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Redes sociais se alimentam de interações entre usuários: compartilhamentos multimídias, ou mensagens de texto recebendo reações ou comentári...

Redes sociais se alimentam de interações entre usuários: compartilhamentos multimídias, ou mensagens de texto recebendo reações ou comentários. Mas e se em vez disso tivéssemos apenas a reunião de conteúdos inteiramente visuais? Boards inteiros de ideias e conceitos variados esquadrilhando a internet inteira? O Pinterest não merece ter o demérito de ser chamado de "rede social", como já vi algumas vezes ser dito por usuário menos informados. O Pinterest é uma fonte de busca por imagens tão ampla e diversa que sua utilidade nada pode ser comparada ao lero-lero improfícuo dos cantos mais frequentados de nossas redes.

Quem já lidou com Desenho e Artes Visuais, usando de alguma metodologia, deve ter conhecido os "Painéis Semânticos", que com seus recortes, colagens e coleta de informações, continham em si a ideia central do Pinterest: a de inspirar visualmente e dar consistência a qualquer tipo de projeto. Cada pesquisa e criação de boards pinados com um bom material, fazem as ideias multiplicarem, oferecendo um norte definido e facilitando muitas de suas etapas.
 
Não há o que não exista no Pinterest quando se precisa de referências. Dele bebem do arquiteto à costureira, do desenhista ao gamer. Como dito, os limites são a vontade e a imaginação do usuário.  A proposta de organização de elementos com a possibilidade de categorizações e conexão de assuntos inteiramente online, obtidos por incontáveis fontes, são dos recursos mais poderosos já pensados num processo criativo. Algo destinado a quem queira uma ultra dose de ideias que não o deixará na mão em hipótese alguma.

Inspiração para todas as horas.

A diversidade do algorítmico pode dificultar um iniciante em manter o foco. Eu mesmo usei muito o Pinterest sem me organizar, abrindo dezenas de abas do meu navegador com os pins que me interessavam e não os categorizando, caindo no erro de pensar ser isto desnecessário. Mais tarde eu veria o quão estava equivocado. E admito que, até hoje, quando preciso colocar algo em meu sketchbook, acesso o Pinterest não criando diretórios, pela utilidade efêmera dos motivos que procuro. O que é de se entender, o tempo é escasso, a organização também precisa ser servida de dedicação. No entanto, tenho buscado a disciplina aos poucos.
 
E o leitor agora sabe mais algo sobre mim: meu site favorito. Sim, o Pinterest é meu vício e um prazer. Uma fonte de ideias não só a artistas, mas qualquer pessoa, que garantidamente - em uma navegação superficial - já concordará com minhas palavras sobre esse site maravilhoso. E então, vamos pinando e criando... Pois a vida mais criativa é também muito divertida.

Luciano Landim é Quadrinista e Ilustrador cearence. Publicou de forma independente pelo Coletivo Estação 9 e foi autor no projeto Direitos H...

Luciano Landim é Quadrinista e Ilustrador cearence. Publicou de forma independente pelo Coletivo Estação 9 e foi autor no projeto Direitos Humanos em Quadrinhos durante o estágio na Universidade Federal do Cariri - UFCA. É autor do Flatlinner, projeto de compartilhamento digital de tiras autorais e hoje cursa Licenciatura em Artes Visuais pela Universidade Regional do Cariri – URCA.

Quero dizer que é uma honra você ter aceitado o convite. Depois que vasculhei o seu trabalho, não consegui tirar da cabeça essa entrevista. Como começou com o Desenho e HQs?
R:
Obrigado, fico feliz pelo convite. Eu comecei a desenhar quando era criança, mas pra pensar em profissão foi só no inktober de 2016. Então, depois disso, passei a desenhar muito. Em 2017 lancei meu primeiro quadrinho independente: ‘O homem bicho’, contava uma lenda daqui do Cariri cearense.

Há muito de autobiográfico no que você faz, não é? As reações de seu público (no instagram) mostram muita identificação com o que lê. Te surpreende tantos compartilharem de sentimentos/pensamentos tão semelhantes aos narrados em seu trabalho?
R:
Existe sim algo de autobiográfico, claro que nem tudo é sobre minhas experiências, sempre tento abranger para mais pessoas. Eu sempre fico surpreso quando alguém vem me falar que se identificou ou analisa o que pode ser o quadrinho, toquei a pessoa com o quadrinho, isso que importa.

