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A síntese é sofisticação. A menor complexidade alcança maiores valias quando falamos de estética. Obras fantásticas inseridas nas Artes são ...

A síntese é sofisticação. A menor complexidade alcança maiores valias quando falamos de estética. Obras fantásticas inseridas nas Artes são geniais por sua pureza plástica. Nas HQs, o simples é um aspecto ainda mais favorável. Constituídas pela união de fazeres distintos, tais como roteiro, desenho, estrutura narrativa e métodos subsequentes, as HQs são efetivas quando têm êxito ao propor a comunicação de ideias e conceitos. Abrimos um volume para ler (virtual ou físico) e diante de nossos olhos está o belo ou o grotesco, a tristeza ou o humor - causando o encanto independente de exuberâncias ou de técnicas acuradas.


Recursos visuais aparentemente extraordinários estão longe de serem determinantes na eficiência de uma boa HQ. Painéis detalhados, a encher os olhos de tantas informações e frequentemente exibindo excessos de detalhes, recursos e cores digitais, são o que entendo como o puro malabarismo pictórico, de modo geral, apenas oferendo um deslumbre de efeito muito momentâneo. Todos os excessos sensoriais resultantes de pasteurizações comerciais feitas a “toque de caixa” são carregadas somente por superficialidades - cuja riqueza aparente desvia a atenção do leitor da pobreza narrativa e do pouco a dizer. Não me posiciono contrário a uma arte bem elaborada, rebuscada e feita com esmero - seria injusto, porém não me detenho somente nessa unidade a ser observada. A beleza tem seus diferentes graus de valores.
 
Pesos e medidas podem variar ou equilibrar. Sejam em obras magníficas unindo um belo traço a histórias épicas, ou singelas historietas contadas com imagens deficientes, porém causadoras de grandes impactos... o sol nasce para todos, há uma vastidão de modelos a serem avaliados. Para mim, quando leio algo que agradou, já estou contente. Uma boa narrativa, um traço que for… a mensagem certa - e é o que tenho a dizer, pura e simplesmente. Não me acuse de ser deficitário de critérios. Depende do meu estado de espírito. Mas tenho algo a dizer também como quadrinista. Sou fã de Artistas que tiveram grande relevância justamente por serem eficientes em suas displicências: Rumiko Takahashi, Reed Waller e outras ilustres inspirações.
 
Eles se permitiram ser sóbrios e diretos no que faziam. As produções prolíficas de tais Artistas exigiam agilidade e simplificação, linguagens elegantes destinadas a uma produção de fácil entendimento. Habilidosamente, abreviavam os seus trabalhos. Penso que articular ideias e contar histórias limpas e com clareza exige a afinidade com a síntese. Acima de tudo a necessidade de personalidade e a desenvoltura de um vocabulário peculiar. Essas "manhas" obtidas com a experiência, pela versatilidade e intuição, são ideais para resolver enredos, requerendo talentos especificamente muito acentuados. Movimentar-se neste terreno, sustentando harmonia e uma Arte agradável, narrativa fluída, etc... é ultrapassar habilmente muitas fronteiras. Mesmo aos leigos são façanhas percebidas instantaneamente.

As canetas Copics podem ser um “canto de sereias” a qualquer artista cobiçando mergulhar nas cores. Embora, realmente, elas entreguem todo ...

As canetas Copics podem ser um “canto de sereias” a qualquer artista cobiçando mergulhar nas cores. Embora, realmente, elas entreguem todo o prometido, minha ressalva é do quão atraentes são essas canetas e, ao mesmo tempo, como podem arruinar as finanças dos mais entusiastas. Para se alcançar colorchart satisfatório e harmônico - em trabalhos mais complexos -, temos a necessidade de estarmos equipados com, pelo menos, três tons (ou mais) de cada matiz - e é bom ser certeiro nisto. Sempre advirto a quem esteja planejando montar o seu kit, a não se precipitar muito, efetuando um estudo atento antes de se lançar aos investimentos iniciais, evitando cair em erros potencialmente dolorosos ao bolso.


O fetiche pode ser satisfeito de um jeito mais equilibrado. Escolher uma paleta para colorizações sem mirar em efeitos maiores vale o investimento no produto. Preenchimentos para usar nos backgrounds e em seleções mais específicas no desenho trazem bons resultados e satisfazem pelo uso do material. Há artistas que se contentam com um colorchart de cinco, ou seis matizes… Alaranjados mais fortes, azuis, vermelhos e seguimos por aí. Tenho um kit com bastante canetas, ainda assim, ultimamente escolho usar apenas cores de destaque, fazendo “mais” com “menos”. Encontro, nesse tipo de utilização, uma maneira ideal de aproveitar as vantagens das Copics de um jeito mais em conta.

 
As canetas Copics são duráveis. Eu diria que podem ser usadas durante uma vida inteira - se bem cuidadas e com as manutenções em dia. Elas NÃO estão na categoria de materiais com "Obsolescência Programada", ou seja: não são tais alguns produtos cujo tempo útil nos obriga a sempre repor as suas unidades. No entanto, nas Copics - como mencionado - há manutenções e, infelizmente, também não são baratas. Pontas, recargas, solventes, etc, precisam ser supridos. E quanto mais canetas, maior será o dispêndio. Hoje, vejo mais possibilidades de colorir satisfatoriamente usando a aquarela. A aquarela requer uma curva maior de aprendizado, uso de mais tempo e a necessidade de uma bancada, porém é mais acessível em termos monetários.
 
Em meu kit, tenho Copics secas… Há mais de um ano sem recarga. As únicas que faço questão de reabastecer e usar com mais frequência, são os Tons de Cinzas. Três Cinzas Quentes, três Cinzas Frios e três Neutros me dão muitas possibilidades para trabalhar. Quando penso em dar uma tridimensionalidade aos sketchs, as Copics com Tons de Cinza já resolvem com algum controle e limpeza. Principalmente por eu estar em uma fase “dark” nos desenhos, já tenho dispensado muitas cores e composições cheias de blends e camadas. Valer-se das técnicas mistas também é uma alternativa, pode-se reunir vários materiais - às vezes esquecidos em um canto - para baratear a produção de uma Arte. Alternativas não faltam aos mais atentos!