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Tento desacelerar nos dias finais do ano. É que eu gosto dessa época, gosto do natal e demais comemorações que mandam nossas tradições. Pa...

Tento desacelerar nos dias finais do ano. É que eu gosto dessa época, gosto do natal e demais comemorações que mandam nossas tradições. Para mim, essa "reta final" é uma oportunidade para fazer uma balanço de mais um ciclo que se conclui. Há quem considere o fim do ano um espaço de tempo triste e melancólico. Não vejo assim, diria o contrário: todo o simbolismo e subjetividades desse período me afetam de modos bastante positivos - a época que vejo como mais triste é o carnaval.

Esta será a última postagem do ano. Prefiro assim, fazer mais com menos. Nem sempre dá para escrever neste blog a cada quinzena, a correria da vida cotidiana pode dar pouco espaço para encontrar pautas interessantes e o cansaço por vezes impede de elaborar um bom texto. Acho que por este ano é o suficiente, tenho que voltar a minha atenção a uma série de assuntos de maiores importâncias.

Então vamos ao balancete do ano de 2019:
 
 
O ano de 2019 se mostrou grato para mim em diversos aspectos, assim como também teve as adversidades sobre as quais tive que me adequar. Mas listarei aqui apenas de minhas atividades online e as que estão em torno a produção de HQs e Desenho - em suma, o que é relevante, nada que exceda isso.
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Balancete de 2019:


Entre 14 de dezembro de 2018 e 01 de fevereiro de 2019, produzi uma série de desenhos de personagens intitulada Ravager Fighter. As publicações se deram no instagram e twitter.
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Entre 21 de julho de 2018 e 01 de fevereiro de 2019 trabalhei na graphic novel Noite Escura, que foi lançada no dia 06 de março de 2019. Esse foi meu trabalho mais ousado em HQs até agora.
Link.

Resenhas aqui:

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Em 05 de abril de 2019, iniciei a webcomic Ato Falho. Essa é minha novela na internet, um tiro longo.

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Entre 06 de maio de 2019 e 12 de junho de 2019 - Série de desenhos MetalHead Girls

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Entre 8 e 9 e junho de 2019 participei do artist alley da Comic Con Floripa, em Florianópolis. Meu primeiro evento.


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14 de julho de 2019, artist Alley do Tanuki World Fest em Criciúma. O maior evento de cultura pop do sul de Santa Catarina.


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Em 28 de julho de 2019, coloquei no ar o vídeo promocional da webcomic Ato Falho no youtube e no IGTV.
Link.

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De 01 a 31 de outubro, participei do evento mundial Inktober publicado no instagram.



--[Eventos ainda não concluídos]--

A Vida é Justa - HQ curta em parceria com Evaristo Ramos.
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Cenobites - Série de desenhos com personagens inspirados no universo Hellraiser de Clive Barker.
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Esse relatório me fez apreciar os eventos de 2019, os quais considerei positivos e de acordo com meus planejamentos. Os sucessos foram muitos, por outro lado, não se pode dizer que não houveram fracassos. Nem por isso me sentirei frustado, faz parte do pacote.

Desejo ao leitor um fim de ano excelente e boas festas!

Em meu primeiro ano de inktober, consegui cumprir as resoluções registradas aqui no blog no início do mês de outubro. Enfrentei todas as adv...

Em meu primeiro ano de inktober, consegui cumprir as resoluções registradas aqui no blog no início do mês de outubro. Enfrentei todas as adversidades e ignorei minhas inibições, permitindo-me experimentar o desafio com todos os seus riscos e satisfações. Acompanhei alguns chegados e conheci outros artistas - muito bons - os quais a existência só me trouxe provas com propagação da hashtag do evento.

Não achei difícil, no todo. Só requer comprometimento, organização e uma certa disciplina - além de algum talento para retirar do caminho imprevistos que impediriam prosseguir. Acho que meu recado foi dado - dentro de minhas possibilidades - e os resultados não estão muito aquém do que tenho para mostrar, afinal, ninguém aqui quer se tornar um desenhista MegaStar da internet - eu, ao menos, não.
 

   
E fiz uma lista das conclusões que tirei nesses trinta e um dias de outubro:

    * Dá para desenhar todo dia. Quem quer, consegue.
    * "A pressa é inimiga da perfeição". Isso se reafirmou.
    * Evite se comparar a outros artistas.
    * Arte é arte... por mais que esteja nos moldes de um esporte.
    * É possível desenhar qualquer coisa.
    * Você pode ser seu próprio patrão.
    * Computadores e Scanners dão problemas sem avisos.
    * Ter autoconfiança é fundamental.
    * Você jamais agradará a todos.

Bem, é isso: a baixo minha produção no inktober.



Pretendo finalizar, ainda este ano, o terceiro ato de Ato Falho. Nos três primeiros atos constam informações importantes a quem acompanha ...


Pretendo finalizar, ainda este ano, o terceiro ato de Ato Falho. Nos três primeiros atos constam informações importantes a quem acompanha a série, mas ainda preliminares à narrativa principal - duas peças possíveis de serem lidas distintamente. Em resumo, acabaremos os três primeiros volumes com os acontecimentos decisivos na carreira de Martin Holster, a conclusão do envolvimento entre Lucy e Alfredo, juntamente às revelações que trarão a aproximação de Daniel aos demais.

A produção e publicação simultâneas da história me obrigam a separar cada capítulo em duas partes de 10 a 12 páginas cada. O que ainda me traz dúvidas se estou alcançando o efeito correto - ou desejado - sobre o leitor. Mesmo lendo comentários dos seguidores, ainda me falta a clareza se a HQ está sendo saboreada apropriadamente, funcionando segundo meus esforços de tornar os personagens o mais possivelmente marcantes.
 

