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Materiais em mãos, um ajuste na cadeira, nos aproximamos da prancheta ou da mesa… E... então, estamos diante de uma folha em branco de um sk...

Materiais em mãos, um ajuste na cadeira, nos aproximamos da prancheta ou da mesa… E... então, estamos diante de uma folha em branco de um sketchbook. Aquele ânimo urgente de desenhar parece ter nos abandonado e, como em uma conversa entre estranhos, o assunto não surge. Vamos estragar uma folha? Não vou fazer uma Obra de Arte magnífica? Talvez, e do meu ponto de vista, são as últimas coisas a se considerar ao se usar um sketchbook. Colocar nele o que tivermos vontade é o que o torna um instrumento de tão ampla utilização.

Tenho minhas estratégias para lidar com esse momento tão peculiar. Há uma fonte inesgotável de personagens fictícios por aí, dos já desenhados antes, aos existentes só na imaginação - de outros autores e das nossas. Também talvez fotos de pessoas que conhecemos da mídia ou pessoalmente (nossos celulares estão apinhados de fotos). Há a possibilidade de utilizar o sketchbook para treinos e experimentações - que podem perfeitamente ir para uma rede social, ou serem mostrados ao pessoal em torno da mesa no shopping. Eu acho que podem sim, o critério é se divertir.

A Rainha das Trevas.

Desafiar-se é uma boa. O exercícios de concepção de personagens seguindo temas como cores, elementos e referenciais diversos possivelmente dará muito o que trabalhar e exercitar. Por exemplo: figuras humanas com características de frutas, animais, vestuários específicos e outras infinidades de motivos. As experimentações com materiais diversos também trarão resultados interessantes. Lápis de cor, aquarelas, Copics, nanquim etc... Todos são bem-vindos nas páginas de nossos cadernos.

Treinos também têm sua beleza.
Não aborte seus desenhos, não desista deles, ou os subestime. Há muitas maneiras de melhorar e transformar os erros em acertos. O legal é fazer de cada sketch, por mal executado que seja, merecedor de uma atenção com cuidado especial de ser finalizado mesmo com seus defeitos. Eu encho cada folha com vários rabiscos para que os desenhos feios realcem os melhores e o melhores valorizem os feios também. Devemos nos permitir o desenhar feio, torto, afinal o sketchbook é uma brincadeira. Levar ele a sério demais torna as coisas chatas.

Funkeira fazendo poses.

Todos os sábados à tarde, tomo meu café e após minhas obrigações, abro o sketchbook e passo momentos muito agradáveis. Na maioria das vezes, pego meu tablet, acesso o Pinterest e o que vier eu topo. Fotos, cenários, bichos, mecanismos… Vale tudo. E é essa a minha sugestão a todos com fome de fazer arte, de expressar e criar através do traço.

Então, já sabe. Tenha um compromisso com o seu sketchbook e busque as inspirações prediletas com tudo o que você tem vontade. Eu faço assim, pode ser que também funcione com você.

Antes de cair nas graças dos sketchbooks, meus rabiscos experimentais eram em folhas sulfites A3 avulsas. Esse engano me trouxe grandes ar...

Antes de cair nas graças dos sketchbooks, meus rabiscos experimentais eram em folhas sulfites A3 avulsas. Esse engano me trouxe grandes arrependimentos. O tempo passou com os treinamentos nessas folhas, e os resultados disso foram a desorganização, perda de noção de progresso e o acúmulo de material impossível de se manter dentro de casa.

Recentemente, antes de publicar meu Artbook Vol 1 - disponível para download em algum canto deste blog -, fui obrigado a descartar quilos de papel. Não havia como escanear tudo (tive que selecionar muito criteriosamente), portanto entreguei a papelada ao caminhão do lixo, que seguiu seu curso pela cidade carregando bolsas de desenhos meus, até o seu destino, que é nada menos do que a destruição total e definitiva de muitas ideias e rabiscos... junto às possibilidades diversas de aproveitamento que talvez alguns deles pudessem fornecer.

