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[Esse post é parte de uma série sobre o (meu) processo de fazer quadrinhos. Nele vou me ater, em linhas gerais, a como inicio uma pág...

17/02/2020 - Fazendo Quadrinhos - Páginas de Quadrinhos I

 

[Esse post é parte de uma série sobre o (meu) processo de fazer quadrinhos. Nele vou me ater, em linhas gerais, a como inicio uma página e à parte técnica de tratamento de imagem.]

Em primeiro lugar, fazer quadrinhos pode ser um plano na vida profissional, ou também, uma iniciativa artística livre de pretensões maiores - a escolha pessoal depende do artista. Mas o que não se pode negar é a força criativa exigida por esse suporte e o quanto de tempo é necessário para praticá-lo. Caso exista uma certa inclinação a esse rigoroso processo de criação e o desejo por contar histórias, o autor irá valer-se do poder dos Quadrinhos e seus recursos, unindo imagens e textos para expressar ideias e conduzir narrativas.
Página teste de tempos. Está no meu DeviantART.

Constituída por muitas etapas, a elaboração de uma HQ precisa sempre contar com a intuição e a bagagem de conhecimentos do artista, como a Escrita, o Desenho e a Ilustração. Quem se coloca a quadrinizar deve, antes de tudo, conhecer a linguagem. Ler Quadrinhos - e estar atendo aos detalhes de sua leitura - é imprescindível, assim como a busca por referências diversas e o consumo constante e variado dessa mídia. Também há livros muito bons sobre como fazer Quadrinhos, recorrer a eles é um ótimo jeito de se aperfeiçoar.
 
Antes de tudo, o roteiro deve estar pronto para ser quadrinizado, porque o trabalho intenso de se fazer uma página pode ser colocado a perder se houver alterações muito gritantes. É possível colar cenas alteradas sobre a página ou refazer toda ela, mas o melhor é seguir desenhando com decisão. Quando estou certo de que o texto está feito em sua versão definitiva, parto para o Rafe. Trata-se de um desenho bem rápido de como será a página. Coloco ali os enquadramentos, posicionamentos de câmera, os personagens, suas ações e mais ou menos a posição das falas. O Rafe aponta a direção a ser tomada e é bem importante.
 
Estando tudo de acordo, vou ao o lápis da página. Claro que já tenho as referências visuais coletadas, os Model Sheets de meus personagens e o que eu precisar. Busco as referências visuais quase sempre no Pinterest - um site magnífico ao artista visual.

  
Rafe e arte finalizada. Parte da minha webcomic Ato Falho.

Quando termino o lápis, é hora de limpar o desenho. Nesse ponto faço uma observação importante: se o artista pensa em monetizar originais, precisará limpar o desenho transferindo o esboço para outra folha, do contrário, o retoque digital dá conta. A arte final (aplicar o nanquim) vai da preferência do artista. Eu faço com pinceis e caneta Uni Pin 0.8. Gosto muito de aplicar nanquim, acho relaxante.

Página guia no Photoshop (clichê para padronizar). Pesquisas no Pinterest.
 
Escanear não é mistério. Caso se use folhas A3, em um scanner A4, o ideal é digitalizar a página em três partes e montar no software de edição de imagens. Depois converter para o modo de cor "Tons de Cinza", elevar o contraste ao nível máximo e o brilho a 66%. Tenho um clichê de página salvo entre minhas organizações com tamanho apropriado, margens e paleta de cores. Quando o utilizo, salvo o arquivo com outro nome e fico trabalhando nele. Os passos seguintes são as cores e o letreiramento no InDesign, o que serão assuntos para o futuro.

Bem, isso é mais ou menos um trecho de como edito os Quadrinhos que faço, parte de minha rotina como autor de fins de semanas. Outros posts com esse mote virão, e espero que agradem ao leitor. Até lá!