O Ato Falho caminha em direção ao terror, ao suspense. Meu intento é esse. Admitindo minha admiração pelo selo Vertigo, principalmente dos anos 80 e 90, não negarei a influência - esta que já foi percebida por alguns leitores (uma lisonja, acrescento). E embora eu receba bem a tais comparações, ao mesmo tempo venho trabalhando para me afastar desses moldes, pondo sobre eles meu próprio estilo e maneira de contar minhas histórias. Sou um autor que ousa pensar - com alguma certeza - de que tem um traço e uma voz dentro das próprias peculiaridades.

A arte tem me sido satisfatória, as cores e arte-final desempenham bem as suas funções. A quadrinização é uma das partes que vem me trazendo surpresa - de forma positiva. Ainda que não a ideal, percebo uma certa fluidez, uma característica pela qual eu costumava ter muitas dificuldades em meus antigos experimentos. Quem esteve comigo em meus quadrinhos online (Picadeiro Mambembe, Lucy, Daniel, Vandalistia, Hana-O e Bianca - A Quadrinistas), talvez saiba do que digo, e essa preocupação vem sendo estudada com o devido cuidado, ainda que as percepções sobre ela por parte do público não tenham se manifestado muitas vezes. Seria eu mesmo o meu crítico mais impiedoso?

Avisto boas surpresas a quem acompanha meu livro em forma de webcomic. E, olha, por mais otimistas que sejam as linhas deste post, sigo bastante pensativo a cerca do que tenho escrito e dos planos futuros. Para ser preciso, sobre o que vem posteriormente ao terceiro ato, quando as engrenagens começarão funcionar para valer, trazendo histórias paralelas, revelações sobre o passado e o mote central da união dos personagens. Trabalhar nisso não tem sido fácil, mas também a cada momento muito empolgante (é grande a vontade de mostrar isso tudo ao mundo).

Sempre me esquivei de Inktobers e outros desafios do gênero. Meus argumentos eram o desinteresse e o de não simpatizar com a proposta do ev...

Sempre me esquivei de Inktobers e outros desafios do gênero. Meus argumentos eram o desinteresse e o de não simpatizar com a proposta do evento. Me negava a cumprir uma arte por dia durante um mês inteiro. Sei que essa é a graça do desafio, porém, tal regra agradaria a artistas muito diferentes de mim naquele momento.

Hoje, considero essa recusa toda como uma forma de bloqueio ao que eu deveria me adaptar: o pouco tempo de execução das artes - como terão a maioria dos demais participantes - e também a publicação acelerada, anulando as possibilidades de alterações e ajustes (mais uma vez digo: não serei o único). Oras, não fossem as dificuldades, não haveria por que se chamar "desafio".

Meu arsenal com principiante.
Nesse ano tomei a resolução de participar do evento, pondo de lado meus preconceitos - e receios de não "fazer bonito" -, permitindo-me um mês de outubro diferente, uma ocasião memorável na qual estarei envolvido com a arte e o desenho. Comecei a me preparar desde 27 de setembro, planejando e separando materiais. Minha intenção é a de completar o desafio até o fim (espero conseguir).

 
Seguirei uma lista - feita por mim - onde estão os monstros e outros personagens obscuros do cinema/literatura/música/imaginário/etc na pele de garotas/mulheres. Pretendo retratar esses seres, só que com aspectos femininos mais evidentes, ou seja, mais peso para me auto desafiar. Os materiais para desenho são o meu arsenal básico, escolhido com cuidado para não ser demasiado e nem menor do que o necessário. E as publicações serão no instagram (www.instagram.com/andycorsant).

Pois bem, vamos ao #inktober!

Autopublicar-se é uma possibilidade real, e incrivelmente ao alcance de qualquer um. Basta estar disposto, ter o material e escolher o veíc...

Autopublicar-se é uma possibilidade real, e incrivelmente ao alcance de qualquer um. Basta estar disposto, ter o material e escolher o veículo. Guardar algum dinheiro para bancar uma publicação pode levar alguns anos, exige um certo sacrifício, no entanto, é uma realização que se fixada como meta, pode ser alcançada.

Mas há também a internet, essa velha aliada do quadrinista independente. A quem já arraigou certo público, a internet permite financiamentos coletivos, recurso já comprovadamente responsável por trazer bons resultados a projetos de artistas realmente dispostos de tempo e dedicação para preparar uma boa campanha. Também temos a opção da publicação online, a qual os requisitos mais básicos são a HQ feita e a criação de uma conta em uma das várias plataformas digitas disponíveis - com custos extremamente reduzidos.

 
Embora possa parecer que estamos a dois passos do fim do arco-íris, a autopublicação online também nos coloca à prova. Afinal, nem sempre o autor terá um editor à sua disposição, nem um revisor, colorista, ou mesmo quem faça o trabalho pesado com as ferramentas de edição eletrônica. É, então, que tecnicamente o autor deverá desempenhar todas essas tarefas, e também trazer para si o ônus de sua obra ter os cuidados merecidos.

São necessários muitos anos para se atingir profissionalismo em todos os detalhes do fazer uma HQ. Não é à toa que as editoras - de verdade - dispõem de um ou mais responsáveis para cada etapa de uma publicação - do roteirista, passando pela prancheta do desenhista à última prova digital. Mas também destacam-se os autores que publicam digitalmente, fazendo bonito na internet valendo-se apenas de seus knowhows e habilidades.Vemos trabalhos de real qualidade e seguidos por um público cativo. Dignos de admiração, vamos admitir!

A questão seguinte é o público. Se em meio a centenas de obras, algumas atraem leitores como melado às abelhas, o que dizer de outras ignoradas ainda que seguindo a cartilha direitinho? É uma questão misteriosa, para mim e para pessoas com quem já conversei a respeito. E isso me dá uma fisgada porque também sei onde doem meus calos. Acontece que há uma série de determinantes. Dentre as que já pude perceber estão as temáticas, a linguagem, a comunicação, os traços mais atraentes ( nem sempre os melhores) e questões exclusivamente técnicas, como o formato de leitura para aparelhos mobiles, por exemplo.

