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Dedicar-se a uma atividade artística como hobby assemelha-se a um tipo de psicopatologia. É se entregar ao mais diligente ludismo, voltando...

Dedicar-se a uma atividade artística como hobby assemelha-se a um tipo de psicopatologia. É se entregar ao mais diligente ludismo, voltando as costas às satisfações só possíveis nos momentos ociosos do dia a dia. Do mesmo modo, aplicar tempo e esforço sem pretender recompensas materiais, ou mesmo aprovação por parte de quem seja. O que vale é a satisfação pessoal, o incondicional fazer pelo fazer. Nunca abrindo mão de realizar algo bem feito, com a paixão sempre acesa.

O sujeito trilha esse caminho sem que ninguém queira, peça, ordene ou implore... Quem quer é apenas quem pratica. O amor ao processo faz o tempo voar. Os resultados tornam compensadores todos os momentos desse caminho solitário (a abençoada solidão). O fazer artístico é a convergência do artista com a sua criação e, ao mesmo tempo, a conexão consigo mesmo e sua identidade.

Ter um público também é essencial, afinal, guardar tudo para si só pode ser fruto de um egoísmo desmedido ou de uma timidez crônica. Colocar a produção diante de uma plateia faz o artista vivenciar os louros de ser quem é e do que faz. Não por envaidecimento ou aceitação, mas por presenciar como a sua obra se reflete em seus pares e quais as influências sobre outros pensamentos.

Um alcance amplo nem sempre é acessível - por incrível que possa parecer na vastidão da internet-, pois as exigências das mídias sociais são bem duras ao amador, na mesma medida em que os seus usuários também têm lá os seus critérios. Destacar-se não é apenas um desafio, é uma questão de padrões e de superexposição. Um caminho glamouroso e, sob alguns pontos de vista, tentador ao ego mais saliente.
Nesse caso, contento-me com o que tenho, com as coisas que levo comigo e com o lugar onde estou. Não busco nada além. No entanto, ainda lancei mão de algo para despertar o interesse e a sensibilidade de quem estivesse transitando distraidamente, ou mesmo dos círculos de relacionamentos dos quais faço parte e que tanto tenho apreço.

No primeiro caso, recorri às tags que surgiram neste início de ano. Fui me esgueirando para dentro desse jogo como quem não quer nada, apenas para ver no que resultava. Com a participação das tags #MikeyFeito e #SixFanarts, voltei olhares ao meu perfil, atraindo dois ou três seguidores e tendo maior alcance.
 
Foi muito legal ter essa chance de fazer um gracejo com meus amigos e ter a atenção de alguns desconhecidos. Recomendo aos colegas artistas que também façam isso, se for possível, pois é uma boa maneira de se divertir muito e interagir ainda mais.

[Esse post é parte de uma série sobre o (meu) processo de fazer quadrinhos.] [Parte I aqui] Como toda prática artística, o desenhar exige ...

[Esse post é parte de uma série sobre o (meu) processo de fazer quadrinhos.] [Parte I aqui]

Como toda prática artística, o desenhar exige regularidade e comprometimento. Manter periodicidade e uma rotina de desenho - com prazos, horas estabelecidas e dias marcados - dentro de cronogramas e metas, potencializa a produtividade e a melhora do trabalho. Ainda que de uma maneira suave, cobrar-se alguns objetivos trará os resultados desejados efetivamente, tornando a rotina do artista uma constante.

Neste momento de hiato (forçado) do Ato Falho, não estou parado. O estudo de desenho, as anotações e pesquisas para os capítulos seguintes continuam. Assim como tento tirar o máximo proveito de minhas pausas para cafés, incrementando diálogos, cenas, etc. A marcha lenta nos desenhos não vai durar mais muito tempo, pois começo a segunda parte do Anátema da Arte e a primeira parte do capítulo seguinte, a partir da metade deste mês. Meus planos incluem colocar isso tudo no Tapas ao iniciar o segundo semestre.
Quadrinhos diversos que nunca publiquei.

No tocante ao Ato Falho, os métodos que aplico são bem meus, resultantes de experimentos pessoais. Costumo escrever às quartas e quintas-feiras, desenho aos sábados e segundas. Tenho um quadro branco na parede sobre meu computador onde traço meus objetivos, estipulando datas e outros detalhes aos quais devo voltar a atenção durante o cotidiano. Ele me ajuda a focar no que pretendo fazer e me dá uma percepção visual de tempo.
Um bloco desses faz qualquer desenhista feliz.
Como dito no post anterior dessa série, quando meu roteiro está pronto e faço o raf, parto para o lápis. O lápis é o trabalho mais intenso de uma página. Exige uma maior concentração. A rigor, trata-se da "alma" pictórica de uma página de HQ. Do esboço à definição de linhas destinadas à lineart, manter a estética e ao mesmo tempo ter uma produção ágil, são alguns dos maiores desafios que encaro.
Lápis e lapiseiras que mais uso.

Uso o papel Layout 180g/m2 da Canson, no tamanho A3: o melhor papel que já experimentei. Tenho preferência por lapiseiras 0.5 com grafites 2B... Até uso lápis, só que não ter que apontar constantemente e a precisão permitida pela lapiseira me são mais satisfatórios. Tenho experimentado também o lápis de mina azul (Col-Eraser) da Prismacolor. Avalio muito bem esse material, ele tem as vantagens de não aparecer no scaneamento e minimizar, assim, o uso da borracha na finalização.

Tomo a folha, marco margens de 3,5cm e começo a desenhar com tranquilidade, aproveitando esse momento que reservo a mim mesmo, aliviando-me toda e qualquer negatividade. O meu "guilty pleasure" enquanto desenho é o de ouvir a TV. Desenho sempre com a TV ligada... Pode isso? É, acho que posso, sim, estou perdoado. Até a próxima!