Antes de cair nas graças dos sketchbooks, meus rabiscos experimentais
eram em folhas sulfites A3 avulsas. Esse engano me trouxe grandes
arrependimentos. O tempo passou com os treinamentos nessas folhas, e os
resultados disso foram a desorganização, perda de noção de progresso e o
acúmulo de material impossível de se manter dentro de casa.
Recentemente, antes de publicar meu Artbook Vol 1 - disponível para download
em algum canto deste blog -, fui obrigado a descartar quilos de papel. Não havia como escanear tudo (tive que selecionar muito criteriosamente), portanto entreguei a papelada ao caminhão do lixo, que seguiu seu curso pela cidade carregando
bolsas de desenhos meus, até o seu destino, que é nada menos do que a destruição total e definitiva de
muitas ideias e rabiscos... junto às possibilidades diversas de
aproveitamento que talvez alguns deles pudessem fornecer.
De alguns anos para cá, incorporei os sketchbooks ao meu cotidiano com bastante entusiasmo, algo que já falei aqui e que reafirmo com a veemência mais absoluta. Felizmente, com a Papelaria Fátima
aqui ao meu alcance no centro da cidade, tornando as aquisições dos itens imediatas e dispensando a
taxação dos Correios, comecei a lidar com esse material tão
útil e vantajoso.
Acho que o leitor concorda comigo que usar um sketchbook é uma atividade gostosa e organizada, simples e capaz de despertar a
criatividade e a vontade de desenhar no dia a dia. Ser artista do
traço e não ter um sketchbook é um tremendo sacrilégio artístico, deveria ser
crime e passível de multa. Brincadeiras à parte, é importante registrar progressos, anotar,
intuir e tudo mais que a brincadeira tem a oferecer. Já
tive alguns sketchbooks e a proposta de hoje é falar um pouco deles sob
meus pontos de vista.
Meu primeiro caderno de desenho foi um A5 da Canson. Aos meus olhos, parecia ser um material perfeito. Naquele tempo, sim, era a melhor
opção. Capa dura,
encadernação resistente e um ótimo papel. Eu nunca havia visto um
caderno de desenho com papel 150gr. Mas algo me impediu de continuar usando. Foi que a partir de 20% de
folhas desenhadas, a encadernação dificultava o folhear. Eu explico: com a
lombada quadrada as páginas precisam de mais pressão para serem
passadas, ficando salientes e difíceis de manter retas. Um problemão que
espero a Canson já ter se dado conta.
O Sketchbook seguinte foi
um A4 da Canson. Mesmas características do anterior, mas grandão pacas.
Ele herdou os mesmos problemas do irmão menor. Acho que a Canson já
deve ter recebido alguns e-mails sobre a qualidade de seus produtos. Foi
nesse cadernão que peguei gosto de vez com os sketchbooks. Porque eu
ultrapassei as problemáticas e consegui ir além. Não o acabei, porém
tenho vontade de voltar a ele qualquer hora para aproveitar os espaços
em branco. Fala-se bastante de sustentabilidade e tenho pensado neste
sentido.
Ano passado, propus-me a pegar um sketchbook novo, tirar do plástico e... terminá-lo, com o objetivo de postar mais no instagram. Foi quando adquiri um Academie da Tillibra. Ele tem espiral (como prefiro) com uma proteção de pano, 70 folhas, capa plástica e vem com compartimentos para guardar anexos (o que nunca usei). O papel é semelhante ao da Canson. A experiência com ele foi excelente, saboreei esse sketchbook com grande apetite e foi bem digerido.
Mais recentemente, descobri outro modelo de Academie da Tillibra que é superior por ter um papel mais branco e liso, sem a texturinha dos demais. Gostei bastante mesmo da qualidade do papel. São 50 folhas de 150gr, também em espiral, capa dura e se dá muito bem com marcadores (quem me acompanha sabe que os utilizo). Interessante saber que, embora tenha qualidade que se destaca, esse esketchbook é bem mais barato... tem o custo de menos da metade dos da Canson e do primeiro Academie Tillibra.
Essas são boas marcas, bons de usar, etc. No entanto, não há necessidade de super materiais para se fazer arte. Ferramentas baratas e artesanais também valem a pena. Já vi artistas desenvolvendo peças sensacionais com material escolar. Sobre sketchbooks, o importante é usar os cadernos e isso independe de marcas, ou do que é feito. Praticar é que é o essencial.