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A preocupação sobrepujante em acertar é um temor capaz de nos levar à procura de artifícios diversos em nossos fazeres criativos. Mas a cria...

A preocupação sobrepujante em acertar é um temor capaz de nos levar à procura de artifícios diversos em nossos fazeres criativos. Mas a criatividade, por sua vez, necessita de liberdade e não de travas mentais - seus horizontes só se ampliam com algumas ousadias. A imperfeição pode ser uma professora dedicada, quando o conforto solitário dos processos Artísticos nos leva a resultados inesperados. A disciplina aliada à displicência fortalecem os músculos criativos, dando mais vigor aos acasos. Assim funciona o talento: vontade de ir além juntamente aos estudos e à diligência.
 
Quando abrimos a percepção nessa direção, encontramos a aceitação dos defeitos e o abandono dos vícios. Os medos na Arte impedem os nossos progressos. Eles começam com os referidos “artifícios”, com os quais convivemos sob à aflição pelo êxito. Com o tempo, incorporar as imperfeições leva à expressividade e, derrubando uma barreira de cada vez, o Artista vai de encontro à grande chance de execuções surpreendentes. Obviamente, sem se eximir de técnica e conhecimento.
 
O Artista com maior prática perceberá a valia de galgar as próprias limitações. Nesse estágio, ocorre uma fração de iluminação sobre sabermos muito pouco mas, ainda assim, alcançamos um enorme progresso. Minha experiência diz que a prática Artística é, inicialmente, uma habilidade análoga ao pedalar de uma bicicleta, na qual o progresso principal acontece até a etapa de simplesmente subir no mecanismo e manter equilíbrio. A Arte livre é o que vem após isso, quando rodamos sem as mãos nos guidões, saltando uma rampa, empinamos, atravessamos uma avenida movimentada.
 
Devemos soltar o traço, entregar o comando da aventura à perda do controle. Se não para expor a outros olhos, pelo menos para exercitar para si. Progredir em silêncio em sua oficina particular, na calada da noite, é quando não há borracha para apagar, mas há pinceladas esdrúxulas e arriscadas. Aceitemos o erro, para assim, ampliar a visão e pôr uma lupa nas imprecisões e as adotar, transformando-as em evolução.

Organizar-se é muito importante. Não dê credibilidade a quem diga se orientar melhor diante da “bagunça”. Considero essa afirmação muito s...

Organizar-se é muito importante. Não dê credibilidade a quem diga se orientar melhor diante da “bagunça”. Considero essa afirmação muito semelhante àquela que diz: “dirijo melhor quando estou bêbado”. Há vantagens na organização que vão da economia de tempo à maior produtividade, bem como atribuir uma identidade ao seu ambiente e aumentar o bem-estar. Ter tudo em um local predeterminado e com as informações e ferramentas ao alcance é sumamente importante a qualquer atividade, poupando energias e harmonizando o espaço para obter melhores proveitos no andamento do projeto, ou no ponto de partida do trabalho seguinte.
 
Uma mente organizada engenha em níveis muito mais eficientes, prolongando-se aos espaços físicos e virtuais ao categorizar e hierarquizar afazeres. Critérios colocados em cada item, documentos, ideias, etc... afastam esforços excessivos para a execução de qualquer tarefa. Elaborar listas, dedicar alguns minutos para ordenar e planejar traz tranquilidade, fazendo o ambiente e o trabalho se tornarem adequados e livres de problemáticas e distrações visuais.

Assim, a sua atenção pode reter melhor o que importa e trabalhar com foco, trazendo liberdade e, acima de tudo, clareza nas demandas diárias. Entendendo definitivamente a organização, temos nela uma otimização da rotina e um jeito de exercer suas funções com maior fluência e prazer, tornando cada momento produtivo uma experiência melhor e muito mais concentrada.

Costumo fazer uso de softwares e serviços online para organização, o que já comentei aqui algumas vezes e, quem me acompanha, sabe que tenho atualizado esse tópico também. Gosto de ordem, gosto de sequências, harmonia e de sentir os meus modos de agir ao meu redor, pois acredito no lugar onde trabalhamos, como um reflexo de nós mesmos.  Tenho dito por aí que sigo levando comigo apenas meu sketchbook, minha mesa de desenho e meu blog. Obviamente, um modo figurativo de expressar como me relaciono com a Arte. No que há um fundo de verdade se o objetivo é expor minimamente o que importa na vida como Artista.

“Me cansei de lero-lero Dá licença, mas eu vou sair do sério Quero mais saúde Me cansei de escutar opiniões De como ter um mundo melhor   Ma...

