Não nos falta acesso a acervos já considerados raros, assim como não nos falta também o interesse. Os gigantes dos Quadrinhos têm seus nomes gravados em nossas memórias através de suas obras seminais no avanço da ampla indústria das HQs. Já permeada pelo cinema, literatura, TV e videogames, a amplitude alcançada por esta mídia outrora de nichos menos vistos, trouxe o consumo de entretenimento jovem para o seu apogeu desde o início deste século.
Mas não apenas aos grandes panteões nos curvamos nesta vastíssima mitologia e suas produções mais instigantes do mercado desde a sua gênese. Pois o talento nem sempre é celebrado aos milhares. Minha atenção se detém também nos talvez menos aclamados, mas não ignorados. Como foi o prolífico e ilustre representante da “velha guarda”, Bob Oksner.
Os painéis de Oksner são organizados, o traço limpo e agradável. As figuras humanas estilizadas são fluídas e têm uma movimentação suave, transitando entre os quadros em sequências singelas e muito soltas. Causa-me uma impressão bem semelhante à que tenho ao apreciar os quadrinhos de Bob Montana na Archie Comics, um dos integrantes de meu Mapa de Influências.
Dentre as várias qualidades de Oksner, destaca-se a habilidade em desenhar lindas garotas apresentando sensualidade, mesmo não explorando demasiadamente ângulos ousados. É uma arte muito pura, clara e com estruturas belas, seja nas proporções ou nos gestuais. O domínio da linguagem e a fluidez são exibidos em um estilo singular, um trabalho seguro e bastante equilibrado durante toda a sua carreira.
Talvez, alguém teria visto Bob Oksner advogando em um tribunal de justiça caso não houvesse participado, como cartunista, em edições de zines de humor durante o curso de direito na Universidade de Nova York. O que o tornou próximo de outros artistas, os quais talvez tiveram o papel decisivo de incentivar Oksner a mudar de curso e também entrar para a “Art Students League”.
Em pouco tempo passou a trabalhar em jornais e importantes editoras, também lançando o seu trabalho autoral ˜Miss Cairo Jones” e, ao lado de E. Nelson Bridwell, a série “The Angel and the Ape”. Mais tarde tomaria a dianteira da revista "Adventures of Dean Martin and Jerry Lewis”, no momento em que a DC começou a publicar quadrinhos baseados em seriados de TV. Oksner se tornou um dos principais artistas do gênero, até esses títulos juvenis chegaram ao fim na DC, na década de 1970. Restou-lhe se voltar aos super-heróis com “Wonder Woman”, “Supergirl”, “Lois Lane” e outras tiras de aventura.
Despedindo-se da carreira, voltou a rabiscar alguma coisa apenas pelo clamor dos velhos fãs, mas já estava decidido a parar. Antes de seu falecimento, aos 90 anos (ano de 2002), recebeu o prêmio Inkpot pouco após já ter doado a sua prancheta.
Agora, uma dica:
Dentre nós há muitos pesquisadores tecendo análises eloquentes e mergulhando fundo nas infindáveis páginas de HQs, percebendo aqueles subtextos ignorados por tantos, mas que estão mais que presentes com um pouco de atenção além. Como tem feito o autor e escritor Rinaldo Leriano em seu blog Vernaculose. Passe por lá, pegue uma cerveja, ou refrigerante e reserve um tempo para ser guiado por um conteúdo realmente relevante para todos nós que gostamos de Quadrinhos. Não tem erro!
Bibliografia:
FRWiki
https://pt.frwiki.wiki/wiki/Bob_Oksner
Canal Graham Nolan no YT
https://www.youtube.com/watch?v=-rW-KejPviA
Omelete
https://www.omelete.com.br/quadrinhos/morre-o-quadrinista-bob-oksner
News From Me
https://www.newsfromme.com/2007/02/18/bob-oksner-r-i-p/
Comic Cart Shop
https://www.comicartshop.com/forsalesearchresult.asp?txtsearch=%20bob%20oksner
CBRdotcom
https://www.cbr.com/bob-oksner-twinkle-jerry-lewis-dobie-gillis-mary-marvel/
Zine Alter Ego No 67
https://issuu.com/twomorrows/docs/alterego67preview
DC Fandom
https://dc.fandom.com/wiki/Bob_Oksner
Enciclopedia Lambiek
https://www.lambiek.net/artists/o/oksner_bob.htm
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