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Antes da utilização da pintura digital e das Copics, eu fazia o uso eventual de um kit de aquarelas da Sakura para colocar cores nos meus tr...

Antes da utilização da pintura digital e das Copics, eu fazia o uso eventual de um kit de aquarelas da Sakura para colocar cores nos meus traçados. Ainda que com uma experiência curta, minhas habilidades são intermediárias e eu estou até satisfeito, mesmo não me dando tão bem com esse material tal os artistas que acompanho. Vivo me prometendo dedicação e tenacidade maiores na coisa... interesse não falta, mas há tanto a se fazer e dar conta...

Já tentei ilustrações infantis.

A aquarela é indomável, usá-la é abrir mão do controle e se deixar ser guiado por ela. O que talvez seja o fato que mais assuste um iniciante - eu incluso. Porém, é esse temor que me atrai na técnica, considerando-a mística e encantadora por causa de sua imprevisibilidade. Ok que a brisada pegou valendo, mas e daí? Aquarela é isso, é fluidez e encanto. Não sou de fazer paralelos entre atividades distintas, só que me permitindo a mancada: aquarelar está para a pintura como a poesia está para a escrita.
Há quem se veja acanhado pelo despreparo e adie o praticar por tempo indefinido. Arruma mil e uma desculpas e.. não começa. Daí não aprende mesmo. Desde ainda jovem, meio que aprendi que "dar com os burros n´água" só faz bem e nos mostra o caminho direitinho -  é o que chamamos de aprendizado. Outra é que não existe resultados da noite para o dia (do dia para a noite aos insones), tudo leva tempo, requer prática e entendimento. Se você faz algo prestando a máxima atenção, com método e categoria... vais levar tapinhas nas costas cedo ou tarde. E se muito tarde, antes tarde do que jamais.

Kit Extraforte de Aquarelas.

Como não tenho cacife para ensinar ninguém, falarei apenas do que faço quando quero aquarelar. A internet, meu amigo... infinitas possibilidades de aprendizagem (nem sempre grátis, mas tudo bem). Puxo meu kit de aquarelas da Pentel - que o pessoal habitualmente se refere como "linha escolar" -, um godê, pincéis e um copo d´água. E eu preciso de um desenho... então faço um desenho limpinho, passado de um papel fuleiro a um papel para aquarela. Talvez usando uma mesas de luz como já sugeri uma vez. E então, é mãos à obra. Pronto. Taí a explicação.

Costumo começar com uma camada mais clara e depois vou dando peso com a percepção de luz e sombra. Tem um lance que faço que, sei lá, gosto: deixo áreas brancas nas partes mais claras dos desenhos. E sigo misturando as cores, fazendo os tons desejados... e lá vai água, tinta, guardanapo (para acelerar a secagem um secador de cabelos pequeno), nervosismo, assobios, palavrões, etc.
 
Espero não ter lhe decepcionado, mas o meu processo de aquarelar é esse. Se você quer partir para a aquarela, um aviso: é legal demais, mas demanda tempo! Boa sorte!

Resistir à tecnologia talvez pareça um ato de preservar a essência das coisas. Fazer algo sem o auxílio de aparatos eletrônicos, devo admiti...

Resistir à tecnologia talvez pareça um ato de preservar a essência das coisas. Fazer algo sem o auxílio de aparatos eletrônicos, devo admitir, faz-nos crer nos caminhos mais difíceis como mais meritórios. Um argumento até atraente. Mas e então? Parar no tempo e negar-se a usar novos recursos facilitadores transforma mesmo um trabalho em uma obra melhor? Fiz-me essa pergunta depois de muito dar ouvidos aos adeptos dos métodos tradicionais, bem como aos já iniciados exclusivamente nos processos digitais e aos multifacetados vindos dos diversos becos e veredas da internet.

Parte de minhas tiras digitais da série Hana-O.

Referindo-me ao desenho, pintura e demais Artes Visuais, parece-me que o uso tecnológico - mesmo permanecendo fora de consenso - demonstra um avanço à aceitação dentro do panorama atual. Pendendo opiniões a seu favor, as máquinas arraigam um expressivo número de artistas a cada tecnologia nova e sua progressiva acessibilidade. Acredito que os novos recursos estão ganhando recentes adeptos devido ao acesso mais barato aos equipamentos. Há uns mais caros que outros, mas pode-se fazer muito com marcas mais acessíveis desses dispositivos.

Aliado aos hardwares, vem as necessidades de se tornar íntimo a um software de edição. Talvez outro dos motivos de muitos se negarem a fazer a migração. Penso que o artista decidido a aprender conseguirá o domínio dos editores de imagens, cedo ou tarde, seja pela insistência ou pela necessidade (se a maré sobe, aprende-se a nadar!). E nesse ponto estamos diante de uma realidade: quando se precisa de resultados específicos ou quer se tonar um profissional no desenho, parece-me imprescindível tais conhecimentos. Alterações, adaptações, rapidez, etc... fazem parte dessas necessidades.

"Ato Falho" em 2018, quando eu iniciava com o desenho digital.

E as ferramentas, por si, nada fazem. Alcançar o que se pretende na Arte depende de estudo, de observação e prática. Sendo - no final das contas - o uso de um lápis, ou de um enorme display, pouco a se considerar já que se sobrepõem a eles a dedicação e o fazer artístico diligente. E portanto, respondendo à pergunta que me fiz internamente, posso dizer aqui a minha resposta mais sincera: - a Arte digital não só é válida como necessária. Se o problema é desenhar livremente tanto no papel, quanto em um computador, basta praticar em ambos e ter uma relação especifica com cada um dos dois.