“Me cansei de lero-lero
Dá licença, mas eu vou sair do sério
Quero mais saúde
Me cansei de escutar opiniões
De como ter um mundo melhor
 
Mas ninguém sai de cima, nesse chove não molha
Eu sei que agora eu vou é cuidar mais de mim”
 
[Saúde - Rita Lee]
 
Nas palavras de nossa estrela do Rock, que tanto brilhou (e sempre brilhará) no firmamento musical desse país, leio quase como minuciosamente, todas as minhas impressões atuais sobre o Twitter/X . Acabei por deixar o microblog de lado e seguir sem o utilizar mais. Sinceramente, já não me serve.
 

Tomei essa decisão após experimentar seguidos desgostos (lidos e vistos), junto a uma grande e devastadora perda do meu precioso tempo. Como um verdadeiro asno, depositei naquela timeline infecciosa, tudo, tudo... menos algo útil - com a exceção dos desenhos - e esgotei todo o meu repertório de “queimações de filme”, aforismos tirados de unhas encravadas e muitos outros lero-leros improfícuos. Mesmo sabendo do quão me farão falta as amizades, conto com as possibilidades de haver reencontros em outras esferas.
 
Seguirei com o blog e o instagram (nesse último, um desenho por semana).

  “Meu hobby é meu trabalho”, assim descrevia o seu ofício, o desenhista e cartunista, Henry Scarpelli. Essa reverente relação com o labor s...

 

“Meu hobby é meu trabalho”, assim descrevia o seu ofício, o desenhista e cartunista, Henry Scarpelli. Essa reverente relação com o labor só poderia resultar em uma produção honesta. Henry foi um artista o qual eu gostaria muito de ter conhecido em sua época. Se não pessoalmente, ao menos nas suas publicações. Ou ambos, tendo em vista a reputação de ser um homem muito educado e amistoso. Imagino o quão empolgante seria acompanhar as séries, tiras e todos os trabalhos enquanto aconteciam, nos momentos exatos dos lançamentos. Poderia ser possível, pois esteve bastante ativo ainda nos anos 90, quando a maré de HQs já cobria os meus joelhos.
 
Bastante prolífico, o trabalho de Scarpelli alcançou longe. Foram tiras diárias, uma série própria, suplementos dominicais e, também, grandes títulos de super-heróis da DC… além de sátiras televisivas. Isso tudo, trabalhando tanto só, quanto nas parcerias muito bem-vindas à sua carreira (Stan Goldberg e Craig Boldman).

Minha identificação com Henry está alguns níveis acima do esperado quando falamos de um quadrinista, haja vista eu ter (pelas HQs) mais paixão do que jeito para a coisa. Porém, tal identificação se fortaleceu ao saber como o homem iniciou a carreira: com a publicidade. Henry diagramava panfletos antes de ser um desenhista e ainda cursou a universidade de Artes Visuais - assim como eu iniciei no Design e em minha formação acadêmica.
 
Podemos falar de muitas coisas incríveis sobre Henry Scarpelli. Uma delas, é sobre ele ter sido um artista multimídia, já em sua Era. Envolvido com TV e cinema, foi ativo em participações de audiovisuais e auxiliou o filho a emergir no mundo das Artes Cênicas diante das câmeras estadunidenses.

Além desse currículo, o qual lhe rendeu muitos prêmios, a ousadia ia ainda mais além: Henry trabalhou na produção do disco “Tommy”, uma Ópera Rock da banda britânica The Who - recebendo por esse feito, um Disco de Ouro, a honraria máxima da indústria fonográfica! E a seguir, vieram as produções para a Broadway e um Thriller independente chamado “The Last Victim”... A Arte correndo nas veias é isso: um grande feito seguido de outro!

Scarpelli também esteve na Archie Comics durante muitos anos, com trabalhos expressivos para o título. E não é novidade a ninguém sobre minha admiração por essa HQ, com seus temas adolescentes e os traços belíssimos. Em mais uma prova de ser especialmente um grande camarada, Scarpelli atravessou décadas trabalhando ao lado de Craig Boldman sem em qualquer momento ter conflito com o parceiro - muito pelo contrário, ambos haviam tido uma relação próxima e gentil nesta jornada de HQs, roteiros e ilustrações.

O senhor Scarpelli merece nossas recordações, pois fez história e muito bem. Um brinde aos grandes artistas de nossa esfera!