De alguns anos para cá, incorporei os sketchbooks ao meu cotidiano com bastante entusiasmo, algo que já falei aqui e que reafirmo com a veemência mais absoluta. Felizmente, com a Papelaria Fátima aqui ao meu alcance no centro da cidade, tornando as aquisições dos itens imediatas e dispensando a taxação dos Correios, comecei a lidar com esse material tão útil e vantajoso.

Acho que o leitor concorda comigo que usar um sketchbook é uma atividade gostosa e organizada, simples e capaz de despertar a criatividade e a vontade de desenhar no dia a dia. Ser artista do traço e não ter um sketchbook é um tremendo sacrilégio artístico, deveria ser crime e passível de multa. Brincadeiras à parte, é importante registrar progressos, anotar, intuir e tudo mais que a brincadeira tem a oferecer. Já tive alguns sketchbooks e a proposta de hoje é falar um pouco deles sob meus pontos de vista.

Meu primeiro caderno de desenho foi um A5 da Canson. Aos meus olhos, parecia ser um material perfeito. Naquele tempo, sim, era a melhor opção. Capa dura, encadernação resistente e um ótimo papel. Eu nunca havia visto um caderno de desenho com papel 150gr. Mas algo me impediu de continuar usando. Foi que a partir de 20% de folhas desenhadas, a encadernação dificultava o folhear. Eu explico: com a lombada quadrada as páginas precisam de mais pressão para serem passadas, ficando salientes e difíceis de manter retas. Um problemão que espero a Canson já ter se dado conta.
  

O Sketchbook seguinte foi um A4 da Canson. Mesmas características do anterior, mas grandão pacas. Ele herdou os mesmos problemas do irmão menor. Acho que a Canson já deve ter recebido alguns e-mails sobre a qualidade de seus produtos. Foi nesse cadernão que peguei gosto de vez com os sketchbooks. Porque eu ultrapassei as problemáticas e consegui ir além. Não o acabei, porém tenho vontade de voltar a ele qualquer hora para aproveitar os espaços em branco. Fala-se bastante de sustentabilidade e tenho pensado neste sentido. 

A  Canson lançou também uma versão do A4 com as vantagens da encadernação em espiral. Quando vi, caí dentro. Um produto maravilhoso. Se o de lombada quadrada A4 me ofereceu boas experiências, elas se multiplicaram com esse formato tão legal de se manusear. Coloquei a mão na massa valendo... todos os concepts, de minha HQ, Noite Escura, foram feitos em um desses. A encadernação em espiral se transformou em minha preferência definitiva. Ter um sketchbook confortável e de fácil manuseio faz um bem danado. Também há versões em outros tamanhos.
 
Ano passado, propus-me a pegar um sketchbook novo, tirar do plástico e... terminá-lo, com o objetivo de postar mais no instagram. Foi quando adquiri um Academie da Tillibra. Ele tem espiral (como prefiro) com uma proteção de pano, 70 folhas, capa plástica e vem com compartimentos para guardar anexos (o que nunca usei). O papel é semelhante ao da Canson. A experiência com ele foi excelente, saboreei esse sketchbook com grande apetite e foi bem digerido.
 
Mais recentemente, descobri outro modelo de Academie da Tillibra que é superior por ter um papel mais branco e liso, sem a texturinha dos demais. Gostei bastante mesmo da qualidade do papel. São 50 folhas de 150gr, também em espiral, capa dura e se dá muito bem com marcadores (quem me acompanha sabe que os utilizo). Interessante saber que, embora tenha qualidade que se destaca, esse esketchbook é bem mais barato... tem o custo de menos da metade dos da Canson e do primeiro Academie Tillibra.

Essas são boas marcas, bons de usar, etc. No entanto, não há necessidade de super materiais para se fazer arte. Ferramentas baratas e artesanais também valem a pena. Já vi artistas desenvolvendo peças sensacionais com material escolar. Sobre sketchbooks, o importante é usar os cadernos e isso independe de marcas, ou do que é feito. Praticar é que é o essencial.