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Durante o afastamento social, resultante da pandemia do COVID 19, as performances em lives se tornaram bastante populares. Dispensando acess...

Durante o afastamento social, resultante da pandemia do COVID 19, as performances em lives se tornaram bastante populares. Dispensando acessar quaisquer pesquisas ou estatísticas, pouca gente deixou de notar o fenômeno do streaming - e seus milhares de espectadores - durante o período de isolamento. Ao mesmo tempo em que muitos tomaram a iniciativa de se lançar à atividade de forma mais ativa, deixando de serem apenas parte da audiência e transmitindo os seus próprios talentos online: dos(as) gamers aos(às) artesãos(ãs), dos(as) desenhistas(as) aos(às) DJ´s, etc.

Acompanhei esse período dando atenção aos conteúdos que mais me interessavam, como as Artes e os Quadrinhos - às vezes excessivamente. Depois, também embarquei na ideia, tentando levar o meu trabalho como artista a uma possível plateia. Pensei o seguinte: vou desenhar de um jeito ou de outro e se posso fazer stream enquanto isso, será um tempo aproveitado em dobro. E então? por que parei de fazer lives? Vamos aos três motivos:

1 - Não tive traquejo para arraigar público. Acho difícil me “enturmar”, a gerência de muitos contatos me confunde um pouco. Tenho talento nulo para isto, minhas habilidades sociais são mínimas até mesmo no ambiente virtual. Fiz boas amizades, tive o prestígio de pessoas queridas, mas não fui além na busca por audiência. Acho que só isso já justificaria, porém há mais.

2 - Frequência: ser streamer carece de frequência, uma agenda de transmissões com horários e calendários estrategicamente elaborados a serem cumpridos. Quanto mais transmissões e mais longas elas eram, mais alcance havia. Eu estaria disposto a isso? Infelizmente seria necessário sacrificar muitos outros afazeres que considero prioridades. Ser notório como streamer definitivamente não é um grande interesse para mim.

3 -
Também sou um sujeito muito reservado. Sei que existem muitas alternativas a quem é tímido e quer ocultar a identidade nas transmissões, mas notei que cada live era uma forma de me expor demais e estava ferindo bastante o meu bem-estar. Prefiro me expressar pela palavra escrita e pela Arte Sequencial. Mesmo que, nessas duas atividades, também esteja colocando muito de mim, fico mais tranquilo com a necessidade de maior disposição por parte do interessado. Considero o anonimato infinitamente mais satisfatório: é uma de minhas zonas de conforto da qual me nego a sair.

Então ficamos assim, nada mais de lives, pois dispenso exposição demasiada e tudo o que esse tipo de atividade traz consigo. Sou um desenhista de estúdio e não de shows, prefiro uma atenção mais seleta.

Há uma vasta gama de possibilidades ao desenharmos com a ausência das cores e com a soma de todas elas: o preto e o branco. É claro que em t...

Há uma vasta gama de possibilidades ao desenharmos com a ausência das cores e com a soma de todas elas: o preto e o branco. É claro que em torno das cores, orbitam fundamentos científicos diversos, os quais comprovam o quanto é possível atingir sensorialmente quando exploramos este campo de estudos. A História da Arte nos mostra que a influência das cores - presentes desde a propaganda, passando pelo entretenimento, até os museus - atrai o interesse e encantamento de multidões, não importando quais as suas origens. Entretanto, quando há apenas duas possibilidades - o minimalismo de dois elementos -, o assunto também passa a ser igualmente interessante e profundo.

O Yin e o Yang, a luz e a sombra, o preenchimento e a ausência.

Sempre gostei da arte monocromática, observando-a tanto em obras de autores como MC Echer, quanto nas páginas das Histórias em Quadrinhos (Conan, Dylan Dog e Hellboy, etc). As múltiplas possibilidades do preto sobre o branco trazem elegância e, segundo as habilidades do Artista, leituras de imagens extremamente agradáveis aos nossos olhos.

O alto contraste e as projeções rígidas em preto no Desenho também necessitam de muita atenção e conhecimentos. Essas técnicas causam estímulos marcantes ao observador. Do lado de quem executa a Arte, os usuários do nanquim puro - às vezes aliado à tinta branca - transformam claro e escuro em efeitos de subtrações, tridimensionalidades, profundidades e volumes.

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Já estou aprendendo, observando e tentando chegar lá. Há muito a ser estudado ainda e esses desafios são sempre intensas motivações, cuja tenacidade exigida é de onde retiro o entusiasmo em absorver ideias. A cada dia colho um pouco de meus esforços e o processo ensina, mostra possibilidades e me faz querer melhorar. Essa disposição pela constante produção traz muita energia e torna ainda mais deleitoso o meu caminhar ao longo da vida.

Durante os meses passados, coloquei em prática algumas tentativas com a arte monocromática, usando tinta nanquim e recursos digitais. O resultado foi um fanzine de vinte páginas intitulado “Black Ink Girls”. Um nome já bem sugestivo se considerarmos o teor deste post. Neste volume virtual (em PDF), faço uma coletânea dos meus melhores resultados iniciais, trazendo concepções com a estética de luz e sombra sem tons intermediários. Espero que o leitor goste.