Bibliografia:
 
https://andreasmithgallery.com/artist-works.php?artistId=290508&artist=Henry+Scarpelli

http://www.guiadosquadrinhos.com/artista/trabalhos-de/henry-scarpelli/2174

https://dc.fandom.com/wiki/Henry_Scarpelli

https://www.lambiek.net/artists/s/scarpelli_henry.htm

https://www.silive.com/obituaries/2010/04/henry_scarpelli_79.html

Pergunto-me qual a possibilidade de reproduzir o mundo ao nosso redor sem o observar, e como se poderia realizar um trabalho sem consultar g...

Pergunto-me qual a possibilidade de reproduzir o mundo ao nosso redor sem o observar, e como se poderia realizar um trabalho sem consultar guias teóricos. Fico ainda intrigado, sobre haver quem defenda a hipótese de se desenhar sem seguir os feitos de bons artistas. Mesmo os nossos colegas mais hábeis em criar imagens sem referências, estes assim o fazem por terem tudo espantosamente guardado em suas memórias. Não se faz um retrato com os olhos fechados, bem como não existe aprendizado sem acessar registros de nossos entornos.

Nas cátedras de Artes, ainda as mais modernas, realiza-se muito do que chamamos de “copiar”... e isso está errado? Exercitar as cópias e as repetir são excelentes métodos para artistas em todos os níveis de experiência. Havendo organização na jornada de um desenhista, copiar é edificante, e tem importâncias inquestionáveis. Não acredito em um talento nato, o qual supostamente faria uma pessoa ser simplesmente um gênio sem quaisquer esforços maiores (tanto os autodidatas, quanto os conduzidos por um mentor). Alguns são, de fato, melhores para absorver uma habilidade, mas ela jamais é adquirida no berço.
 
Não existe problemas em acessar o Pinterest, ou o DeviantART e encontrar uma ideia. Podemos abrir milhares de imagens e isso vai nos garantir, se não o sucesso, uma boa maneira de evolução. As referências estão em uma tela de celular, em um monitor ou em qualquer lugar do ambiente real… são incontáveis as opções para “usarmos e abusarmos” tanto para a diversão, quanto para adquirir mais habilidades. Chacrinha, o grande comunicador, foi certeiro ao parafrasear Lavoisier, dizendo que “nada se cria, tudo se copia”. E acrescento que quando algo é copiado, pode haver aprimoramentos, pois, como o velho ditado popular nos diz: “quem conta um conto, aumenta um ponto” (e não me refiro à mentira).
 
Penso muito favoravelmente sobre estar submerso em imagens, dos mais distintos temas. A consulta a livros, fotografias, desenhos e demais elementos gráficos fazem parte do processo... com eles é possível a elaboração de painéis semânticos e a pesquisa por produções de artistas inspiradores. Um mapa de influência também é um bom ponto de partida para obter progresso. Todos nós devemos nos nutrir de informações todos os dias, pois assim teremos as matérias primas para criar. A internet é o nosso recurso para encontrarmos o caminho e não sou somente eu quem percebe isso, como bem sabemos. E a história começa sempre com uma referência, ou a união de várias e assim, colocamos a mão na massa. Isso contribui para um bom desenvolvimento artístico e nunca deve ser considerado uma “trapaça”, tal como muitos gostam de repetir por aí.

Todos sabem que sou da velha guarda, um senhor com gostos peculiares e fortemente atraído pelas Artes. Da música aos videogames, sou um hobi...

Todos sabem que sou da velha guarda, um senhor com gostos peculiares e fortemente atraído pelas Artes. Da música aos videogames, sou um hobista fora do risco de cair no tédio. Minhas recordações mais culturalmente memoráveis (já relatadas aqui) ainda hoje são tão vívidas que me fazem sentir os sabores da alvorada da vida. Os desenhos chegaram até mim através dos gibis do Conan, revista MAD, X-MEN, Transformers e a Crash Magazine. Meu interesse artístico também teve a sua ignição com o universo em torno do ZX Spectrum. Aquele computador pequenininho com teclas emborrachadas, acompanhado de um toca fitas e ligado à TV, era um outro mundo diante de meus olhos. Uma máquina simples que encantava meu lar. Gibis, revistas, computador… Esses foram os ingredientes cuja magia era capaz de me pôr em uma forma de viver à parte, dando as costas à massacrante “realidade”.