Seria o caso de estudos mais profundos, pesquisas e muitas leituras de "cases". O que tomaria um tempo danado. De um jeito que no fim das contas, e com a velocidade como as coisas têm mudado, pode ser capaz de o cenário se transformar antes de surgir a primeira conclusão. Creio que a chave esteja na sincronia com a atualidade, com os autores da vez, sua comunicação e seus maneirismos. Talvez também seja mais proveitoso esquecer o que um dia já nos inspirou e alimentar a imaginação com referências do presente em que vivemos. Não sei, não tenho um norte seguro quanto a essas afirmações, estou bem mais para errar o chute à distância em que me encontro.

O que também não impede ninguém de continuar fazendo suas HQs com seriedade - ainda que antiquadas - e tentar um lugar ao sol, permitindo-se a satisfação de também vender o seu peixe. Isso já algo bastante aplaudível.

A direção para a qual um traço progride sempre parte das referências do artista. Ele persegue o que mais o atrai. Comigo não é diferente. N...

A direção para a qual um traço progride sempre parte das referências do artista. Ele persegue o que mais o atrai. Comigo não é diferente. No momento que encaro minhas próprias produções, vejo que, embora unido às minhas maneiras, há vestígios de muito do que tenho por inspirador.
 
Por esse motivo, acabei revendo meu Influence Map, mapeando com mais cuidado minhas referências e o tornando bem mais enxuto que os anteriores. Seria inevitável fazer isso mais cedo ou mais tarde, pois não sou um poço de influências artísticas como já me imaginei - ao contrário disso, o simplismo fala muito mais por mim.
 
Nos retrovisores de minha vida artística vejo o quão os traços simples e limpos me traziam melhores sensações. Ainda que os desenhos sofisticados e ricos em recursos sensoriais me causassem admiração em um primeiro momento, sempre me senti mais atraído pelas formas simplificadas e de entendimento imediato. Foi assim quando - na adolescência - comecei a reunir referências e estudar o desenho. O que também se revelava em tudo que eu produzia: como em "8 Anos" - minha primeira HQ - e nas muitas folhas soltas de ilustrações, engavetadas uma após a outra, devido à insegurança e timidez de um iniciante.

Meu atual Influence Map não me deixa enganar ninguém: sou caído pela lineart de "Tina" de Maurício de Sousa - falando exclusivamente das publicações entre 1980 e a primeira metade da década de 90. A leveza e a limpeza dos traços de Tina trazem uma agradável sensação de espontaneidade e clareza. Com um evidente poder de síntese, é um traço muito bem resolvido, exemplificando o que considero ideal, autêntico e sem comparações. Abro mão fácil de escorços e posicionamentos de câmera ousados para por em seu lugar a sutileza do traço de Tina e sua linguagem gráfica peculiar.

Seguindo algumas semelhanças temos "Andrea, A Reporter" de Aluir Amâncio, a qual ainda que apresente maiores dinamismos se comparada à Tina, nem por isso deixa de exibir uma arte também bastante agradável e inspiradora. A seguir os quadrinhos eróticos de "Omaha, A Stripper", onde há a habilidade de se fazer mais com menos, com uma arte final belíssima e fluidez notável. Por último, a bela arte de Nausicaa, de Hayo Miyazaki, sobre o qual ainda devo me debruçar para absorver muito mais. Suas aquarelas me fazem querer tentar e dedicar algum tempo a esse recurso.
  
É impossível tentar ocultar de meu traço as artes pelas quais me sinto seduzido. Mas se eu simplesmente as decalcasse, sem sobrepô-las com alguma experiência a mais, tornaria-me um mero imitador. O que eu jamais gostaria ser.

Considero-me um conhecedor muito superficial de HQs. Por mais que eu singre esses mares há bastante tempo e os tenha como uma de minhas pai...

Considero-me um conhecedor muito superficial de HQs. Por mais que eu singre esses mares há bastante tempo e os tenha como uma de minhas paixões, falta-me o mínimo de conhecimento que me permitiria movimentar com mais liberdade nesse meio. É como se eu houvesse acabado de chegar.

Tenho mudado isso aos poucos, desempenhando um interesse maior do que meus antigos ânimos permitiam. Portanto, se a conversa é HQs, tenho valorizado todo o tipo de material. Com esse pensamento, imergi nas divagações teóricas do livro Um Mundo em Quadrinhos de Wellington Srbek.

Esse pequeno volume editado pela Marca Fantasia teve sua publicação em 2005 e traz uma adaptação do primeiro capítulo da dissertação de Mestrado de Wellington na UFMG. O autor elaborou o seu texto com desenvoltura, em uma escrita que não cai demasiadamente na estilística acadêmica.

Ao abrirmos Um Mundo em Quadrinhos, somos lançados aos ancestrais das HQs e à defesa de suas origens. As evidências pontuadas por Wellington são visivelmente resultantes de estudos muito bem fundamentados. Seus pontos de vistas sobre as gêneses das HQs me causaram surpresa e ao mesmo tempo satisfação, uma vez que já estive nesse tópico em outros momentos e as argumentações não me convenciam - eu as considerava forçadas. Então, teorias sobre o antigo Egito, pinturas rupestres nas cavernas e as que colocam os norte-americanos como sendo os inventores das Histórias em Quadrinhos, podem ser descartadas sem receios.

Destaco os trechos sobre as transformações da indústria gráfica e seu comportamento ao lidar com as HQs, quando a reprodução em massa se volta a tudo o que existe de mais popular e lucrativo em mercados editoriais competitivos e capitalistas. O que está diretamente ligado ao encerramento do volume que lança argumentações sobre quando uma História em Quadrinhos pode ser considerada uma obra de arte, já que ela, por mais que carregue consigo as maiores potencialidades criativas e culturais, pertence a uma indústria - o que por si, poderia anular tal possibilidade. No entanto, se considerarmos o mesmo atributo na Música, Literatura e no Cinema, aí sim se multiplicariam os critérios de avaliação.