Tem algo de muito triste no seu senso de humor. Você é sempre certeiro, e isso é fascinante.
R:
Eu já me aceitei que não sou muito bom em fazer humor. Ainda assim, vez ou outra eu tento fazer alguma piada e nem sei se sempre funciona exatamente como humor, mas tudo bem também, o humor surge da desgraça afinal.

Alguma vez se inspirou em sonhos para suas tiras?
R:
Nossa, sempre! Um tempo atrás eu percebi que quando leio muito antes de dormir, acabo sonhando, acho isso incrível, peguei o costume de anotar meus sonhos pra pensar em quadrinhos em cima deles.

A poética de suas tiras, inevitavelmente, fazem-nos refletir e obter uma suspensão dos pensamentos por alguns segundos. Quando você está criando, sente que está realmente indo tão fundo?
R:
Para falar a verdade, não. Sempre que faço alguma tirinha que vejo muita interação em referência ao sentimento eu fico me perguntando o quão fundo a pessoa está indo na interpretação, às vezes eu só fiz por que achei legal, mas gosto de ver como as pessoas apreciam a obra fora do aspecto técnico.

Relacionamentos, solidão, rupturas, encontros... São temas universais. Você os trata de uma forma bem peculiar, passando longe de clichês. Como essa naturalidade acontece?
R:
Não sei se não é clichê, apostar no clichê é bom por que eles funcionam. Acho importante saber como eles funcionam para usá-los a nosso favor. Acontece que eu nunca tento não ser clichê porque tenho medo dessa tentativa me levar para algo meio “brega”, então o que eu tento é só falar do sentimento de forma mais abstrata do que escrever “estou triste”. ‘Triste por quê? Por causa da solidão? Mas estou me sentindo assim por quê?’ São perguntas que me faço quando estou fazendo os textos.

Fazer quadrinhos é uma prática bastante solitária. Favorável a quem nunca se importou em ficar sozinho, ou não?
R:
Não sei o quanto é solitário e o quanto é só romantização do artista solitário. Claro que a gente precisa de tempo pra pensar sobre o que produzir (Essa interpessoalidade é importante pra todo mundo, não só pra artistas) mas sempre estamos cercados recebendo informações de todo mundo e todo lugar para que a produção faça sentido.


Quais as suas maiores inspirações?
R:
Não sei se inspirações que você quer dizer é o que me inspira pra produzir (Se é isso é o puro prazer de contar histórias) ou inspirações artísticas, aí é uma pergunta muito maior nos quadrinhos são: em estilo de desenho é o Bryan Lee O’malley; em texto é o Inio Asano. Estou sempre acompanhando e me inspirando em muitas pessoas, então minhas referências vão mudando.

Você fala sobre o seu processo criativo nos stories do instagram. O que você poderia acrescentar de inusitado sobre quando você põe a mão na massa?... como de onde vem as ideias, por exemplo?
R:
Minhas ideias nesses últimos tempos têm sido bem menos intuitivas, eu sempre decido um tema, sento e vou ler e pesquisar sobre até desenvolver algo. Vejo que muita gente espera a ideia surgir com um gatilho, mas para fazer diariamente não dá para esperar por isso.

Você tem um belo portfólio com a Arte Digital. A sua produção maior é nesse suporte, mas vemos uma certa versatilidade de sua parte demonstrada também no papel.
R:
Sim, eu gosto bastante de tintas e telas, mas decidi deixar essa parte mais num âmbito pessoal quando quero relaxar, arte tradicional dá mais trabalho e demora mais. Arte digital não suja nada então para mim é mais rápida.

Fazer quadrinhos não é limitados quanto a prosa para expressar sentimentos?
R:
A prosa ela é sempre muito especifica, a imagem não tem isso. Se um texto eu falo “Estou aflito” é extremamente especifico, não existe nada fora da frase. Agora, você desenhar a aflição é muito subjetivo e existem muitas interpretações para essa imagem criada.

Agradeço, mais uma vez, por mim e pelos leitores do meu blog. Desejo ainda mais sucesso!
R:
Poh, fico feliz demais em participar, sucesso para você também.

 
https://www.instagram.com/flatlinner/