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  “Meu hobby é meu trabalho”, assim descrevia o seu ofício, o desenhista e cartunista, Henry Scarpelli. Essa reverente relação com o labor s...

 

“Meu hobby é meu trabalho”, assim descrevia o seu ofício, o desenhista e cartunista, Henry Scarpelli. Essa reverente relação com o labor só poderia resultar em uma produção honesta. Henry foi um artista o qual eu gostaria muito de ter conhecido em sua época. Se não pessoalmente, ao menos nas suas publicações. Ou ambos, tendo em vista a reputação de ser um homem muito educado e amistoso. Imagino o quão empolgante seria acompanhar as séries, tiras e todos os trabalhos enquanto aconteciam, nos momentos exatos dos lançamentos. Poderia ser possível, pois esteve bastante ativo ainda nos anos 90, quando a maré de HQs já cobria os meus joelhos.
 
Bastante prolífico, o trabalho de Scarpelli alcançou longe. Foram tiras diárias, uma série própria, suplementos dominicais e, também, grandes títulos de super-heróis da DC… além de sátiras televisivas. Isso tudo, trabalhando tanto só, quanto nas parcerias muito bem-vindas à sua carreira (Stan Goldberg e Craig Boldman).

Minha identificação com Henry está alguns níveis acima do esperado quando falamos de um quadrinista, haja vista eu ter (pelas HQs) mais paixão do que jeito para a coisa. Porém, tal identificação se fortaleceu ao saber como o homem iniciou a carreira: com a publicidade. Henry diagramava panfletos antes de ser um desenhista e ainda cursou a universidade de Artes Visuais - assim como eu iniciei no Design e em minha formação acadêmica.
 
Podemos falar de muitas coisas incríveis sobre Henry Scarpelli. Uma delas, é sobre ele ter sido um artista multimídia, já em sua Era. Envolvido com TV e cinema, foi ativo em participações de audiovisuais e auxiliou o filho a emergir no mundo das Artes Cênicas diante das câmeras estadunidenses.

Além desse currículo, o qual lhe rendeu muitos prêmios, a ousadia ia ainda mais além: Henry trabalhou na produção do disco “Tommy”, uma Ópera Rock da banda britânica The Who - recebendo por esse feito, um Disco de Ouro, a honraria máxima da indústria fonográfica! E a seguir, vieram as produções para a Broadway e um Thriller independente chamado “The Last Victim”... A Arte correndo nas veias é isso: um grande feito seguido de outro!

Scarpelli também esteve na Archie Comics durante muitos anos, com trabalhos expressivos para o título. E não é novidade a ninguém sobre minha admiração por essa HQ, com seus temas adolescentes e os traços belíssimos. Em mais uma prova de ser especialmente um grande camarada, Scarpelli atravessou décadas trabalhando ao lado de Craig Boldman sem em qualquer momento ter conflito com o parceiro - muito pelo contrário, ambos haviam tido uma relação próxima e gentil nesta jornada de HQs, roteiros e ilustrações.

O senhor Scarpelli merece nossas recordações, pois fez história e muito bem. Um brinde aos grandes artistas de nossa esfera!


Bibliografia:
 
https://andreasmithgallery.com/artist-works.php?artistId=290508&artist=Henry+Scarpelli

http://www.guiadosquadrinhos.com/artista/trabalhos-de/henry-scarpelli/2174

https://dc.fandom.com/wiki/Henry_Scarpelli

https://www.lambiek.net/artists/s/scarpelli_henry.htm

https://www.silive.com/obituaries/2010/04/henry_scarpelli_79.html

Pergunto-me qual a possibilidade de reproduzir o mundo ao nosso redor sem o observar, e como se poderia realizar um trabalho sem consultar g...

Pergunto-me qual a possibilidade de reproduzir o mundo ao nosso redor sem o observar, e como se poderia realizar um trabalho sem consultar guias teóricos. Fico ainda intrigado, sobre haver quem defenda a hipótese de se desenhar sem seguir os feitos de bons artistas. Mesmo os nossos colegas mais hábeis em criar imagens sem referências, estes assim o fazem por terem tudo espantosamente guardado em suas memórias. Não se faz um retrato com os olhos fechados, bem como não existe aprendizado sem acessar registros de nossos entornos.

Nas cátedras de Artes, ainda as mais modernas, realiza-se muito do que chamamos de “copiar”... e isso está errado? Exercitar as cópias e as repetir são excelentes métodos para artistas em todos os níveis de experiência. Havendo organização na jornada de um desenhista, copiar é edificante, e tem importâncias inquestionáveis. Não acredito em um talento nato, o qual supostamente faria uma pessoa ser simplesmente um gênio sem quaisquer esforços maiores (tanto os autodidatas, quanto os conduzidos por um mentor). Alguns são, de fato, melhores para absorver uma habilidade, mas ela jamais é adquirida no berço.
 
Não existe problemas em acessar o Pinterest, ou o DeviantART e encontrar uma ideia. Podemos abrir milhares de imagens e isso vai nos garantir, se não o sucesso, uma boa maneira de evolução. As referências estão em uma tela de celular, em um monitor ou em qualquer lugar do ambiente real… são incontáveis as opções para “usarmos e abusarmos” tanto para a diversão, quanto para adquirir mais habilidades. Chacrinha, o grande comunicador, foi certeiro ao parafrasear Lavoisier, dizendo que “nada se cria, tudo se copia”. E acrescento que quando algo é copiado, pode haver aprimoramentos, pois, como o velho ditado popular nos diz: “quem conta um conto, aumenta um ponto” (e não me refiro à mentira).
 
Penso muito favoravelmente sobre estar submerso em imagens, dos mais distintos temas. A consulta a livros, fotografias, desenhos e demais elementos gráficos fazem parte do processo... com eles é possível a elaboração de painéis semânticos e a pesquisa por produções de artistas inspiradores. Um mapa de influência também é um bom ponto de partida para obter progresso. Todos nós devemos nos nutrir de informações todos os dias, pois assim teremos as matérias primas para criar. A internet é o nosso recurso para encontrarmos o caminho e não sou somente eu quem percebe isso, como bem sabemos. E a história começa sempre com uma referência, ou a união de várias e assim, colocamos a mão na massa. Isso contribui para um bom desenvolvimento artístico e nunca deve ser considerado uma “trapaça”, tal como muitos gostam de repetir por aí.