Wellington articula reflexões sobre a HQ como uma linguagem condutora de ideias muito mais complexa e poderosa do que se possa presumir. Signos, informações visuais, desenhos e textos, quando combinados, tornam-se uma leitura distinta. E é como forma de comunicação singular, que a HQ se desdobra em possibilidades cujas fronteiras são inexistentes, ou delimitadas apenas pelas habilidades técnicas de seu autor e do que pretende veicular com o seu trabalho. Mesmo consciente de que não terá controle definitivo sobre suas intenções, pois elas estarão sempre sob as interpretações do leitor, que as fará segundo de seu próprio repertório e visão de mundo.

No texto de Um Mundo em Quadrinhos há outras explanações que me convenceram - ainda mais - de como a Arte Sequencial é rica como objeto de estudo e pesquisa. Caso eu fosse trazer aqui cada um dos argumentos, me estenderia além do que pretendo - consultar a obra integral pode ser mais proveitoso.

No último domingo, dia seguinte ao jantar de aniversário de minha mãe - comemorado pela família em Araranguá, cidade vizinha -, o frio volt...

No último domingo, dia seguinte ao jantar de aniversário de minha mãe - comemorado pela família em Araranguá, cidade vizinha -, o frio voltara após uma breve trégua e a garoa já engrossava às dez horas da manhã. Na portaria de meu prédio, eu trocava palavras com uma moradora vizinha que eu acabara de conhecer, enquanto aguardava a chegada de meu irmão e sua carona.

Com a posse da minha bagagem, tomamos a estrada rumo aos portões da faculdade SATC, no bairro Pinheirinho. Mal chegamos e já avistávamos uma extensa fila formada por um grande público - vindo de Criciúma e de todo o perímetro urbano próximo - cruzando os acessos de entrada. Estávamos no maior evento de cultura pop do Sul de Santa Catarina: o Tanuki World Fest.

Mega estrutura muito apropriada para eventos dessa grandeza.
Enquanto meu irmão estacionava, fui logo reconhecido e convidado a entrar por um portão de serviço de uso exclusivo dos organizadores. Em seguida, conduziram-me ao Beco dos Artistas, no pavilhão do segundo palco, onde já estavam a maioria dos artistas/expositores (eu chegava em atraso). Tomei minha mesa e montei meu mostruário. As mesas já estavam forradas e eram bastante amplas, na medida para minhas prints A3, A5, cartões postais, cartões de visita, minha HQs Prisma Negro e o lançamento deste ano, a HQ Noite Escura.

E que satisfação foi rever amigos queridos (também artistas) expondo e vendendo suas artes naquele momento de extremo bem-estar e divertimento. O primeiro que encontrei foi Raul Gali, um cara multifacetado e um artista completo. Em seguida, Camila Nazário, uma das pessoas mais talentosas que conheço, cuja arte é misteriosa, cheia de magia e exuberante beleza. E por fim, o Barba, um verdadeiro mago do desenho, também um quadrinista cheio de imaginação.

Fiz uma tiragem pequena de cartões para divulgação da webcomic Ato Falho.
Concordei com meu irmão quando concluiu que o Tanuki World Fest superou o Comic(con) Floripa. E não por menos: tivemos muito mais atrações - algumas de maior peso que as do outro evento -, maior presença de público, organização impecável e outros inúmeros atrativos conduzidos com expertise pelos realizadores. O espaço também era muito maior: dois pavilhões lotados de atividades e apresentações incessantes, que duraram o dia inteiro (já a Comic(con) Floripa alcançou dois dias cheios, talvez aí a sua maior vantagem).

Foi uma grande satisfação participar do evento, ainda mais sem sair minha própria cidade, o que traz um orgulho imenso ao saber que temos uma iniciativa desse quilate rolando no nosso meio. Parabéns ao Estúdio Tanuki e toda a sua equipe!

Quando não está no campeonato, o jogador bate a sua bola, treina pênalti, faz embaixadinhas. Ou seja, entretém-se com sua ferramenta - só ...

Quando não está no campeonato, o jogador bate a sua bola, treina pênalti, faz embaixadinhas.
Ou seja, entretém-se com sua ferramenta - só ele e ela: o jogador e a sua paixão. Há dois brinquedos que nos são apresentados logo no início da vida que independem de explicações: a bola e o lápis.

Se o caminho do lápis agradar mais, não é do referido jogador que falamos, mas sim do artista/desenhista - mesmo o amante da arte por hobby ou diversão -, que pratica entre uma obra e outra com o seu brinquedo mais divertido: o sketchbook.
 
Uns pela metade, outros terminados. Todos muito divertidos.
Durou um pouco até eu entender a importância do exercício oferecido pelos cadernos de desenho. Foi quando me apeguei ao primeiro deles e o utilizei com a frequência devida, que então uma lâmpada acendeu sobre minha cabeça. Acontece que com o caderninho por perto há sempre uma razão para começar algo que se intua, visualize, anote, rabisque - hábitos imprescindíveis no desenvolvimento de articulação de ideias e soluções gráficas.

Nos sketchbooks aplica-se estudos que vão de vestuários, desenhos gestuais, anatomia a esboços aleatórios, os quais podem vir a se tornarem algo com um acabamento melhor e, quem sabe, parte de uma bela obra mais elaborada. E o desenhista se mantém treinado sempre, página após página, um desenho seguido do outro ao longo de seu desenvolvimento artístico - servindo também como registro de sua evolução.

 
Podendo ser levado a qualquer lugar e ser utilizado sem energia elétrica - se considerarmos as fontes naturais de luz - é um companheiro que traz divertimento e utilidade. Um caderno de desenho bem aproveitado pode fazer de seu dono um marombado do traço, tendo muito mais fluidez e articulação na hora de encontrar suas soluções, uma vez que terá experiência ampliada pela prática.
  
 
Não se faz necessário um caderno caro, com folhas "especiais". O Sketchbook é uma área de experimentação lúdica, serve para um momento de praticar a arte de maneira despreocupada e intuitiva. A qualidade do material de desenho acompanha as possibilidades do artista em seu momento. Com uma rápida pesquisa na internet, encontra-se algumas opções baratas que oferecem experiências muito boas. Ou tutoriais sobre como montar um sketchbook você mesmo.

