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Autopublicar-se é uma possibilidade real, e incrivelmente ao alcance de qualquer um. Basta estar disposto, ter o material e escolher o veíc...

18/09/2019 - Publicação digital

 
Autopublicar-se é uma possibilidade real, e incrivelmente ao alcance de qualquer um. Basta estar disposto, ter o material e escolher o veículo. Guardar algum dinheiro para bancar uma publicação pode levar alguns anos, exige um certo sacrifício, no entanto, é uma realização que se fixada como meta, pode ser alcançada.

Mas há também a internet, essa velha aliada do quadrinista independente. A quem já arraigou certo público, a internet permite financiamentos coletivos, recurso já comprovadamente responsável por trazer bons resultados a projetos de artistas realmente dispostos de tempo e dedicação para preparar uma boa campanha. Também temos a opção da publicação online, a qual os requisitos mais básicos são a HQ feita e a criação de uma conta em uma das várias plataformas digitas disponíveis - com custos extremamente reduzidos.

 
Embora possa parecer que estamos a dois passos do fim do arco-íris, a autopublicação online também nos coloca à prova. Afinal, nem sempre o autor terá um editor à sua disposição, nem um revisor, colorista, ou mesmo quem faça o trabalho pesado com as ferramentas de edição eletrônica. É, então, que tecnicamente o autor deverá desempenhar todas essas tarefas, e também trazer para si o ônus de sua obra ter os cuidados merecidos.

São necessários muitos anos para se atingir profissionalismo em todos os detalhes do fazer uma HQ. Não é à toa que as editoras - de verdade - dispõem de um ou mais responsáveis para cada etapa de uma publicação - do roteirista, passando pela prancheta do desenhista à última prova digital. Mas também destacam-se os autores que publicam digitalmente, fazendo bonito na internet valendo-se apenas de seus knowhows e habilidades.Vemos trabalhos de real qualidade e seguidos por um público cativo. Dignos de admiração, vamos admitir!

A questão seguinte é o público. Se em meio a centenas de obras, algumas atraem leitores como melado às abelhas, o que dizer de outras ignoradas ainda que seguindo a cartilha direitinho? É uma questão misteriosa, para mim e para pessoas com quem já conversei a respeito. E isso me dá uma fisgada porque também sei onde doem meus calos. Acontece que há uma série de determinantes. Dentre as que já pude perceber estão as temáticas, a linguagem, a comunicação, os traços mais atraentes ( nem sempre os melhores) e questões exclusivamente técnicas, como o formato de leitura para aparelhos mobiles, por exemplo.

Seria o caso de estudos mais profundos, pesquisas e muitas leituras de "cases". O que tomaria um tempo danado. De um jeito que no fim das contas, e com a velocidade como as coisas têm mudado, pode ser capaz de o cenário se transformar antes de surgir a primeira conclusão. Creio que a chave esteja na sincronia com a atualidade, com os autores da vez, sua comunicação e seus maneirismos. Talvez também seja mais proveitoso esquecer o que um dia já nos inspirou e alimentar a imaginação com referências do presente em que vivemos. Não sei, não tenho um norte seguro quanto a essas afirmações, estou bem mais para errar o chute à distância em que me encontro.

O que também não impede ninguém de continuar fazendo suas HQs com seriedade - ainda que antiquadas - e tentar um lugar ao sol, permitindo-se a satisfação de também vender o seu peixe. Isso já algo bastante aplaudível.