Minhas decisões de mudanças muito bruscas sempre se mostraram ser as piores e nunca me levaram muito longe. Escolher uma segunda-feira para me tornar um atleta, iniciar uma dieta ou mesmo aplicar-me a um novo estudo, sempre lançou-me ao fracasso. A experiência me mostrou do equivoco que é pensar na disciplina como algo com data e hora marcadas para acontecer.
O avanço gradual de um plano ou projeto ganha estruturas bem mais firmes quando acontece em etapas e é cultivado com o tempo de maturação necessário para se manter. Antes de me pôr em uma prática, tenho a ideia, avaliado-a se é melhor - ou tão atraente - quanto a realidade que vivo, para então, persegui-la e vivê-la segundo a vontade e a profundidade desejada.
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Versão Mangá da Lucy e um estudo de personagem. |
E, nesse momento, uma nova prática tem se manifestado em meu interesse de maneira intensa. Penso que, como quadrinista, posso me expressar em outros estilos além dos que estou habituado e é possível cruzar os limites da zona de conforto.
Minha atenção está voltada aos Mangás: as Histórias em Quadrinhos Japonesas.
Folheando algumas publicações de meu acervo e garimpando o Pinterest, passei a uma observação aprofundada à riqueza do estilo, aos seus diferente recursos narrativos e à sua estética. Não é uma novidade, não estou desvendando o mangá como nunca o conhecesse. Estou tomando sua execução como uma possibilidade de dela me valer de alguma forma.
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Diretamente de meu sketchbook |
Esse encantamento veio com força. Nos aspectos pictóricos causa-me sensações parecidas com as que tenho - tal dito em outro post - com o gibi da Tina dos estúdios do Maurício de Sousa. Sobretudo os mangás oitentistas em todas as suas maravilhosas maluquices, com seu simplismo e poder de envolvimento. Nos aspectos narrativos, sou atraído aos personagens inusitados e tão genuínos, às histórias que extrapolam e que colocam por terra quaisquer limites imaginativos, indo além das fórmulas ocidentais já recorrentes.
Estudo formas de conciliar o que venho fazendo com a progressiva caminhada ao Mangá e isso pode não demorar. É uma resolução bastante firme e garanto, até o fim deste ano, desenvolver um trabalho com esse norte. Já tenho meus autores de referência, e um roteiro estruturado no método Snowflake. E está uma tetéia!
Nadando contra a correnteza? Talvez. Mudanças ocorrem e em muitos casos são perfeitamente inevitáveis!