E você tem minha palavra: não há nada como uma xícara de café e um sketchbook em uma tarde de sábado no inverno.

Estive à procura de motivos interessantes para iniciar mais uma série. Optei pelas figuras femininas, o que é sempre muito legal de se desen...

Estive à procura de motivos interessantes para iniciar mais uma série. Optei pelas figuras femininas, o que é sempre muito legal de se desenhar - acho que quase uma unanimidade entre desenhistas e pintores. A escolha temática foi por garotas com um estilo de vida alternativo: o das fãs de Rock e Metal. Surgiram, então, as Metalhead Girls.
Para me inspirar, eu apenas abria o Pinterest, digitava no search "Metalhead Girl" e começava a traçar essas meninas tão carismáticas. Gostei bastante do processo, que para ser honesto, foi de fácil execução. A série inteira foi desenhada digitalmente, sem prazo ou meta, era só quando sobrava algum tempo mesmo.
As publicações seguiram o costumeiro: Instagram, Twitter e DeviantART. E agora, registro aqui no blog a conclusão da brincadeira. 
 

Estamos às raias da segunda metade deste ano, já percorrido pelos mais diversos e relevantes acontecimentos em todas as esferas. Dentre ela...

Estamos às raias da segunda metade deste ano, já percorrido pelos mais diversos e relevantes acontecimentos em todas as esferas. Dentre elas, as relacionadas aos Quadrinhos e entretenimento de massa em geral. Para o quadrinista disposto a tornar sua arte visível, é impossível ter indiferença frente a alguns eventos de grande importância ao planejar a sua agenda.

Com a Noite Escura (minha HQ mais recente) sob meu braço, tomei a resolução de que levantaria do sofá para ver a verdade lá fora. E foi a partir desta decisão que tive como paradeiro a Comic(con) Floripa 2019, ocorrida nos dias 08 e 09 de junho em Florianópolis.

 
 Pouco depois de abrirem os portões.

Mesmo após tanto tempo fazendo quadrinhos, foi primeira vez que estive em um evento de cultura pop da grandeza da Comic(con) Floripa. Minha participação foi como expositor no Artists´ Alley, ao lado de artistas admiráveis, alguns dos quais eu previamente já tivera contato com a divulgação de seus trabalhos através da internet.

Toda a organização impecável me trouxe admiração, pois o evento foi orquestrado com a máxima competência. O ambiente e estruturas do CentroSul são proporcionais ao exigido pela ocasião, tornando a experiência primorosa em todos os seus pormenores. E os artistas tiveram a atenção devida, respeito e um tratamento afetivo.


Várias atrações aconteceram simultaneamente: workshops, palestras, mesas de jogos, videogames, vendas de materiais de merchandising relacionados e um concurso de cosplayers - possivelmente nada tão inédito a quem esteja habituado... Mas para mim, um grande barato de se presenciar. Claro que acompanhei tudo parcialmente, pois havia a necessidade de cuidar de minha mesa (ainda que eu estivesse acompanhado).
 
O CentroSul se transformando, quando voltei do Snack Bar após um misto quente.
 
Dentre bons momentos e lembranças, eu trouxe também um volume adicional de bagagem: uma visão aprimorada sobre produção e divulgação de trabalhos autorais. No percurso de retorno, rodando a BR 101 - em torno de 200Km entre Florianópolis e Criciúma -, eu e meu irmão (companheiro nessa missão) discutíamos, dentre outros assuntos, sobre quais os caminhos na busca por público, divulgação e visibilidade dentro da produção de HQs. Nossas conclusões foram diversas, e talvez, a mais importante, de que ser quadrinista independente não é apenas criar, escrever e desenhar - há muito mais ser feito e a ser aprendido. Um trabalho necessariamente ainda mais árduo.

O Desenho é a minha principal forma de expressão - tanto no fazer, quanto no apreciar. Fascina-me a imensa diversidade de obras - frutos ...

O Desenho é a minha principal forma de expressão - tanto no fazer, quanto no apreciar. Fascina-me a imensa diversidade de obras - frutos da mais sincera paixão à arte - exibidas em nossas telas e monitores em torno do mundo. Meus olhos passeiam sobre todas sem me ocorrer qualquer tipo de comparações ou avaliação rigorosa. Sou levado apenas pelo apreciar continuo ao que cada um(a) desses(as) obstinados(as) artistas têm a nos mostrar e a inspirar. Todos merecem o direito de desenhar como melhor lhes couber, e é nesse tipo de beleza que acredito.

Só que também tenho uma mente analítica, e minha atenção volta-se sempre ao que tornou-se evidente na Arte do Desenho contemporâneo: ela sofreu transições permanentes há bastante tempo, evoluindo ao fazer digital. Avalio positivamente tal fenômeno, por tratar-se de recursos facilitadores e que também agilizam todos os processos que o desenho envolve.

Minha mesa digitalizadora.
O suporte eletrônico oferece todos os alcances imagináveis. Nos softwares de edição de imagens - como Photoshop, Paint Tool SAI, etc -, a sobreposição de Layers (ou Camadas) são similares às mesas de luz, ou aos acetatos (já fora de uso há décadas) que podem ser inúmeros - utilizados com a limpeza só possível graças à tecnologia. O emprego da borracha é ilimitado e o CTRL+Z, um grande amigo. As ferramentas de seleção permitem redimensionamentos, ajustes e o rotacionar apenas nas partes que interessam do esboço, sem a necessidade de as refazer até ficarem satisfatórias.

Shape Dynamics e Layers - recursos que facilitam.
Os ajustes nas espessuras dos brushes são extremante cômodos. Com os drivers certos, da mesa digitalizadora, temos o Shape Dynamics emulando - quando usados brushes específicos - os traçados a lápis, bicos de pena e pincéis. E o desenhar pode se tornar mais divertido, pois o trabalho se faz diante de um computador - com a mágica das formas surgindo virtualmente -, onde há a opção de salvar quantas versões da arte se desejar e ainda a fácil busca por referencias fotográficas - isso se o artista não se render ao fluxo de distrações da internet.

