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  Ao me colocar diante da prancheta tendo a finalidade de fazer quadrinhos, estou disposto a extrair do meu lápis a mais pura simplicidade. ...

 

Ao me colocar diante da prancheta tendo a finalidade de fazer quadrinhos, estou disposto a extrair do meu lápis a mais pura simplicidade. Nego-me constantemente de me exceder em eruditismos, afastando também quaisquer pretensões exageradas. Em linhas gerais, meus quadrinhos são graficamente simples e com atenção àquela voz interior exigindo de mim o fazer bem feito, sucinto e digerível. Busco a honestidade usando de meus potenciais, pleiteando sempre meu lugar ao sol com tal proposta. E sou recompensado junto a essa temática de vida como Artista - no meu íntimo e na resposta dos leitores. Tive apenas uma experiência com propriedades destrutivas em minha jornada, a qual driblei e usei a meu favor.
 
Ainda que satisfeito, penso no melhor, busco o avanço a cada trecho do caminhar, como qualquer um que faz algo com paixão. Artistas querem se superar, de um jeito ou de outro. Muitos buscam a técnica, agilidade, precisão, etc. Já eu quero dar uma ajustada aqui, outra ali, e assim ir aprendendo. A narrativa gráfica é complexa, uma matéria extensa e de longo aprendizado. Devemos ter uma atenção especial às diagramações das páginas e a preocupação em ser fluente e dar o ritmo à história. Planos e enquadramentos e suas subcategorias, quando bem utilizados, fazem muita diferença. É necessário uma boa direção de arte em uma HQ, assim como uma fotografia unida a todas as suas sutilezas. O termo “quadrinização” é um grande guarda-chuva para tudo isso.
 
Quebrar a primeira resistência do entendimento desses conceitos mais primários de narrativa visual faz o autor se destacar. Quem consome a mídia percebe facilmente quando tais recursos são bem utilizados. Porque é muito comum o autor de quadrinhos não ser somente um “desenhista”, o ofício requer dele maiores facetas e, não raro, trabalhar em cooperação com especialistas de outras atuações. Uma equipe alinhada e bem informada tratará de executar bem quadro por quadro, página por página. Retrabalhos, correções, etc, são comuns na produção séria de uma HQ, ainda que para uma publicação independente.
 
A relação mantida por mim nos quadrinhos (digo novamente) é a experimental e de auto satisfação. Já tentei coisas ousadas, porém, senti-me contrariado com os resultados (e com o processo). Também não me contento com uma produção limítrofe, por isso quero meus progressos surgindo claramente em cada traçado em minhas folhas em branco. Há desafios em fazer quadrinhos, o trabalho é duro… Mas sem fazer muito drama, é possível evolução tendo alguma diversão. De desafios, a vida é cheia.
 
Por fim, pegando um caminho com maior curvatura nessa história, preciso dizer que cenários estão dentre os meus maiores desafios. Penso, até ser o de todo quadrinista. Poucos dos que encontro por aí dominam até mesmo ponto de fuga. Como me viro? Já fiz cenários de cópias, de memória e até mesmo praticando o tracing. Tenho o hábito de fotografar todos os lugares e ambientes mais atrativos que visito, assim me inspiro e os utilizo como referências. Minha máquina de fotografia digital está sempre na mochila, quando menos esperam, estou clicando (o som do clique eletrônico chama a atenção).