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Quem tem o prazer de desenhar circulando nas veias, sabe o quão gratificante é colocar as ideias no papel. Os estudos, o uso das referência,...

18/03/2022 - Eu Fazia Porque Gostava

 

Quem tem o prazer de desenhar circulando nas veias, sabe o quão gratificante é colocar as ideias no papel. Os estudos, o uso das referência, os materiais, o processo... tudo leva sempre à satisfação pessoal. Quem também tem lembranças de uma adolescência em meio a papéis, lápis e canetas e as inúmeras tentativas e erros do traço... conhece as recompensas de se viver em outra sintonia, com a sensibilidade de portas abertas.

O registro mais antigo que tenho de HQ feita por mim (1995)

É pouco dizer que sou nostálgico, mesmo a essa altura da vida. Ainda hoje me volto, frequentemente, às lembranças dos anos pós puberdade, quando eu desenhava e já fazia quadrinhos. Com uma rotina de entrega ao desenho e aos meus personagens, eu me divertia extraordinariamente! Porque não havia pressão e pouca gente via o que era feito - no máximo os amigos próximos e minha família. Meus feedbacks não eram likes, mas sim sorrisos ou comentários encorajadores. A Arte recebia atenção de verdade e era realmente relevante do jeito que deveria ser a um jovem aprendiz.

Ultimamente estou nessa "vibe". Esqueço as exigências (muitas delas partindo de mim) e sigo desenhando livremente, apenas para ter o lúdico trazendo um pouco mais de felicidade aos meus dias. Obviamente que não é somente a Arte a responsável pela felicidade: o convívio com as pessoas queridas, o trabalho, os animais, o entretenimento, etc... também causam bons sentimentos e contribuem para uma mente ser tornar ainda mais criativa. Só que a atividade artística entrega ao cotidiano um tipo de Magia. O envolvimento com a criação e a sua prática me despertam um estado de graça muito similar ao experimentado nos melhores dias da infância.

Terminou, para mim, a busca por aceitação dentro do ambiente virtual. Procuro fazer o meu melhor, ou o que me satisfaça - e fim de papo! Acho excelente quem ambiciona ampla visibilidade e vejo como bastante válido quem queira lucrar com a Arte…capacitar-se, fazer networking, entender o mercado, empreender, etc… Presumo que nunca esteve tão fácil viver de Arte, porque a internet, além de ser uma fonte de informação em prol de tudo isso, é também uma vitrina imensa, com contatos mil, ali, ao alcance. Basta adaptar o trabalho para que seja um produto ou um serviço e fechar negócios.

Por esses motivos digo que cheguei ao topo de minha montanha, e vislumbro que atingi uma altura que me permite avistar o quanto ainda mais tenho a escalar, algo que me causa entusiasmo e me leva a querer vestir minha mochila, calçar bem minhas sandálias e seguir a trilha olhando a bela paisagem que me cerca.