julho 2024 - Homem Quieto

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É a segunda mudança de residência em três anos. Em 15/11/2023, vim para meu novo lar, ainda em Criciúma e não muito distante de onde estava...

É a segunda mudança de residência em três anos. Em 15/11/2023, vim para meu novo lar, ainda em Criciúma e não muito distante de onde estava. De qualquer forma, toda mudança é desgastante e exige trabalho, reorganização e despesas. Felizmente, a casa é aconchegante e tem um bom espaço (apesar de ser uma quitinete). Pretendo permanecer.
 
Quem já conhece algo do que escrevo sobre mim, sabe que costumo dizer - metaforicamente - que levo comigo somente minha mesa de desenho, meu sketchbook e meu blog... Há um pouco de verdade nisso - realmente essa é a essência ao me referir às coisas que gosto. Claro, há muitas outras bem importantes... Mas continuo repetindo o bordão por hábito.

Minha mesa já foi apresentada por aqui. Houve um post exclusivo sobre. Instalei-a diante da janela e ficou bem situada na quitinete. É nessa minha parceira que aos sábados à tarde, após um café, faço meus desenhos, abstraio e uso o meu tempo como gosto.

 

Dessa vez, meus upgrades maiores foram na luminária de PVC, no laptop e na cadeira. Meu outro laptop parou de funcionar e dilatou a bateria... era de uma marca muito ruim e não teve vida longa. Já esse meu atual exigiu que eu mexesse em minhas economias, mas valeu muito o investimento. Posso conectá-lo à minha mesa digitalizadora, editar imagens, digitar, navegar e colher referências. Uma boa máquina.

A respeito da cadeira: é um modelo Mocho bem confortável. Ela tem uma boa ergonomia. Na loja, disseram-me que é muito procurada por tatuadores. Despertou o meu interesse assim que bati o os olhos, trouxe-a para casa e não me arrependi.

Meus materiais também permaneceram parte da minha workspace. Aqui tem um pouco de tudo. Não dá para reclamar, opções para desenhar não faltam.

Eu já havia falado aqui sobre minha caixinha de desenhista... Substituí por essa maleta. Foi um presente de minha mãe muito bem-vindo, pois além de elegante e mais segura, também é portável. Não sei se sairei por aí com todos esses materiais, mas ainda assim deu um charme à minha organização.
 
Essa é minha workspace atual e espero ser a definitiva. Neste momento, anseio pelo sábado à tarde, quando colocarei a mão na massa mais uma vez.
 
Tomara que o post tenha agradado ao leitor. Obrigado pela visita!

  O neófito se envolve em uma ou outra prática por lazer com um singelo e seminal fascínio. Mas o tempo o faz ambicionar mais e mais. A cois...

 

O neófito se envolve em uma ou outra prática por lazer com um singelo e seminal fascínio. Mas o tempo o faz ambicionar mais e mais. A coisa se move para além de um aperfeiçoamento pessoal, prevalecendo a paixão obstinada e obsessiva – chegando assim, ao deslumbre. Esse mergulho vem acompanhado de um dedicado auto desafio e ao desejo de alcançar mais proeminência no que tanto causa enlevo. Apaixonar-se por algo, em si, não é um problema, pois todos precisam de escapes das pressões do cotidiano. Destacar-se é saudável. Vivenciar conquistas e receber os louros de sua dedicação faz bem tanto a quem as realiza quando aos que o rodeiam. Só que anexo ao êxito do próximo vem a frustração do outro.
 
Os mais frágeis e vulneráveis colidem em sólidos rochedos de limitações… comparam-se, insistem, esgotam-se para alcançar algo que idealizam, mas que em nada é parte de suas realidades. Das duas uma: ou se rendem de vez, ou remam como loucos perseguindo uma ou várias impossibilidades. No primeiro exemplo, temos uma pessoa que futuramente amargará o abandono dos “sonhos”. No segundo, alguém se dando conta de que não era exatamente o “sonho” a sua mais sincera vontade. Só que um propósito sempre nos coloca em movimento - se cultivado e bem observado.
 
Quando penso em HQs e Desenho, poupo-me de submergir nas grandes ilusões que os circundam. Há muito a se maravilhar ao molhar os pés nessa grande correnteza. As ondas fluem como sempre farão. É bonito, o azul é cerúleo e a espuma brilha ao sol. Mas a maresia desse encanto pode confundir os ingênuos. Faz-se necessário testar a temperatura antes de se lançar de cabeça, verificar quais os objetivos reais e qual a direção do vento. Salva-se quem navega com cautela e prudência, quem tem gentileza consigo e com a própria Arte. Podemos ter nossos momentos de júbilo, se assim desejarmos e é possível obter todo o tempo da vida para progredirmos e vivenciarmos nossos processos.
 