Esboço e desenho digitais.
Quando comprei minha mesa digitalizadora Bamboo Pen da Wacom, foi por um impulso iniciado pela mais pura curiosidade. Seria possível fazer páginas quadrinhos com o aparato? Cheguei a elaborar algumas páginas, mas percebi que a construção tornou-se mais morosa do que eu esperava e que atingi melhores resultados nos sketches, concepts e ilustrações. E depois parti para a colorização. No entanto, minha intenção jamais foi a do empenho na Pintura digital. Prefiro me limitar às cores chapadas com alguns níveis de sombras. As coisas deste jeito já me agradam, uma vez que meu traço é simplista e sem obrigação de verossimilhanças visuais. 

Sobretudo, ainda preciso dizer: desenho é desenho, do giz na calçada, às das telas nas modernas Cintiq´s e congeneres.

Jamais tive um tutor ou professor de desenho. A arte sempre partiu de minha iniciativa e observação, seguindo meus próprios métodos empíric...

Jamais tive um tutor ou professor de desenho. A arte sempre partiu de minha iniciativa e observação, seguindo meus próprios métodos empíricos de aprendizado. Despertei artisticamente em uma época em que materiais didáticos e cursos eram inacessíveis a quem não estivesse instalado nos grandes centros. E em se tratando de HQs, não diferia muito, era ainda mais fora de alcance.

O panorama oposto ao atual: um mundo aberto apinhado de apostilas, guias, exemplos, cursos, vídeos e tudo o que for necessário ao estudo profundo dos Quadrinhos ou do Desenho. E também o contato com os ensinamentos provenientes de artistas que obtiveram carreiras prosperas e tornaram-se consagrados. Como é o caso de Will Eisner, um autor divisor de águas nas HQs que nos brinda com o livro "Quadrinhos e Arte Sequencial", a respeito do qual farei algumas considerações.
  


Trata-se de um livro fundamental a quem se propõe a fazer quadrinhos com seriedade. Eisner apresenta aqui uma legítima gramática das HQS, ministrada em uma escrita eficiente e digerível, introduzindo-nos aos muitos dispositivos e sutilezas necessários para que uma obra em Quadrinhos surta o efeito desejado.

O volume traz uma compilação das aulas que o autor lecionou na Faculdade de Artes Visuais de Nova York na década de setenta, resultando em textos explanativos, páginas de HQs comentadas, diagramas e exemplos ilustrados. Também perspectivas inusitadas sobre as muitas possibilidades a se explorar na hora de quadrinizar - há, inclusive, paralelos com as artes cênicas.

Estudando essas lições, colocamo-nos diante dos meandros da construção de uma HQ eficiente em comunicar ideias e de conduzir uma narrativa de forma expressiva e capaz de impor fluência categórica sobre o leitor. Cada tópico é descrito e exemplificado de modo a ser entendido com o mínimo de esforço, seja  por parte do iniciante, ou do quadrinista experiente.

O terceiro capítulo foi o que mais me cutucou: o "Timing". A principal deficiência perceptível em meus trabalhos. Em suma, todos os capítulos esclareceram diretamente sobre soluções que eu aplicava instintivamente e revelaram outros pontos, os quais não faziam parte de meu repertório.

Fica aqui uma reflexão de Eisner, com a qual concordei muito: "[...]O trabalho da arte domina a atenção inicial do leitor[...] Isso então induz o artista a concentrar as suas habilidades no estilo, na técnica e em recursos gráficos que têm como propósito deslumbrar o olhar. A receptividade do leitor ao efeito sensorial e, muitas vezes, a valorização desse aspecto reforçam essa preocupação e estimulam a proliferação de atletas artísticos que produzem páginas de arte absolutamente deslumbrantes sustentadas por uma história quase inexistente".

Como comentado anteriormente , estou dando andamento à minha webcomic "Ato Falho" que hoje faz sua estreia no Tapas. A sinopse é a...

Como comentado anteriormente, estou dando andamento à minha webcomic "Ato Falho" que hoje faz sua estreia no Tapas. A sinopse é a seguinte:

Quando um astro do Rock traz ao nosso mundo uma perigosa entidade demoníaca, mal sabe ele que também atraiu a atenção de um sensitivo amaldiçoado cheio de cartas nas mangas. O que toma proporções dramáticas ao envolver uma jovem convalescente psiquiátrica dotada de telepatia, cujo desejo maior é viver um romance recém desperto com um artista circense.

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Faz pouco tempo que falei aqui sobre o pincel Condor 00 e de como me adaptei ao seu manejo nas artes-finais. De fato, essa ferramenta me tro...

Faz pouco tempo que falei aqui sobre o pincel Condor 00 e de como me adaptei ao seu manejo nas artes-finais. De fato, essa ferramenta me trouxe facilidades enormes e mudou minha maneira de executar algumas coisas. E não pretendo abandoná-la.

Mesmo assim, os testes com novos materiais sempre fizeram parte de minha curiosidade. E, nessas pesquisas constantes, acabo me servindo de alguns itens que trazem possibilidades diversas e caem muito em meu gosto (como, até mesmo, um substituto ao elogiável Condor 00).

Fiz uma aquisição que teve o mérito de trazer uma nova tarimba à prática de aplicar o nanquim –
neste caso, extremamente positiva. Vou falar da caneta pincel Pentel Pocket Brush.




A Pentel Pocket Brush é um pouco menor que uma caneta esferográfica, mais encorpada e tem a superfície lisa, exceto por um ideograma japonês e seu nome gravados na tampa. As cerdas sintéticas flexíveis são de excelente qualidade, elas permitem variações de traçados a perder de vista. Além das  vantagens de ser desnecessário molhar as cerdas na tinta a todo instante, como já estamos acostumados e também de dispensar limpezas após o uso - é só encaixar a tampa até o próximo trabalho. Na embalagem, a caneta vem com duas recargas de tintas exclusivas da marca, que podem ser compradas separadamente.


