Em uma conversa recente de inbox, um camarada - excelente ilustrador - disse que só trabalha com ilustração por causa do “dinheiro”. Perg...
Em uma conversa recente de inbox, um camarada - excelente ilustrador -
disse que só trabalha com ilustração por causa do “dinheiro”. Perguntei
se não havia prazer no dia a dia… ele insistiu no “dinheiro”, pois
faria qualquer outra coisa com a qual lucrasse e pagasse as contas (além
de reformar a casa, etc..) Até um ano e meio atrás, quando tentei
transição de carreira para ilustrador, esse mesmo cara me aconselhou e
deu umas sugestões sobre o mercado. E nessa última conversa, me chamou
justamente para saber a respeito de como eu ia na profissão. Contei que
havia sido apenas uma “fase” e eu estava em um emprego legal, além de já
me encontrar em uma idade complicada para transitar de carreira,
etc... algo que aparentemente não o deixou surpreso.
A
Arte Sequencial é a minha religião, mas o Design Gráfico é minha
profissão. Sou grato por isso e coloco uma pedra sobre o assunto. O que
não é um ato de resignação, mas sim o de admitir a força do ofício que
exerço… o Design é um exercício cujo grande poder permite tocar o
longínquo através do manejo de substâncias visuais. Com ele é possível
conceitos influírem nas decisões importantes - ou milagrosas- nas vidas
das pessoas. Criar peças nas artes gráficas efetivas é como avistar o
escopo e traçar uma estratégia para o atingir em cheio - não deixando
pedra sobre pedra.
Indo além do trabalho com os softwares, o
Design Gráfico requer prática e teorias, e todos os seus meandros para
obter sucessos. Descobrir todos os dias o gosto pela profissão é uma
bênção. A cada trabalho entregue estou oferecendo também -
frequentemente profundamente exaurido - uma lasca de minha alma (já há
esta altura em estado terminal). Os processos envolvidos nos Design
Gráfico são desafiadores e causam uma dose extra de satisfação. Fazer
Design é viver experiências bem antagônicas: estando sempre entre a
aflição e a serenidade… um desconforto gostosinho, digamos assim.
Minha
única “bronca” é com a publicidade (para o que trabalhei quase a vida
toda), mas eu "ela" convivemos e nos tolerando diariamente, sob a sombra
do escárnio e do carinho. Tudo tem o seu lado bom e seu lado ruim, o
equilíbrio nem sempre é possível, mas sem ele perigamos tombar… algo que
“gatos escaldados” e “macacos velhos” não permitem acontecer. Tocando
nesse ponto: como é bom lembrar o quanto aprendi com colegas de
profissão. Pessoas muito legais embarcaram ou me deram "carona" nessa
longa e dura estrada onde estou rodando. Uns deixaram saudades, outros
ainda estão por perto... enquanto há aqueles dispensáveis até nas
lembranças.