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Estou decidido, de uma vez por todas, do total banimento de materiais de consumo piratas em todas as áreas de minha vida. O que admito parec...

Estou decidido, de uma vez por todas, do total banimento de materiais de consumo piratas em todas as áreas de minha vida. O que admito parecer uma atitude nada fácil a se seguir, mas que já estou cumprindo. E, olha: garanto que não há tantos impedimentos quanto eu me preparei para enfrentar. Principalmente quando falamos de softwares de editoração e outras ferramentas de trabalho. A verdade está lá fora e pode ser alcançada com o mínimo de esforço. A única despesa maior foi a compra do sistema operacional… exceto isso, apenas um pequeno software de edição de vídeo por uma grana de dois dígitos.

Há, sim, maneiras de se escolher meios alternativos em se tratando de ferramentas de trabalho, como eu já postei aqui quando avaliei alguns programas para arte e desenho digitais. Minha mais recente - e grata - descoberta é o programa de editoração e ilustração vetorial, o Inkscape. Como trabalho com design há um tempo considerável, familiarizo-me e consigo assimilar melhor interfaces novas cujas utilizações sejam similares.
Interface bem legal.
O Inkscape é ótimo com as “Edições de Nós” tanto nos trabalhos vetoriais quanto em Lettering´s. As aplicações para vetores, com comandos e edições, a montagem de layouts e diagramação são muito amigáveis. O trabalho com camadas facilita bastante. A caixa de ferramentas é completa, os menus e as janelas em abas colocam tudo à disposição.

Bézier muito bom de se usar.
Senti falta da possibilidade de múltiplas folhas ou pranchetas, ou seja: para um projeto de várias páginas deverão ser criados arquivos distintos. Avaliei que isso se deve ao fato do Inkscape ainda não ser um software muito robusto e estar suscetível a crashs com excessos de informações nos documentos.
Ilustração vetorial no Inkscape.

Mas temos no Inkscape uma alternativa muito válida. Claro que não poderia ser 100% perfeito, porém é bem recomendado… e se surgir o interesse, sugiro que procure pela última versão, pois há outras anteriores ainda rolando por aí.

Capa de Hana-O - Visões Sombrias. Editada totalmente no Inkscape.

Por fim, deixei aqui o arquivo editável da ilustração que fiz no Inkscape (essa do post) para você baixar e dar uma olhada.

E vamos agradecer esses programadores maravilhosos e, quem sabe, fazer aquela doação merecida!

Quem tem o prazer de desenhar circulando nas veias, sabe o quão gratificante é colocar as ideias no papel. Os estudos, o uso das referência,...

Quem tem o prazer de desenhar circulando nas veias, sabe o quão gratificante é colocar as ideias no papel. Os estudos, o uso das referência, os materiais, o processo... tudo leva sempre à satisfação pessoal. Quem também tem lembranças de uma adolescência em meio a papéis, lápis e canetas e as inúmeras tentativas e erros do traço... conhece as recompensas de se viver em outra sintonia, com a sensibilidade de portas abertas.

O registro mais antigo que tenho de HQ feita por mim (1995)

É pouco dizer que sou nostálgico, mesmo a essa altura da vida. Ainda hoje me volto, frequentemente, às lembranças dos anos pós puberdade, quando eu desenhava e já fazia quadrinhos. Com uma rotina de entrega ao desenho e aos meus personagens, eu me divertia extraordinariamente! Porque não havia pressão e pouca gente via o que era feito - no máximo os amigos próximos e minha família. Meus feedbacks não eram likes, mas sim sorrisos ou comentários encorajadores. A Arte recebia atenção de verdade e era realmente relevante do jeito que deveria ser a um jovem aprendiz.

Ultimamente estou nessa "vibe". Esqueço as exigências (muitas delas partindo de mim) e sigo desenhando livremente, apenas para ter o lúdico trazendo um pouco mais de felicidade aos meus dias. Obviamente que não é somente a Arte a responsável pela felicidade: o convívio com as pessoas queridas, o trabalho, os animais, o entretenimento, etc... também causam bons sentimentos e contribuem para uma mente ser tornar ainda mais criativa. Só que a atividade artística entrega ao cotidiano um tipo de Magia. O envolvimento com a criação e a sua prática me despertam um estado de graça muito similar ao experimentado nos melhores dias da infância.

Terminou, para mim, a busca por aceitação dentro do ambiente virtual. Procuro fazer o meu melhor, ou o que me satisfaça - e fim de papo! Acho excelente quem ambiciona ampla visibilidade e vejo como bastante válido quem queira lucrar com a Arte…capacitar-se, fazer networking, entender o mercado, empreender, etc… Presumo que nunca esteve tão fácil viver de Arte, porque a internet, além de ser uma fonte de informação em prol de tudo isso, é também uma vitrina imensa, com contatos mil, ali, ao alcance. Basta adaptar o trabalho para que seja um produto ou um serviço e fechar negócios.

Por esses motivos digo que cheguei ao topo de minha montanha, e vislumbro que atingi uma altura que me permite avistar o quanto ainda mais tenho a escalar, algo que me causa entusiasmo e me leva a querer vestir minha mochila, calçar bem minhas sandálias e seguir a trilha olhando a bela paisagem que me cerca.

Observando atentamente a minha produção em uma curta retrocedência, dou-me conta do quão repetitivo me tornei à medida em que avancei artist...

Observando atentamente a minha produção em uma curta retrocedência, dou-me conta do quão repetitivo me tornei à medida em que avancei artisticamente. No que se refere à figura humana, há várias recorrências as quais lanço mão e que me parecem ser nada menos que um amadurecimento estilístico por vias da reincidência. Sem receio algum de ter me tornado um desenhista "carimbador" e menos ainda de ser dono de um traço cheio de “vícios”, estou feliz com todas as particularidades do meu lazer de fins de semana.

Um lápis na mão e muito a fazer.
Ainda assim, reflito um pouco mais avante. Pergunto-me até onde se faz necessário perseguir a captação de uma gama abrangente de vocabulário visual. O feeling no desenho pode ser adquirido se utilizados a repetição e a memorização, deste modo os limites acenam em despedida. Mas, segundo o renomado jornalista Malcolm Gladwell, para um ser humano se tornar especialista em algo, precisa de dez mil horas de prática no ofício desejado. O que convenhamos, faz sentido, mas não é uma verdade absoluta - se o leitor me permite tal contestação.

Quando abordamos os inúmeros tópicos sobre Desenho e Quadrinhos, podemos ser menos severos. Ao girarmos o globo terrestre da internet, veremos artistas juvenis, ou adultos com tempo limitado de prática, exibindo ótimas peças, boas técnicas e excelentes resultados. As imperfeições e os inevitáveis erros estão sob nosso olhar… mas para que tanta exigência? Isso ao passo em que profissionais, há décadas, trabalhando em tempo integral e exclusivamente nessas Artes, demonstram erros - esses sim - inadmissíveis.

A Arte nunca foi competição (deixemos isso aos esportes), o saber não é exclusividade de ninguém e, menos ainda o virtuosismo se faz imprescindível. Cada indivíduo está apto a fazer o seu caminho, há alternativas... há meios de se conseguir a realização artística. A mais positiva apologia é à liberdade, às oportunidades e às grandes, pequenas e imensas conquistas dos amantes da Arte. A palavra “dom” não tem significado para mim, menos ainda “vocação”, acho bem mais verídico a vontade de seguir uma paixão e fazer dela uma busca plenamente alcançável.