Nas telas do ZX Spectrum, a computação gráfica, com todas as suas limitações, já era miraculosa. Os pixels enormes, as poucas cores e o processamento incrivelmente abaixo dos que conhecemos hoje, não deixavam de ter uma enorme potência para a criatividade. As telas de carregamento traziam ilustrações de fantasia e ficção científica, os joguinhos instigavam a curiosidade e desafiavam habilidades. Um barato arrebatador a uma mente jovem efervescente de imaginação. A Arte já existia no surgimento dos microprocessadores, e eu fui testemunha. Quando o digital dava os seus primeiros passos, artistas enormemente habilidosos driblavam as limitações realizavam obras maravilhosas.
 
Talvez por esses precedentes de minha juventude e por ser Artista Gráfico profissional, sou profundamente interessado pela Arte Digital na atualidade de uma forma bem ampla. Pinturas digitais, softwares ou 3Ds - são muitas as façanhas computacionais sobre as quais me sinto atraído, mesmo não tendo todas em meu portfólio. Como eu já disse uma vez aqui no blog: sou um desenhista digital, apenas. O desenho simples me satisfaz. Além das técnicas de execução digital, também as aparelhagens para a computação gráfica me despertam muita atenção. Vejo que os materiais tecnológicos se tornaram essenciais para artistas do traço, fato esse visivelmente consolidado em nosso presente e que tem mostrado avanços muito favoráveis às produções de imagens.
 
Não me oponho à Arte tradicional, tenho uma opinião muito voltada a ela. Tanto que a pratico equivalentemente à digital. Gosto muito de lidar com materiais, tintas, papéis, etc… até a sujeira decorrente dessa prática me agrada. Encontro um prazer muito grande com o processo tradicional. E acho incríveis as inúmeras possibilidades de unirmos o digital ao tradicional. Truques tais como os desenhos escaneados tratados em softwares, ou dos softwares transferidos para o tradicional e artefinalizadas fisicamente. Há muitos artistas utilizando cores, tintas e texturas diversas de ambos os métodos, alcançando resultados extraordinários… ou seja: muitas possibilidades podem ser exploradas. É inegável o quanto podemos cruzar fronteiras e usar todos os recursos possíveis e ao nosso alcance.

Para escrever vai bem exibir algum estilo, fazer arranjos e dispor de assuntos para abordar. Ao empreender em um blog, deve-se ter em mente ...

Para escrever vai bem exibir algum estilo, fazer arranjos e dispor de assuntos para abordar. Ao empreender em um blog, deve-se ter em mente a necessidade de possuir uma voz, aquele timbre textualmente distinto. Em uma alegoria de meus pensamentos, este blog é como meu intelecto vestindo sua roupa com corte sob medida, envergando uma indumentária a qual representa justamente a sua personalidade perante meus leitores.

Ainda que sem pretensão alguma, escrever um blog depende de envolvimento e de se investir tempo. Envolver-se é fundamental, pois a disciplina faz a constância estar presente e, junto a ela, o aprimoramento. Já o tempo, é preciso reservar algum, mesmo quando não se tem. Eu, por exemplo, tenho pouco tempo para o blog. Mas e daí? Deixarei de escrever por isso?
 
Avançando esses passos, há o seguinte: a organização. A maioria de nossas atividades cotidianas requer de alguma metodologia aliada a planejamentos subsequentes. Anotar pautas, estudar, pesquisar... tudo isso precede o ato de escrever. É preciso consistência, pois sem ela, estamos diante de palavras agrupadas sem destino algum. Há blogs com textos extremamente subjetivos e poemas... entretanto, isso não faz parte da minha experiência de blogar, estou em outro nicho e vislumbro outros escopos. E deixo claro de nada ter contra textos estilizados artisticamente, ou extremamente subjetivos. Aprecio, inclusive.
 
Atendo-me à minha escrita e a respeito desta expressão, só digo que encontro muita satisfação e prazer no tom de minha escolha. Sempre volto aqui quando tive alguma experiência válida de ser compartilhada, ou para contar das novidades em torno das incursões artísticas do cotidiano. Considero este blog um QG, o abrigo onde há todos os registros segundo a minha particular visão de mundo e tudo mais dentro seara das atividades de campo a relatar. Assim, redijo os pensamentos e reflexões e entrego a quem tiver curiosidade.
 
Como eu já disse anteriormente, para manter um blog só preciso de um computador, um celular e conexão à internet. E algumas ferramentas... em um post de dia desses eu falo algo sobre elas. Atualmente tenho usado uma nova: o Notion. Estou apreciando lidar com ele para minhas pautas e calendários de eventos. E nem só para escrever está servindo, suas aplicações cruzam as necessidades do blog. Talvez eu fale melhor do Notion no futuro.
 
