O motivo para este post não poderia ser mais pessoal. Vemos aqui a Vivi em uma prática magística, executando um ritual onde há a alteração do mundo ao seu redor e a mudança da realidade através de manipulações místicas de elementos do inconsciente. Estaria a própria Vivi me evocando para a desenhar dentro dessa cena?
Meus primeiros contatos com a magia foram pelas mãos de meu saudoso tio Pê, presenteando-me com um exemplar de O Alquimista da autoria de Paulo Coelho. Com essa leitura, fui movido a buscar outro de seus best-sellers: o Diário de um Mago. Dessas duas obras, eu, um jovem de quatorze anos, absorvi os conceitos do que seria a magia com facilidade.
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Lápis feito sem muita preocupação em detalhar. |
Essa compreensão quase sempre era o assunto entre mim e um amigo da mesma idade, também interessado pelo misticismo. Nossas conversas eram longas e submersas na curiosidade sobre o oculto. Não o vi mais em uma dessas esquinas responsáveis por nos afastar de algumas pessoas. Mas após aquela época meus interesses tiveram guinadas e tomaram outras veredas. Por outro lado, a magia permanecia - ainda que oculta nos detalhes.
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A satisfação do sketchbook. |
Voltei-me a ela outra vez em minha segunda internação em uma clínica psiquiátrica, lá nos anos 90. Na rotina da instituição havia a terapia ocupacional, entre o café da manhã e o almoço. Era quando eu me sentia melhor e mais relaxado. Dentre as atividades terapêuticas, eu tentava desenhar, porém alguns medicamentos me impediam por causa da impregnação. Por isso busquei a leitura. Dentre o acervo da clínica, descobri as HQs do Sandman e da coleção Vertigo. Novamente a magia se manifestava. E foi com intensidade.
Já em dois mil e dez, mais estável, embora com acompanhamento profissional e medicado, pude ir morar sozinho pela primeira vez. Diante da liberdade e por ter privacidade a meu favor, resolvi mergulhar na magia como eu sempre desejei. Enriqueci a imaginação com filmes, séries e livros sobre o tema e fui em busca de informações mais verídicas. Acessei as fontes possíveis: podcasts, blogs e livros - todas elas me trouxeram as maravilhas de um caminho rico em imaginação e descobertas.
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Resultado final. |
Os exercícios se mostraram difíceis, mas obtive resultados muito expressivos. Ainda assim, não fui um praticante persistente, as experiências duraram poucos anos. Isso porque percebi que as práticas, os estágios e as provações como magista me traziam desequilíbrios psíquicos, bem como prejuízos à saúde mental - esta que eu tanto luto para preservar. Não fui forte para perseverar e evoluir. Escolhi então, manter apenas um olhar místico sobre meu cotidiano e contemplar a magia presente no dia a dia. Ser artista já é algo mágico.