Páginas

Minha atuação como designer gráfico é de longa data. Estudei e trabalhei com isso minha vida profissional inteira. Apesar do mercado publici...

Minha atuação como designer gráfico é de longa data. Estudei e trabalhei com isso minha vida profissional inteira. Apesar do mercado publicitário me causar algumas aversões, foi através dele que colhi o meu sustento e tornei possível muitas realizações. Ter um trabalho e se entregar a ele é uma verdadeira bênção. Entretanto, todas as profissões tem seus prós e contras - sempre vêm acompanhadas da necessidade de se ajustar. Mas quando se faz o que gosta, isso fica mais tolerável ao longo do tempo no ofício. Uma profissionalização, junto ao interesse de se tornar competente, traz grandes satisfações.

O olhar treinado e a experiência com comunicação, produção digital e tipografias, são parte do Design Gráfico. O que me auxiliou também no meu hobby de fins de semana. A facilidade em lidar com algumas ferramentas, em paralelo com minha produção autoral, foi a união perfeita para fazer algumas coisas acontecerem. Uma parte disso tudo, são os logos e letterings, bastante presentes nas HQs.
 
Letterings e logos costumam ser marcantes. Essas informações ativarão a memória do leitor. Se o logo surgir novamente diante de seus olhos, ele vai relacionar ao que leu. Eu, pelo menos, sou assim… e você?

Logo da minha HQ "Noite Escura" em curvas.
Costumo começar as logos pensando na mensagem delas. Cada lettering carrega consigo um conceito… Quando desenhei o Noite Escura, inspirei-me nas logos de bandas de Death/Black Metal, haja visto o teor violento e sombrio da obra. Usei caracteres que invadem os espaçamentos uns dos outros e têm formas pontiagudas. Até a finalização, foram feitos muitos estudos a lápis, os quais não disponho mais.
"Ato Falho" em suas duas versões.

Houve duas versões da logo do Ato Falho. A primeira versão estava um pouco pobre, simplificada demais. Mas aproveitei da ideia e ajeitei como eu queria. Nesse aprimoramento, a arte perdeu um aspecto importante, que era o “A” e “F” serem o mesmo caracter, só que espelhado. Mas aceitei essa perda fui em frente. E posso afirmar que a versão final me agradou, já que ela exibe uma presença bem marcante.

Primeiros estudos para a logo da HQ "Shockstar".

Na HQ Shockstar, passei por duas etapas: o lettering e o logo. O logo é o “pentagrama de raios”, o qual quebrei um pouco a cabeça para chegar à conclusão. Eu sabia onde era o destino, mas precisei encontrar o caminho. Já o lettering, em poucas tentativas obtive algo interessante, que era para ser meio vintage. Como todas as logos mencionadas neste post, fiz o rabisco no papel, escaneei e retracei no Inkscape.
 
Minha intimidade com a criação publicitária valeu para fazer essas obras terem os seus timbres e ficarem bem do meu jeito. É muito bom estar envolvido com um projeto desde seus detalhes, o contentamento é dobrado.

Um dos aspectos mais evidentes do desenho é a arte final, mesmo se só tivermos o esboço e ele ter sido considerado finalizado. Leonardo da V...

Um dos aspectos mais evidentes do desenho é a arte final, mesmo se só tivermos o esboço e ele ter sido considerado finalizado. Leonardo da Vinci nos disse um dia:  “A arte nunca está acabada, apenas abandonada”. Mesmo desse jeito, consideremos o acabamento de um desenho no qual há o uso de linhas, tendo em vista os maiores ou menores pesos usados para transmitir a mensagem desejada.

[Divulgação] Will Eisner.

Os contornos grossos expressam maior comicidade, enquanto os delgados pendem à austeridade. Mas toda a regra tem as suas exceções, como bem sabemos. Por vezes, a utilização de ambas as possibilidades também são úteis quando a intenção é a luz e sombra dentro do preto e branco. As técnicas de finalização têm, cada uma delas, as suas vantagens e dificuldades, para assumir uma delas é necessário algumas facetas.
 
Falando de mim, quando o desenho necessita de precisão e detalhes, recorro às canetas técnicas fininhas. Dou-me bem com as 0.5 e 0.8. Para contornos gerais, uso o pincel (às vezes aqueles baratos), ou brushpens (maravilhas vindas do oriente) aplicando tracejados rústicos e com pesos maiores. Outra de minhas características (vamos chamar assim) é a pouca preocupação com exatidão, permitindo-me fazer traços tremidos.

[Divulgação] Elektra por Bill Sienkevics.
O anglicismo estadunidense adquirido pelo nosso vocabulário mais contemporâneo é a chamada “lineart”, que ao pé da letra (ou literalmente) significa “arte de linha”. Gosto de falar dela quando é sobre os Cartoons, Quadrinhos e congêneres. Minhas predileções não são novidade, já falei delas aqui. Para não me repetir, farei uma revelação bem diferente do que tenho em meu mapa de influências, já conhecido por uma boa parte das pessoas que me acompanham.
[Divulgação] Painel por Will Eisner.
Sou fãzão de Ted McKeever, a Arte dele me leva no bico direitinho. McKeever até já me notou uma vez, quando me linkou no seu extinto blog. O legal é a ousadia e o estilo do cara. Talvez o leitor não conheça o Ted, mas no corpo do post, está algo desenhado por ele. Conheci os seu trabalho na revista Hellraiser, nos meus “anos incríveis” ainda no desabrochar de minha puberdade das HQs, Cinema e Música. A vida me ofereceu uns lances muito legais, deixando belas marcas em meu senso Artístico.
[Divulgação] A inspiradora arte de Ted Mckeever.

Dentre meus gostos pessoais, há muitos exemplos de entretenimento possíveis de se mencionar. Exemplos fora dos habituais, que foram fatídicos em minhas descobertas nos tempos distantes dos que me encontro. Sou apegado a todas essas coisas que me rodeiam, pois elas fazem parte de minha expressão, são minhas referências e inspirações. Estou ligado a elas por um cordão umbilical criativo.
 
Mas... Falávamos de Lineart, não é? Sim, os Artistas, em geral, falam dela na internet. Pois bem: sobre arte final, pelo menos, falamos um pouco.