Foi importante fazer alguns testes na Pentel Pocket Brush para me adaptar às suas propriedades, mas ela não se mostrou muito diferente dos melhores pinceis que já fiz uso para artes-finais. Consegui traçar facilmente linhas muito similares às dos bicos de pena - os quais já abandonei há muito tempo por não levar jeito -, o que me agradou muito. Mas, como eu disse, as variações de pressão podem ser múltiplas, dependendo das propensões a serem atingidas pelo artista.

O investimento é um pouco alto. Tive a sorte de encontrar uma unidade na papelaria Fátima, aqui do calçadão da Nereu Ramos, entrando em contato com o atendimento da loja via whatsapp – o que não me obrigou a pagar frete. O custo compensa a quem tiver afinidades, gosto pelo pincel e já dominar alguma técnica. O item é durável e recarregável, duas grandes vantagens sobre seus congêneres que circulam nas papelarias.

Chegou a Noite Escura, minha nova HQ. Sobre ela, vou colocar aqui um release escrito pela Laluña Machado, do site Minas Nerds: Sem dú...




Chegou a Noite Escura, minha nova HQ. Sobre ela, vou colocar aqui um release escrito pela Laluña Machado, do site Minas Nerds:

Sem dúvida mais um quadrinho nacional que pode ficar entre os melhores relacionados à ficção científica e futuros distópicos. Andy Corsant fez um trabalho primoroso com roteiro, arte e edição, nos trazendo uma narrativa envolvente e repleta de influências como o suprassumo da ficção científica do século XX, Philip K Dick e Isaac Asimov. Além disso, há da franquia Matrix e pitadas de algumas produções do quadrinista e roteirista Dave Gibbons.
A história com traços em negro e alvo destaca relações existenciais entre seus protagonistas Suzano e Aneta, ao mesmo tempo em que aponta características da violência e perversão numa sociedade pós-moderna com um código moral alternativo. A narrativa também engessa performances com cenas de ação e cenários “pós-apocalípticos” com aparições de “demônios e profetas”. Tudo isso com um gostinho a lá Clube da Luta.
Ao fim da trama, o leitor só pensa em uma coisa: acho que vou ter mais cuidado quando comer carne de porco.


Quando concluí o meu segundo zine, o Prisma Negro, parti para muitas experimentações em artes-finais, em busca de resultados diferentes d...


Quando concluí o meu segundo zine, o Prisma Negro, parti para muitas experimentações em artes-finais, em busca de resultados diferentes dos que eu obtinha naquele momento. Eu estava descontente com os acabamentos das Unipin 0.5 e do pincel atômico, empregados em todo o processo do Prisma Negro e nas demais finalizações do mesmo período.
  
À esquerda, os pinceis Tigre, muito usados nas salas de aula. Em seguida, os Condor 00.

  
O pincel integrou-se ao meu traço a partir de algumas ilustrações que fiz para a versão antiga de Ato Falho, quando me habituei a arte-finalizar em papeis de melhor qualidade - que suportavam doses generosas de nanquim -, até então ausentes nas papelarias mais próximas. Meu auto desafio era o de fazer com que meus painéis fossem concluídos com limpeza e capricho impecáveis.

O pincel Tigre, dos mais simples, foi o primeiro a ser testado e a me trazer satisfação. Passei a me acostumar com a empunhadura de seu corpo esguio e ao traço de tão difícil controle.
  

Variações de espessura de traçados oferecidos pelo pincel.
(Quadros de uma página suprimida do primeiro capítulo de Noite Escura)
 
Para que eu adotasse o pincel em definitivo, bastou-me testar a marca Condor 00. Essa ferramenta que me custou pelo menos R$8,00, foi a mais usada em minha atual HQ, a Noite Escura. O resultado foi inteiramente de meu agrado, de modo que, pretendo tornar essa a minha principal forma de finalização.

Quem acompanha o blog sabe que iniciei recentemente uma série de desenhos que traz consigo um tema central. É uma série curta...

Quem acompanha o blog sabe que iniciei recentemente uma série de desenhos que traz consigo um tema central. É uma série curta, à minha escolha e no meu tempo de execução. Me propus a criar um time de lutadores para um jogo de videogame imaginário, ao estilo dos Arcades de luta muito populares nos anos 90.
Desde que foi ao ar a postagem na qual anunciei o desafio, venho publicando gradualmente os players que crio no Instagram. Ocorreu-me escrever fichas técnicas sobre cada um deles mas, o que me impediu de fazê-lo foi a necessidade de poupar energias para outras produções.

Tive alguns contratempos durante o andamento do projeto, como a perda de meu disco rígido, obrigando-me a refazer alguns dos desenhos a partir de JPEGs em baixa resolução armazenados em meu celular - motivo pelo qual custei um pouco fazer esse post. Mas deu certo, vamos lá.

Temos, então, oito jogadores. Oito durões das artes marciais cobiçando o título de campeão num torneio de briga de rua chamado Ravager Fighter. Vamos a eles:  
  
 

Também criei uma tela de seleção de personagem e uma simulação de uma luta rolando entre a Luca e o Gerd. Fiz o cenário fotografando a cidade onde moro e uma quadra de basquete daqui perto. Apliquei um filtro de pixelização com a intenção de dar a aparência de jogo antigo.



 
Mesmo não sendo músico, já brinquei muito com o FL Studio (um software de edição musical), foi nele que compus a música tema do jogo. 


Gostei desse desafio, foi um baita exercício de imaginação.

Não largo do osso. Nesse caso, um osso passou a se tornar um filé. Não era mesmo um trabalho para se avançar precipitadamente, por isso, e...

Não largo do osso. Nesse caso, um osso passou a se tornar um filé. Não era mesmo um trabalho para se avançar precipitadamente, por isso, engavetei-o no ano passado. A história precisava de retoques, um novo formato também, e, da mesma maneira, uma padronização definitiva na arte.



