Houve uma era em que a reprodutibilidade de uma obra era para poucos. Um lote de HQs impressas em Offset figurava o apogeu na carreira de u...
Houve uma era em que a reprodutibilidade de uma obra era para poucos. Um lote de
HQs impressas em Offset figurava o apogeu na carreira de um
autor/quadrinista independente. Algo muitas vezes nem mesmo cogitado, pois a contratação de
uma gráfica e os serviços de editoração representavam gastos
impraticáveis à grande maioria dos artistas menos abastados. E ainda se arcada por uma editora, esta publicação era tida como uma possibilidade de encalhe muito grande e talvez, um risco de desperdício não compensatório.
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Página teste colorida.
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Naqueles
tempos, o que eu produzia era voltado e pensado ao
Xerox. Eu xerocava como um doido. Todos os sábados, eu ia até a
xerocadora e fazia cópias em tamanho reduzido das minhas produções - para as pastas de plásticos tamanho A4, já que eu desenhava sempre em A3. Também xerocava páginas de revistas e
livros de meu interesse. Reduzir e ampliar
imagens, testar recursos, copiar referências, etc. também era parte da brincadeira e eu me divertia bastante com isso.
Qual
quer desenhista/quadrinista, no presente, pretendendo expor o seu trabalho, produzirá pensando na publicação digital - a forma mais comum, senão a mais barata, garantida e divertida de alcançar um público. Falando de mim, tenho um site com portfólio, mas também uso o Behance e o DeviantART. No Instagram e no Twitter, posto sem selecionar muito o material, vou de brincadeira. Não é segredo algum quais os caminhos para mostrar o trabalho na internet, cabe a cada um acompanhar o passo tecnológico seguinte.
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LaVoisin - 2015.
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Porém, há uma mágica na
reprodutibilidade física de uma arte gráfica, uma transformação que faz o produto receber um aspecto muito próprio, um mistério entre o
original e
o impresso. A edição, as soluções, a encadernação, o papel... O
exemplar palpável de uma História em Quadrinhos traz um segundo valor a
todo o trabalho. Ainda que a relevância do item físico esteja sendo
substituído pela
perfulgente projeção de pixels diante de nossos olhos, ao meu ver, o impresso sempre trará
algo muito mais estimável.