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Observando atentamente a minha produção em uma curta retrocedência, dou-me conta do quão repetitivo me tornei à medida em que avancei artist...

11/03/2022 - A Repetição

 

Observando atentamente a minha produção em uma curta retrocedência, dou-me conta do quão repetitivo me tornei à medida em que avancei artisticamente. No que se refere à figura humana, há várias recorrências as quais lanço mão e que me parecem ser nada menos que um amadurecimento estilístico por vias da reincidência. Sem receio algum de ter me tornado um desenhista "carimbador" e menos ainda de ser dono de um traço cheio de “vícios”, estou feliz com todas as particularidades do meu lazer de fins de semana.

Um lápis na mão e muito a fazer.
Ainda assim, reflito um pouco mais avante. Pergunto-me até onde se faz necessário perseguir a captação de uma gama abrangente de vocabulário visual. O feeling no desenho pode ser adquirido se utilizados a repetição e a memorização, deste modo os limites acenam em despedida. Mas, segundo o renomado jornalista Malcolm Gladwell, para um ser humano se tornar especialista em algo, precisa de dez mil horas de prática no ofício desejado. O que convenhamos, faz sentido, mas não é uma verdade absoluta - se o leitor me permite tal contestação.

Quando abordamos os inúmeros tópicos sobre Desenho e Quadrinhos, podemos ser menos severos. Ao girarmos o globo terrestre da internet, veremos artistas juvenis, ou adultos com tempo limitado de prática, exibindo ótimas peças, boas técnicas e excelentes resultados. As imperfeições e os inevitáveis erros estão sob nosso olhar… mas para que tanta exigência? Isso ao passo em que profissionais, há décadas, trabalhando em tempo integral e exclusivamente nessas Artes, demonstram erros - esses sim - inadmissíveis.

A Arte nunca foi competição (deixemos isso aos esportes), o saber não é exclusividade de ninguém e, menos ainda o virtuosismo se faz imprescindível. Cada indivíduo está apto a fazer o seu caminho, há alternativas... há meios de se conseguir a realização artística. A mais positiva apologia é à liberdade, às oportunidades e às grandes, pequenas e imensas conquistas dos amantes da Arte. A palavra “dom” não tem significado para mim, menos ainda “vocação”, acho bem mais verídico a vontade de seguir uma paixão e fazer dela uma busca plenamente alcançável.