Minha promessa não será quebrada: reunirei meus personagens do antigo Asmopleon Danteredun em suas aparições oficiais. Martin Holster, Mariana, Daniel, Lucy e Alfredo devem me dar mais uma chance.

Ainda tenho um tanto de prioridades - para este ano - antes de partir para o Ato Falho. Só pretendo começar a desenhar as páginas dessa HQ, quando estiver realmente livre de impedimentos, provavelmente do meio para o final do ano - agosto ou setembro, no máximo.

 

A  plataforma será o Tapas, onde publicarei assim que o primeiro capítulo estiver pronto. Estou bastante otimista e penso que cumprirei todos os meus planejamentos para esse título. Vai dar certo, é só organizar as coisas.

As informações adicionais que posso antecipar ao leitor, é que será uma HQ com uma cara bem diferente de minhas primeiras tentativas e o gênero será o Terror.

É sobre ela que me debruço quando me coloco a desenhar, pintar e quadrinizar. Tenho uma relação quase que sagrada com o trabalho que realiz...

É sobre ela que me debruço quando me coloco a desenhar, pintar e quadrinizar. Tenho uma relação quase que sagrada com o trabalho que realizo nela. Tanto que não a ocupo caso o afazer não se associe diretamente às minhas produções artísticas: como escrever uma carta, por exemplo; ou ler, empacotar, colar, cortar folhas, etc.



Trata-se de minha ferramenta de trabalho que mais desperta curiosidades em alguns de meus amigos - talvez, devido ao orgulho que sustento pela peça, fixando-a num story do instagram, no DeviantART, ou aqui mesmo nos "extras" do blog .

Lembro-me de quando a comprei no inverno de 2008. Foi na Papelaria Fátima, ali do calçadão da Nereu Ramos, próximo ao posto policial e ao ponto dos taxistas. Havia uma montada no mostruário e, ao vê-la, animei-me a mexer em minhas economias. Antes dela, minha mesa era essa na foto a baixo.

 
O investimento na Trident CV06 compensou, era tudo o que parecia e ia além.  Na minha compra, ela veio com uma prancheta medindo 1,03x0,82m, em madeira revestida por plástico Trident, já fixada no suporte (não sei se é sempre vendida dessa maneira) e eu não precisei quebrar muito a cabeça com a montagem que é de encaixes extremamente simples.

Além da montagem descomplicada, a estrutura em ferro é muito firme e pintado a fogo, tornando-a de fácil conservação e, se bem utilizada, um item para manter-se a vida inteira. A regulagem através de manoplas ajusta a altura e a inclinação nos níveis que se desejar e o manuseio é muito intuitivo e acessível.
 
Costumo utilizar uma inclinação fixa, em torno de algo entre 25 e 15 graus, o que proporciona muito conforto e ergonomia, oferecendo uma postura ideal para que eu atravesse o tempo necessário desenhando. Também é legal saber que essa mesa não requer um banco especial, qualquer cadeira de escritório ou banqueta é compatível, já que as regulagens assim o permitem.

Essas são minhas considerações sobre essa minha parceira de lutas, que já me acompanha há tanto tempo e que me traz tantas alegrias. Não me vejo sem ela, e a utilizarei enquanto a sorte continuar me acompanhando.

Raramente saio de casa sem levar minha mochila. Nela carrego zines, HQs, gadgats, óculos de sol, água e um guarda-chuva. Também é um hábit...


Raramente saio de casa sem levar minha mochila. Nela carrego zines, HQs, gadgats, óculos de sol, água e um guarda-chuva. Também é um hábito ter por perto os materiais de desenho mais básicos, para o caso de alguma ideia repentina ou momentos de ócio.

Tenho sempre comigo os sketchbooks e meu inseparável estojo, no qual estão as ferramentas necessárias para começar os rabiscos. Desenhar livremente é um proveitoso exercício de criação. Por exemplo, na HQ que tenho trabalhado nos últimos meses, as aparências dos personagens surgiram diretamente de meu sketchbook.







Na imagem acima vemos meu kit de itens que considero fundamentais.

1 - Grafite azul 0.5. Os dois pontos negativos desses grafites são a sua impossibilidade de apagar com a borracha e como eles quebram facilmente. O legal é a mágica de não aparecer no escaneamento.

2 - Grafite 2B 0.5. Eu sempre utilizo grafite 2B, é com ele que me dou melhor, seja na lapiseira ou no lápis.

3- Caneta UniPin Brush. Como o nome já diz, a versão Brush apresenta resultados similares aos de um pincel. Essa vietnamita não é tão boa quanto a concorrente japonesa PigmaBrush da Sakura, e estranhamente, não é muito mais barata.

4 - Caneta UniPin 0.8. É a maior espessura da linha UniPin. Eu trabalho com ela em conjunto com a 0.5, que não está na imagem. São de qualidade satisfatória mas, em contrapartida, pouco duráveis.

5 - Lapiseira GraphGear 500, 0.5, Pentel. Nela só utilizo os grafites 2B.

6 - Lapiseira P385, 0.5, Pentel. Essa é para os grafites azuis.

7 - Borracha Steadtler. Indico muito essa borracha.

8 - Marcador IDenti.Pen da Sakura. Para preenchimentos mais amplos. Tem duas pontas, uma mais espessa e outra para traços mais finos.

9 - Marcador Pilot 400. Esse canetão é para cobrir áreas maiores, ele tem uma excelente ponta chanfrada e a tinta muito boa.

10 - Lápis Azul Prismacolor Col-Erase. Sou um fã desse lápis. Mesmo tendo a mina azul, é possível apagar seu traço, que também faz a mágica de não aparecer no scanner. A única desvantagem é a que vejo em todos os lápis, que é a de ter que apontar.

11 - Meu estojo.




Agora vemos os meus dois sketchbooks. O maior é A4 e o menor é A6. O maior é mais usado, principalmente pelo tamanho e a encadernação e espiral. O papel de ambos tem boa gramatura e são, até certo ponto, resistentes a aguadas.