A Arte oferece lições ao Artista lúcido: uma delas é sobre o fracassar… A essencial lição de "levar um caldo". O que não determina se haverá derrota ou não. Seja a baixa tolerância às desilusões, ou a determinação mais resistente - ambas podem calejar a alma do Artista, conferindo-lhe maior força para se lançar ao próximo desafio. O sucesso não se afastará caso for factível, se valer a perseverança. Desenhar melhor sempre tem algo disso... a paciência, estudo, prática e o esforço. E ser terno pelos seus resultados. Dizem que “pensar grande e pensar pequeno dá o mesmo trabalho” - ao que discordo. O pensamento objetivo e fundamentado atrai progressos. De nada adianta ter a cabeça nas nuvens sem as plantas dos pés bem equilibradas na areia firme.

  Ao me colocar diante da prancheta tendo a finalidade de fazer quadrinhos, estou disposto a extrair do meu lápis a mais pura simplicidade. ...

 

Ao me colocar diante da prancheta tendo a finalidade de fazer quadrinhos, estou disposto a extrair do meu lápis a mais pura simplicidade. Nego-me constantemente de me exceder em eruditismos, afastando também quaisquer pretensões exageradas. Em linhas gerais, meus quadrinhos são graficamente simples e com atenção àquela voz interior exigindo de mim o fazer bem feito, sucinto e digerível. Busco a honestidade usando de meus potenciais, pleiteando sempre meu lugar ao sol com tal proposta. E sou recompensado junto a essa temática de vida como Artista - no meu íntimo e na resposta dos leitores. Tive apenas uma experiência com propriedades destrutivas em minha jornada, a qual driblei e usei a meu favor.
 
Ainda que satisfeito, penso no melhor, busco o avanço a cada trecho do caminhar, como qualquer um que faz algo com paixão. Artistas querem se superar, de um jeito ou de outro. Muitos buscam a técnica, agilidade, precisão, etc. Já eu quero dar uma ajustada aqui, outra ali, e assim ir aprendendo. A narrativa gráfica é complexa, uma matéria extensa e de longo aprendizado. Devemos ter uma atenção especial às diagramações das páginas e a preocupação em ser fluente e dar o ritmo à história. Planos e enquadramentos e suas subcategorias, quando bem utilizados, fazem muita diferença. É necessário uma boa direção de arte em uma HQ, assim como uma fotografia unida a todas as suas sutilezas. O termo “quadrinização” é um grande guarda-chuva para tudo isso.
 
Quebrar a primeira resistência do entendimento desses conceitos mais primários de narrativa visual faz o autor se destacar. Quem consome a mídia percebe facilmente quando tais recursos são bem utilizados. Porque é muito comum o autor de quadrinhos não ser somente um “desenhista”, o ofício requer dele maiores facetas e, não raro, trabalhar em cooperação com especialistas de outras atuações. Uma equipe alinhada e bem informada tratará de executar bem quadro por quadro, página por página. Retrabalhos, correções, etc, são comuns na produção séria de uma HQ, ainda que para uma publicação independente.
 
A relação mantida por mim nos quadrinhos (digo novamente) é a experimental e de auto satisfação. Já tentei coisas ousadas, porém, senti-me contrariado com os resultados (e com o processo). Também não me contento com uma produção limítrofe, por isso quero meus progressos surgindo claramente em cada traçado em minhas folhas em branco. Há desafios em fazer quadrinhos, o trabalho é duro… Mas sem fazer muito drama, é possível evolução tendo alguma diversão. De desafios, a vida é cheia.
 
Por fim, pegando um caminho com maior curvatura nessa história, preciso dizer que cenários estão dentre os meus maiores desafios. Penso, até ser o de todo quadrinista. Poucos dos que encontro por aí dominam até mesmo ponto de fuga. Como me viro? Já fiz cenários de cópias, de memória e até mesmo praticando o tracing. Tenho o hábito de fotografar todos os lugares e ambientes mais atrativos que visito, assim me inspiro e os utilizo como referências. Minha máquina de fotografia digital está sempre na mochila, quando menos esperam, estou clicando (o som do clique eletrônico chama a atenção).