Ignorando o poder financeiro de um autor, assim como o seu networking e o público que já alcança, vamos supor que ele queira lançar um projeto independente no qual acredite. Fora dos meios de incentivo à cultura e dos patrocínios, publicar-se tem custos. Mas, caso a possibilidade possa ser considerada e é a vontade do autor, chegamos a um dos grandes momento de sua vida. Autopublicar-se no suporte impresso extrai algum suor e também lágrimas de quem for empreender. Porém, há como fazer com que os orçamentos sejam mais enxutos e o trabalho figure um aprendizado a se levar como bagagem para o resto da vida.
Como já fiz isso duas vezes, aprendi algo sobre o qual posso falar um pouco. Foram vitórias, mesmo tendo me lançado nessas aventuras aos trancos e barrancos. Para não exceder minhas finanças, decidi que faria eu mesmo o máximo possível do exigido em uma publicação: trataria todo o volume de capa à contracapa. Desse jeito, minhas publicações foram quase que 100% resultantes de meus próprios esforços. Paguei apenas pelas revisões textuais. Ter que custear diagramador e designer não seria barato.
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Prisma Negro - Minha primeira HQ impressa. |
O primeiro conselho que tenho é o de planejar o número de páginas da publicação. Considerando folha de rosto, prefácio, etc, o miolo deve ter sempre um número de páginas divisível por quatro. Se o trabalho todo já existe no papel, é preciso apenas adaptá-lo para que se enquadre nesse padrão. Será melhor fazer capa, guarda, lombada, quarta capa e contracapa separadamente porque há softwares cujas aplicações são mais eficientes para cada parte do livro.
Mas a preliminar disso tudo é a pesquisa por um formatos e tamanhos. Analisar uma publicação de acordo com os gostos do artista é o ideal. Eu, por exemplo, quando editei a HQ Noite Escura, usei o padrão da série Preacher, publicada no Brasil pela Pixel. Cheguei a essa revista como referência após muito avaliar e entender qual cairia melhor. E não me limitei a isso: também fui em busca de informações sobre o material de impressão, como o papel do miolo e da capa, suas gramaturas, vernizes e os tipos de encadernações. A gráfica pode apresentar opções no momento da contratação, porém, é bem mais legal ter o material do nosso jeito.
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Editando Noite Escura no InDesign. |
E como falei acima, fazer a editoração eletrônica vai aliviar gastos expressivos. Aprendi a usar o InDesign justamente por esse motivo e também para ter um melhor controle sobre o trabalho. É um software carrancudo e não é fácil de se dominar, contudo, dá para ir atrás dos seus macetes através da Internet. É inacreditável como o motor de busca mais usado ajuda. Para qualquer um com conhecimento intermediário em softwares de edição, os segredos são desvendados com esforços moderados. Indico muito o InDesign a quem já conhece os demais programas da Adobe e entende um pouco de editoração. Com a combinação do InDesign (pra editar) com o Photoshop (para tratar as páginas) e o Illustator (para logomarcas, artes vetoriais e capas), não tem erro.
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LaVoisin - Fanzine experimental em Xerox. |
Mesmo sabendo de sistemas de cores para impressão, sangrias, margens de segurança, etc (o que deve ser pensado ao longo do desenvolvimento da edição), ainda não posso dizer que sei a etapa derradeira que é a de fechar o arquivo. Mas não é um grande problema, pois há a possibilidade de se levar os arquivos editáveis com fontes e vínculos até a gráfica e deixar que os profissionais de lá finalizem o serviço que não custará absolutamente nada. Para isso, é importante ter todos os elementos do projeto e as hierarquias de pastas bem organizados (a atenção a esses aspectos é essencial).
Tomara que esses relatos sejam de alguma ajuda a alguém que queira colocar uma obra para rodar e ir atrás de seus sucessos com a sua publicação impressa, trazendo boas histórias e artes ao nosso mundo. Boa sorte!