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A direção para a qual um traço progride sempre parte das referências do artista. Ele persegue o que mais o atrai. Comigo não é diferente. N...

03/09/2019 - Mapa de influências

 
A direção para a qual um traço progride sempre parte das referências do artista. Ele persegue o que mais o atrai. Comigo não é diferente. No momento que encaro minhas próprias produções, vejo que, embora unido às minhas maneiras, há vestígios de muito do que tenho por inspirador.
 
Por esse motivo, acabei revendo meu Influence Map, mapeando com mais cuidado minhas referências e o tornando bem mais enxuto que os anteriores. Seria inevitável fazer isso mais cedo ou mais tarde, pois não sou um poço de influências artísticas como já me imaginei - ao contrário disso, o simplismo fala muito mais por mim.
 
Nos retrovisores de minha vida artística vejo o quão os traços simples e limpos me traziam melhores sensações. Ainda que os desenhos sofisticados e ricos em recursos sensoriais me causassem admiração em um primeiro momento, sempre me senti mais atraído pelas formas simplificadas e de entendimento imediato. Foi assim quando - na adolescência - comecei a reunir referências e estudar o desenho. O que também se revelava em tudo que eu produzia: como em "8 Anos" - minha primeira HQ - e nas muitas folhas soltas de ilustrações, engavetadas uma após a outra, devido à insegurança e timidez de um iniciante.

Meu atual Influence Map não me deixa enganar ninguém: sou caído pela lineart de "Tina" de Maurício de Sousa - falando exclusivamente das publicações entre 1980 e a primeira metade da década de 90. A leveza e a limpeza dos traços de Tina trazem uma agradável sensação de espontaneidade e clareza. Com um evidente poder de síntese, é um traço muito bem resolvido, exemplificando o que considero ideal, autêntico e sem comparações. Abro mão fácil de escorços e posicionamentos de câmera ousados para por em seu lugar a sutileza do traço de Tina e sua linguagem gráfica peculiar.

Seguindo algumas semelhanças temos "Andrea, A Reporter" de Aluir Amâncio, a qual ainda que apresente maiores dinamismos se comparada à Tina, nem por isso deixa de exibir uma arte também bastante agradável e inspiradora. A seguir os quadrinhos eróticos de "Omaha, A Stripper", onde há a habilidade de se fazer mais com menos, com uma arte final belíssima e fluidez notável. Por último, a bela arte de Nausicaa, de Hayo Miyazaki, sobre o qual ainda devo me debruçar para absorver muito mais. Suas aquarelas me fazem querer tentar e dedicar algum tempo a esse recurso.
  
É impossível tentar ocultar de meu traço as artes pelas quais me sinto seduzido. Mas se eu simplesmente as decalcasse, sem sobrepô-las com alguma experiência a mais, tornaria-me um mero imitador. O que eu jamais gostaria ser.