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  Em uma conversa recente de inbox, um camarada - excelente ilustrador - disse que só trabalha com ilustração por causa do “dinheiro”. Perg...

01/04/2023 - O Design e o Desenho

 

 

Em uma conversa recente de inbox, um camarada - excelente ilustrador - disse que só trabalha com ilustração por causa do “dinheiro”. Perguntei se não havia prazer no dia a dia… ele insistiu no “dinheiro”, pois faria qualquer outra coisa com a qual lucrasse e pagasse as contas (além de reformar a casa, etc..) Até um ano e meio atrás, quando tentei transição de carreira para ilustrador, esse mesmo cara me aconselhou e deu umas sugestões sobre o mercado. E nessa última conversa, me chamou justamente para saber a respeito de como eu ia na profissão. Contei que havia sido apenas uma “fase” e eu estava em um emprego legal, além de já me encontrar em uma idade complicada para transitar de carreira, etc...  algo que aparentemente não o deixou surpreso.

A Arte Sequencial é a minha religião, mas o Design Gráfico é minha profissão. Sou grato por isso e coloco uma pedra sobre o assunto. O que não é um ato de resignação, mas sim o de admitir a força do ofício que exerço… o Design é um exercício cujo grande poder permite tocar o longínquo através do manejo de substâncias visuais. Com ele é possível conceitos influírem nas decisões importantes - ou milagrosas- nas vidas das pessoas. Criar peças nas artes gráficas efetivas é como avistar o escopo e traçar uma estratégia para o atingir em cheio - não deixando pedra sobre pedra.
 
Indo além do trabalho com os softwares, o Design Gráfico requer prática e teorias, e todos os seus meandros para obter sucessos. Descobrir todos os dias o gosto pela profissão é uma bênção. A cada trabalho entregue estou oferecendo também - frequentemente profundamente exaurido - uma lasca de minha alma (já há esta altura em estado terminal). Os processos envolvidos nos Design Gráfico são desafiadores e causam uma dose extra de satisfação. Fazer Design é viver experiências bem antagônicas: estando sempre entre a aflição e a serenidade… um desconforto gostosinho, digamos assim.
 
Minha única “bronca” é com a publicidade (para o que trabalhei quase a vida toda), mas eu "ela" convivemos e nos tolerando diariamente, sob a sombra do escárnio e do carinho. Tudo tem o seu lado bom e seu lado ruim, o equilíbrio nem sempre é possível, mas sem ele perigamos tombar… algo que “gatos escaldados” e “macacos velhos” não permitem acontecer. Tocando nesse ponto: como é bom lembrar o quanto aprendi com colegas de profissão. Pessoas muito legais embarcaram ou me deram "carona" nessa longa e dura estrada onde estou rodando. Uns deixaram saudades, outros ainda estão por perto... enquanto há aqueles dispensáveis até nas lembranças.