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Navegando à procura de novidades quadrinísticas, tomo o leme de minha nau eletrônica e me lanço na imensidão guiado pelos os faróis - de meu...

Navegando à procura de novidades quadrinísticas, tomo o leme de minha nau eletrônica e me lanço na imensidão guiado pelos os faróis - de meu monitor - atento a cada terra à vista surgindo no horizonte. Inflo as velas e parto em busca de boas obras e artistas neste oceano de informações difusas que é a internet. A internet: esse mar onde quem não permanece submerso, encontra-se no centro dos falatórios sem fim à beira-mar arenosa das redes sociais mais lotadas - onde o sol raia causticante, devastando floras neurais inteiras através de inutilidades, humor duvidoso e muitas baboseiras. E quem sou eu para recriminar? Vez ou outra, uma farofa e um bronzeado diante da marina nunca mataram indivíduo algum. Embora eu só o faça com muito "filtro" solar, não estou tão fora assim dessas inevitáveis paragens.

Milli Camacho e Theo Herrmann. Criatividade e boas histórias.
Em se tratando de Arte Sequencial nas marés nos veículos online, minha bússola aponta sempre para o norte (assim como todas), porém, não é só para lá que costumo me dirigir. Apenas por ele me norteio. Então, ajusto minha luneta e vou de vento em polpa procurando ilhas digitais paradisíacas para lançar minha âncora. E é lá onde encontro histórias que divertem, fazem pensar e trazem mensagens valiosas - belíssimas pérolas em forma de Histórias em Quadrinhos - HQs aos íntimos. O que faz com que eu considere ter valido a pena tudo o que naveguei... assim quando também a própria maré me traz entre ondas digitais uma garrafa ou outra contendo a mensagem certeira diretamente em minhas mãos.
 
Deste modo, mais uma vez, trarei ao querido leitor verdadeiros mapas de tesouros, aos quais tive acesso e gostaria de levar aos quadro ventos.
 
Mergulhe comigo:
 
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Milli Camacho

 
[Divulgação] A belíssima arte de Milli.
A obra de Milli me impressionou. Fiquei realmente encantado com as belas passagens do primeiro conto "Recorrentes: Contos de Spectrus", uma HQ inicialmente destinada ao concurso de uma editora nacional de Quadrinhos. Embora alguns aspectos do roteiro e um dos personagens dessa belíssima webcomic advirem de outra autoria, Mille faz habilmente, em sua versão deste universo, uma imersão nos traumas e nas fragilidades de sua protagonista. Com ares quase psicanalíticos, conduz a história de forma ao mesmo tempo terna e soturna. Em "Recorrentes: Festa de Halloween", a autora parece tomar um revés da história anterior e trabalhar com a leveza e a sensibilidade, com o otimismo... e o mais interessante que tudo, feito em um (finado) Inktober. O traço de Milli é um atrativo à parte, personalidade e delicadeza sem iguais.

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Theo Herrmann

[Divulgação] Eleanor: protagonista de Marble Creatures.
Talento para contar uma história é algo notório em se tratando do Theo. O domínio narrativo desse artista é acompanhado de um surpreendente poder criativo. Atributos que unidos atuam em sua webcomic "Marble Creatures",  uma novela gráfica que me foi uma grata surpresa. Em seus perturbadores episódios, Marble Creatures desenvolve um gênero que admito admirar: ele trabalha o Terror. Permitindo-se ousar de forma marcante e bastante peculiar, temos a violência gráfica, passagens com ação e uma poderosa trama psicológica. Theo é exímio com relação à clareza com que estrutura o enredo e as ligações entre os seus personagens fogem do óbvio. Cada uma das pontas é firmemente amarrada. O traço "sujo" e ágil do autor combina bastante com seu texto. Em se tratando de Marble Creatures, ao progredirmos na história, tudo só melhora a olhos vistos.
 
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Esses foram os artistas deste post. Pessoas as quais me senti honrado em conhecer, ainda que com poucas mensagens, frases... pensamentos e interações. Acredito no trabalho deles e só posso desejar mais sucesso!

Quem me disser que, na Arte, criar é fácil, espontâneo, fluente, etc... estará me causando inveja. O esforço é necessário: sem aquela "...

Quem me disser que, na Arte, criar é fácil, espontâneo, fluente, etc... estará me causando inveja. O esforço é necessário: sem aquela "sofridinha" nada de interessante acontece. O leitor já viu aqueles vídeos instantâneos, em que se atira materiais de desenho sobre uma folha, e nela surge um desenho finalizado? Dá a entender que o processo inexistiu. Para aspirantes e aprendizes sonhadores isso pode trazer frustrações.

Fanart da Morte de Neil Gaiman.
Igualmente como há os muitos delírios de grandeza na esfera do Desenho e das HQs por parte de quem está obtendo os primeiros resultados um pouco melhores. Motivos pelos quais mais da metade deles se sentirem precocemente limítrofes demais para continuar... Porque não tentaram o suficiente e se compararam a artistas já experientes - e o pior: não compreenderam a importância de aproveitar o processo.
 
Venho aprendendo diariamente sobre meu hobby com a atenção voltada ao processo. E, analisando-o sob acentuada autocrítica, avalio minhas limitações, trazendo-as a meu favor com os aprimoramentos necessários. A paixão pela Arte me anima sempre mais...a cada erro, a cada folha atirada na lixeira, a cada esbarrada dura em alguma lacuna de minhas habilidades.

Capa do zine Sonoridades Múltiplas, lançado no dia 13 de Julho.
É preciso ser destemido com os bloqueios criativos, com a desmotivação, as metas. E estamos sempre diante de um desafio, um após o outro. Terminar um desenho e gostar do resultado é algo que até hoje me deixa reflexivo. Ainda que aquém do pretendido, paradoxalmente resulta no melhor que o esperado. Porque se você gosta do que faz, você dará o valor ao que realizou.
Mumm-Ra no sketchbook.
Uma maneira de criar um olhar mais maduro sobre a própria obra é registrar o processo. Filmar, fotografar, capturar tela (no caso de um computador)... esses milagres da tecnologia podem nos dar uns empurrões ao progresso. O registro através de fotografias é ótimo. Separar as etapas e posteriormente observar cada uma delas nos oferece melhores percepções que vão de nossos vícios às posturas e traquejos durante a produção.
 
A consciência de onde estamos errando e acertando nos prepara para próximo trabalho. Como as ilustração deste post, nada tão especiais, mas que me trouxeram boas conclusões sobre como venho executando minhas Artes.