - exemplo que se repete nos demais povos africanos. Similaridades possíveis de se encontrar nas tradições Xintoístas da Ásia, onde também se destaca o Budismo. 
 
Do Xintoísmo, distingue-se semelhanças à filosofia de Espinoza, na qual a espiritualidade interliga tudo como parte de um só ser: a Natureza. Visão que ilumina meus pensamentos místicos e convicções metafísicas. Encontro, na contemplação de um Universo miraculoso, a crença no panteão das mais belas leis regendo a realidade - poderes imensuráveis, nos quais me identifico e me diluo.
 
As folhas do novo sketchbook têm se mostrado ideais para pintura com aquarela.
Jamais tive proselitismos em minha formação de caráter, o que considero uma bênção. Os ritos segundo os evangelhos, seguidos aqui no Brasil, não fizeram parte das fases galgadas no meu progredir da vida. Sendo assim, permito-me ser e agir sob as glórias dos Deuses e na liberdade de meu próprio juízo, obtidos através do legado moral familiar, da cultura e das consultas às filosofias surgidas ao longo da história.
 
Com toda a inspiração pagã, ilustro este post. Aqui vemos Eliza Morbi, mãe de Vivi Morbi na pele da imortal (mas humana) Sibila. Acompanhamos a lindíssima Eliza/Sibilia na travessia da cratera do Vesúvio, levada por Caronte em seu barco. Essa passagem - como descrito por Virgílio - foi onde Enéas ofereceu sacrifícios às divindades infernais. Sibila padece de sua maldição de ser tão longeva em dias de vida, como na quantidade de grãos em um punhado de areia - que porém, não decorre para a juventude eterna, mas sim em um terrível envelhecimento.
Finalizado. Foi bom ter voltado com as cores.
Desenho Eliza a poupando de tal agonia, oferecendo-a apenas a beleza e o glamour de Sibila, juntamente às peculiaridades sombrias já conhecidas sobre a família Morbi. A Sibila mitológica tem, como ofício etéreo, descrever o destino de todos em folhas caídas de uma árvore. Tornando-se assim, a senhora do destino, da existência e dos nomes de nascimento da humanidade. Nossas histórias de vida são frases encantadas lançadas pelo Tempo, como um livro escrito ao acaso e à efemeridade.