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Impossível comentar positivamente o ano de 2020. Por mais que eu queira, nada tenho a dizer em seu favor. Ninguém saiu ileso dessa, estava t...

Impossível comentar positivamente o ano de 2020. Por mais que eu queira, nada tenho a dizer em seu favor. Ninguém saiu ileso dessa, estava tudo nos canais da internet e nos noticiários: milhares de vidas perdidas e uma crise impiedosa causadora de sofrimento e desamparo.  As discórdias e angústias nos encurralaram, o mundo virou do avesso e encaramos uma salobra realidade. Sinto-me privilegiado com as possibilidades que tive nesses meses de isolamento, mas me abala intensamente o pesar por todos que foram atingidos de maneira mais dura.

O ano chega ao seu fim.
 
Não era desse jeito que eu gostaria de começar meu balancete de final de ano. Não é o tipo de comentário comum neste blog. Estou aqui para afastar o mal-estar e as preocupações e, infelizmente, dessa vez foi diferente. E justo por isso, vou direto à lista, acessando apenas as memórias mais leves que tive nesse ano que se despede.


Balancete de 2020:


Projeto Cenobites: Série de desenhos com personagens inspirados no universo Hellraiser de Clive Barker. - concluído em 04 de janeiro [link]

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Sequenciálogos: Exposição de meus originais (flopou por causa da pandemia) - de 16 de março a 24 abril [link]

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Meu site oficial entra no ar -  09 de abril [link]

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Live no Instagram - 30 de abril [link]

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Resenha de Ato Falho no Universo dos Quadrinhos - 03 de maio [link]

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Resenha da Noite Escura no Zona Negativa - 15 de outubro [link]

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Primeiras Commissions - 06 de novembro [link]

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Primeira Live no Twitch - 28 de novembro [link]


Pendentes:
Fanzine Zinapse.
A Vida é Justa - HQ em parceria com Evaristo Ramos.
Mangá P.Age 11.1.
 
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Desejo a todos um bom final de ano e que dias melhores surjam para todos nós.

Esboçar é preciso. Meus hábitos no desenho envolvem o ato de esboçar como uma etapa inerente ao meu processo. Não me vejo desenhando de outr...

Esboçar é preciso. Meus hábitos no desenho envolvem o ato de esboçar como uma etapa inerente ao meu processo. Não me vejo desenhando de outro jeito.  Planejo o desenho, dou a ele uma estrutura e vou esmerando as formas, ajeitando até eu gostar do que vejo.  Procuro melhorar sempre o controle sobre as primeiras aplicações do lápis, tentando ir do início ao fim de uma página sem a necessidade da mesa de luz.  E ninguém um dia me disse que seria fácil.

Grafite e lápis de minas azuis que experimentei.
Em minha primeira HQ, a Prisma Negro, coloquei-me no manejo do grafite azul da Pentel. Corajosamente. E não estou tentando me gabar: é que esses grafites não aceitam a borracha. A HQ teve mais de quarenta páginas apenas com rápidas esboçadas e as finalizações sem franjas a aparar - os detalhes vinham na hora do nanquim. Embora me orgulhe dessa proeza, não a quero repetir jamais. Apenas pelo valor que hoje dou ao esboço como um importante método de se ter resultados melhores.

Lápis azul. (HQ nunca publicada)
Mas ainda tenho uma boa relação com os grafites azuis, por causa da agilidade que oferecem. Com uma mexida no contraste em um software de edição, as linhas dos esboços não aparecem. Evitando fazer aquela sujeirada com a borracha como quando se usa o grafite cinza.  E tem outra: o esboço com linhas azuis nos permitem estudar o desenho sob outras percepções. O problema é o do detalhamento, o qual vai pedir o grafite convencional de qualquer jeito. Mas, se o desenhista já tiver mentalizada uma biblioteca visual do que está desenhando, pode partir para a finalização sem grilos.
 
Como o grafite azul da Pentel ainda me causa alguns receios, agradou-me saber que existem lápis de minas azuis apagáveis com as borrachas comuns. E fui à caça de informações sobre eles e os adquiri. O primeiro foi o Col Erase da Prismacolor, sobre o qual só tenho elogios. Apaga com a borracha conforme o prometido (dependendo do quão se marque o papel), passou no teste do "Brilho e Contraste" e o material não é tão caro. Fiz alguns quadrinhos que nunca publiquei usando o Col Erase e, como o já dito, detalhes pedem os grafites convencionais.

Traçados azuis sobrepostos com nanquim.

Desembolsando uns tostões a mais, consegui  adquirir um kit com dois lápis Sketcher da Caran D'Ache. Este já tem o azul bem suave e é extremamente macio.  No escanner, só na conversão para "Tons de Cinza"... desapareceu. O problema mais evidente é que o lápis não dura tanto, apontar ele com frequência é uma necessidade inevitável, já que a ponta engrossa rapidamente. Também o utilizei em HQs testes nunca publicadas.

A história dos grafites azuis é antiga, vem do tempo das fotocopiadoras e nas produções de fotolitos. Isso porque os traços azuis somem quando reproduzidos para as impressões em preto e branco. Hoje, há quem goste do efeito de se ter o esboço aparecendo sob a tinta, assim, usa-se também os grafites vermelhos e os laranjas. Seja qual for a intenção, ambos os casos são interessantes.