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Qualquer um com conhecimento trivial sobre desenho pode fazer quadrinhos. Um traço rebuscado não é uma imposição essencial quando falamos...

Qualquer um com conhecimento trivial sobre desenho pode fazer quadrinhos. Um traço rebuscado não é uma imposição essencial quando falamos de narrativa gráfica. As histórias em quadrinhos resultam de inúmeros recursos que não só o de um traço impecável. Páginas detalhadas e com toda sorte de elementos sensoriais marcantes nem sempre são imprescindíveis, é possível ao artista encontrar por si os próprios métodos de expressão. Ainda assim, a Arte precisa alimentar-se de técnica, seja qual o estilo.
Livros de referência para desenhar figuras humanas.
Querer melhorar é bom. Estudar, observar e praticar nunca trouxe desvantagens a qualquer atividade artística, é parte da evolução de qualquer um com apreço pelas suas criações. Quem não está acomodado, busca a superação, assim como a ideia de se aperfeiçoar lhe é agradável. Pois ser melhor, ainda que exija esforços e abdicações, é uma inegável fonte de satisfação. Para o artista, isso se dá seguindo exemplos nos quais se espelha e que o levarão a encontrar a própria identidade.

Desenhar é estudo, uma evolução constante, que vem tanto com a prática quanto com o interesse sobre tudo o que essa atividade se relaciona. Estar disposto a ser permeado pela Arte requer disposição e atenção sempre ativas. E para isso, além de observar o que nos cerca, vale usar tudo o que dispomos a nosso favor.

Os livros de desenho são uma grande ajuda na hora de atualizar o traço. A consulta a eles, em intervalos de tempo regulares, reforça a intuição quando partimos para trabalhar em algo bem acabado. É sempre necessário recorrer às técnicas de desenho até torná-las espontâneas: como a anatomia, a perspectiva e os seus fundamentos básicos. Até chegarmos às extravagâncias maiores de um traço, o estudo tem valor imensurável, porque é dele que retiramos a "magia" de uma boa obra figurativa. Os livros são recomendáveis porque cada exemplo é acompanhado de textos de apoio, que conduzem a compreensão clara da lições, somando informações que reforçam o seu entendimento.
Art books. Uma divertida forma de buscar inspiração.
A outra maneira de estudar - e sem dúvidas a mais divertida - é folhear um art book. Esses albúns com obras de artistas profissionais, encantam e inspiram intensamente. Não me canso de os folhear, pensar a respeito do que estou vendo e absorver cada elemento das composições que mais me atraem, tentando entender como cada desenho chegou àquela conclusão. "Ler" um art book treina os olhos e estimula o pensar na arte por diferentes direções, considerando possibilidades das mais variadas. E, claro, após estar com uma dessas publicações em mãos, a vontade é a de ir até a prancheta para se divertir.

Eu não falei da internet porque ainda pretendo filtrar bons links de referências para um post futuro... Que possam ser legais de compartilhar. O assunto é longo, então, vamos devagar.

Ignorando o poder financeiro de um autor, assim como o seu networking e o público que já alcança, vamos supor que ele queira lançar um proj...

Ignorando o poder financeiro de um autor, assim como o seu networking e o público que já alcança, vamos supor que ele queira lançar um projeto independente no qual acredite. Fora dos meios de incentivo à cultura e dos patrocínios, publicar-se tem custos. Mas, caso a possibilidade possa ser considerada e é a vontade do autor, chegamos a um dos grandes momento de sua vida. Autopublicar-se no suporte impresso extrai algum suor e também lágrimas de quem for empreender. Porém, há como fazer com que os orçamentos sejam mais enxutos e o trabalho figure um aprendizado a se levar como bagagem para o resto da vida.

Como já fiz isso duas vezes, aprendi algo sobre o qual posso falar um pouco. Foram vitórias, mesmo tendo me lançado nessas aventuras aos trancos e barrancos. Para não exceder minhas finanças, decidi que faria eu mesmo o máximo possível do exigido em uma publicação: trataria todo o volume de capa à contracapa. Desse jeito, minhas publicações foram quase que 100% resultantes de meus próprios esforços. Paguei apenas pelas revisões textuais. Ter que custear diagramador e designer não seria barato.
Prisma Negro - Minha primeira HQ impressa.
O primeiro conselho que tenho é o de planejar o número de páginas da publicação. Considerando folha de rosto, prefácio, etc, o miolo deve ter sempre um número de páginas divisível por quatro. Se o trabalho todo já existe no papel, é preciso apenas adaptá-lo para que se enquadre nesse padrão. Será melhor fazer capa, guarda, lombada, quarta capa e contracapa separadamente porque há softwares cujas aplicações são mais eficientes para cada parte do livro.

Mas a preliminar disso tudo é a pesquisa por um formatos e tamanhos. Analisar uma publicação de acordo com os gostos do artista é o ideal. Eu, por exemplo, quando editei a HQ Noite Escura, usei o padrão da série Preacher, publicada no Brasil pela Pixel. Cheguei a essa revista como referência após muito avaliar e entender qual cairia melhor. E não me limitei a isso: também fui em busca de informações sobre o material de impressão, como o papel do miolo e da capa, suas gramaturas, vernizes e os tipos de encadernações. A gráfica pode apresentar opções no momento da contratação, porém, é bem mais legal ter o material do nosso jeito.
Editando Noite Escura no InDesign.
E como falei acima, fazer a editoração eletrônica vai aliviar gastos expressivos. Aprendi a usar o InDesign justamente por esse motivo e também para ter um melhor controle sobre o trabalho. É um software carrancudo e não é fácil de se dominar, contudo, dá para ir atrás dos seus macetes através da Internet. É inacreditável como o motor de busca mais usado ajuda. Para qualquer um com conhecimento intermediário em softwares de edição, os segredos são desvendados com esforços moderados. Indico muito o InDesign a quem já conhece os demais programas da Adobe e entende um pouco de editoração. Com a combinação do InDesign (pra editar) com o Photoshop (para tratar as páginas) e o Illustator (para logomarcas, artes vetoriais e capas), não tem erro.
LaVoisin - Fanzine experimental em Xerox.
Mesmo sabendo de sistemas de cores para impressão, sangrias, margens de segurança, etc (o que deve ser pensado ao longo do desenvolvimento da edição), ainda não posso dizer que sei a etapa derradeira que é a de fechar o arquivo. Mas não é um grande problema, pois há a possibilidade de se levar os arquivos editáveis com fontes e vínculos até a gráfica e deixar que os profissionais de lá finalizem o serviço que não custará absolutamente nada. Para isso, é importante ter todos os elementos do projeto e as hierarquias de pastas bem organizados (a atenção a esses aspectos é essencial).

Tomara que esses relatos sejam de alguma ajuda a alguém que queira colocar uma obra para rodar e ir atrás de seus sucessos com a sua publicação impressa, trazendo boas histórias e artes ao nosso mundo. Boa sorte!