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Se nos debruçarmos sobre a História da Arte e determos o olhar em alguns de seus momentos, não raramente nos chocaremos - sem surpresa algum...

17/06/2024 - A Existencia da Arte Menor

 

Se nos debruçarmos sobre a História da Arte e determos o olhar em alguns de seus momentos, não raramente nos chocaremos - sem surpresa alguma - com conceitos causadores de estranhamento se comparados aos entendimentos mais atuais. Aristóteles observava a Arte com menosprezo, definindo-a como apenas mera “cópia da realidade”. Na idade média, artistas recebiam a avalia de seus trabalhos como produtos de operações de mão de obra “braçal”. As vertentes de labores intelectuais, daquela localização histórica, eram tidas como superiores, pondo à parte as “artes menores” (Desenho, Pintura, Escultura, etc).

Esses recortes históricos não persistem em sua cronologia. O quadro já se inverteu acentuadamente ao longo dos séculos, tanto retrocedendo no tempo, quanto para a atualidade. O reconhecimento em torno de grandes criadores e valorização de suas produções são indistinguíveis da trajetória humana. As expressões Artísticas manifestaram amplas variedades de estilos e técnicas nos muitos nichos e origens culturais conhecidos - resultando em uma celebração às múltiplas expressões visuais observadas nos quatro cantos do globo.

Uma Arte “menor”, na contemporaneidade, é possível de ser assim nominada se através dos critérios de um avaliador sustentando um limitado repertório. Ao meu ver, teoria e investigação devem predominar sobre o “gostar” ou “não gostar”, do encontrar “sentido” ou não. Ainda hoje, considera-se válido tais quesitos de avaliação leiga sobre exposições. Ao que me permito não me opor inteiramente, pois seria adequado também considerar o ponto de vista do observador despropositadamente irrefletido culturalmente. A interpretação de um espectador pode ser aferida pelos seus paradigmas estéticos e ideais de beleza, bem como suas experiências de vida, tanto definida por onde esteve, quanto pelo o que consumiu até o momento do encontro com a amostra a ser julgada. 

Para mim, nem sempre o que está em jogo é a técnica do que está exposto, pois em seu lugar, a atenção pode se voltar à intenção e ao conceito. A reflexão sobrepõe os métodos de execução, o detalhamento, recursos, etc. Então que, como dito antes, o estudo do tema ou uma curadoria poderiam nos esclarecer, evitando uma conclusão antecipada. Principalmente, quando estamos diante de uma produção que requer de nós uma afiada percepção subjetiva e demais exageros de matizes conceituais pressupostos pelo autor. Ainda falando de meus pensamentos, admito que costumo me dar melhor o que atinge tanto o espírito quanto o olhar. Às vezes, mais o olhar. Não por isso, estou do outro lado da discussão, pois me mantenho aberto às mais variadas hipóteses de inspiração e influências possíveis.