13/01/2025 - Dr Feelgood de Mötley Crüe - Uma Interpretação de Capa - Homem Quieto

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  A respeito o quinto disco de Mötley Crüe, o clássico Dr Feelgood ( 28 de agosto de 1989, Little Mountain Sound - Electra), há três fatos o...

13/01/2025 - Dr Feelgood de Mötley Crüe - Uma Interpretação de Capa

 

 A respeito o quinto disco de Mötley Crüe, o clássico Dr Feelgood (28 de agosto de 1989, Little Mountain Sound - Electra), há três fatos o envolvendo. Primeiramente, os músicos finalizaram uma reabilitação, gravando o sóbrios pela primeira vez em anos. Segundo, a figura de um suposto traficante de Sunset Strip (famosa rua das noitadas na Califórnia), E, para terminar, a produção de Bob Rock, trazendo um novo aspecto sonoro ao grupo.
 
Este último fato é o menos relevante, ainda que tenha sido um grande êxito na entrega da produção musical. Então, vamos nos deter na arte da capa - o nosso foco aqui no blog. Pelas mãos de
Don Brautigam (capista de Metallica - Master of Puppets) em parceria com Kevin Brady (tatuador de grandes celebridades do rock), juntamente às ideias de Nikki Sixx (baixista e líder do Mötley Crüe) temos, como resultado, um belo trabalho repleto de simbolismos.

Num primeiro contato, vemos uma adaga com asas de morcego, envolvida por uma serpente e um caveira no cabo - nenhuma novidade para bandas desse gênero. Seguindo uma estética, como já dito, bastante "Heavy Metal" a pintura apresenta uma boa elaboração. As pinceladas são precisas e, mesmo assim, sem pretensões com o realismo. Há uma quebra da simetria com a figura da serpente, quase ocupando toda a lâmina.

A imagem não é um acaso. Ela representa o bastão alado chamado Caduceu, símbolo da contabilidade e da Medicina. Ambos esses aspectos se relacionam com o personagem "Dr Feelgood". Como "Doutor", o traficante trabalha medicando os clientes e contando o dinheiro com a venda de suas consultas. Ao contrário do Caduceu clássico, o do Mötley Crüe não tem duas serpentes simbolizando o infinito, em vez disso, há apenas uma delas voltada para baixo, figurando unicamente a sua peçonha.
 
N
o guarda–mão, as letras "Rx" unidas. Essa abreviação do latim "recipere"  é - ou já foi muito - usada (mais nos EUA que no Brasil) por médicos em suas prescrições de medicamentos. Além de ser um indicativo para a as recomendações medicinais, também representa uma prece para que o tratamento seja efetivo. O "Rx" tem origem na mitologia egípcia, que nos conta sobre o deus Horus ter um olho arrancado pelo seu tio Seth, e depois sendo curado pela deusa Troth. O Olho de Horus cicatrizado estima "recuperação, a saúde e a proteção”.

O logotipo, onde se lê o nome do grupo, foi repaginado, sendo ele guarnecido por caveiras estilizadas. O desenho a letras são secreções viscosas escorrendo. As trenas das vogais "o" e "u", além de também serem caveiras, são claramente um par de piercings íntimos. Muito de acordo com as temáticas vistas nos aspectos líricos do grupo. O título do álbum também apresenta a sigla "Rx" na grafia, reforçando a simbologia proposta pelo trabalho.
 
Uma arte de capa refinada para um disco estupendo. Quem já ouviu Dr Feelgood sabe muito bem a experiência. A capa representa uma época, um marco no Heavy Metal/Hard Rock dentre muitos vistos em sua história. Foi o resultado de um recomeço, tanto pela nova postura dos integrantes diante de suas vidas, quanto pela condução tão harmoniosa com a sua obra.