Ressalto que o ato de blogar é deliberado, um produto de mera iniciativa e desapego... hoje, é raro encontrar um blogueiro lucrando (exclusivamente com essa plataforma), ou obtendo fama através de posts pessoais. Talvez, entre os remanescentes da mídia, estão os blogs com tutoriais e resolução de problemas técnicos sobre softwares e hardwares (hoje, já sendo substituídos por canais no YouTube). Possivelmente, os blogs sobre jogos eletrônicos ainda estejam em um bom pique, como o Arquivos do Woo, uma de minhas leituras habituais.

Nem por isso vou parar, continuarei sempre usando este espaço com todo o entusiasmo e vontade - sempre e enquanto for oportuno.

  Chego ao fim de Ato Falho. Essa webcomic foi a "menina de meus olhos" durante um bom tempo. A escrevi com imensa satisfação e de...

 


Chego ao fim de Ato Falho. Essa webcomic foi a "menina de meus olhos" durante um bom tempo. A escrevi com imensa satisfação e deixo ela no mundo com a sensação de ter dado um destino digno aos meus queridos personagens.

Obrigado a todos que me apoiaram, leram e ajudaram comentando e divulgando essa minha obra.

Para acessar, clique aqui.

Sob uma análise muito particular, identifico na Arte e nas vivências, similaridades sobre as quais passei a categorizar como "frases&qu...

Sob uma análise muito particular, identifico na Arte e nas vivências, similaridades sobre as quais passei a categorizar como "frases". Essas frases estão presentes na natureza humana ou em suas potencialidades ficcionais. São padronizações como as do Universo e da vida real, onde há todas as constantes idas e vindas de seus ocupantes. Existimos sob coerências narrativas - enigmáticas às nossas limitadas compreensões -, responsáveis por conduzir nossos cotidianos/vidas inteiros ou de quaisquer um dos seus recortes. As frases estão presentes em um intrincado cruzamentos de sintaxes, as quais afetam umas às outras, continuamente.


Origem, meio e fim acontecem o tempo todo. Se buscarmos os elementos agregadores de cada evento menor ou maior, veremos conter neles um sequencial de frases estruturadas, tais as vistas na Gramática - como a nossa, a da Língua Portuguesa. Iniciando pela fonética e o alfabeto, já reconhecemos ordens… e a seguir: artigos, substantivos, verbos, pontuações, etc… Cada função/variável com o seu lugar na construção gramatical. E, caso se desviem da execução correta, serão problemáticas e assim não cumprirão o seu desígnio que é o de comunicar. E não é a finalidade de uma frase se aliar a um contexto harmonicamente? Ela precisa participar de outra narrativa maior, ou seja, outra frase mais ampla e também requerente de sintaxe.
 
Na da Música, há tensões e fechamentos, ocorrendo desde as harmonias até aos compassos - e muitos outros engenhos musicais - seguindo lógicas sintáticas comparáveis às dos exemplos anteriores. E assim também acontece dentro das características líricas (ou das letras) das composições, caso houver - novamente com estruturas necessariamente interligadas. O mesmo acontece na literatura, tendo em sua prosa - do enredo aos diálogos -, alguns padrões consequentes. O que é um livro (de ficção ou qualquer gênero) senão a união de sintaxes? Frases construindo parágrafos e depois páginas e, por fim capítulos pertencentes a um fundamento conceitual. Mesmo quando essas regras são transgredidas, elas carecem de ser entalhadas para o contexto ser funcional, do contrário o escrito não efetivará, eliminando o seu propósito.
 
Quem desenha sabe: desenhar também significa se desempenhar em um afazer necessariamente ordenado. Precisamos entender muitos conceitos para o desenho surtir o planejado. Isso, se o desenhista estiver, primordialmente, em um envolvimento verdadeiramente honesto com essa forma de expressão. Ainda que metodologias e regras - por escolha do artista - sofrerem estilizações, também requerem de padronizações a fim de assumir uma identidade. Para um Artista ser reconhecido através de sua obra, terá que atender a atributos que, em conjunto, provocarão a lembrança dos observadores. O que também é evidentemente perceptível nas Histórias em Quadrinhos. Nelas, as "frases" propostas nesta conversa, serão capazes evocar associações a quem estiver decodificando cada sequencia, trazendo a ele satisfações, talvez até emocionais e significativas, desencadeadas pela imaginação e o olhar.

A síntese é sofisticação. A menor complexidade alcança maiores valias quando falamos de estética. Obras fantásticas inseridas nas Artes são ...

A síntese é sofisticação. A menor complexidade alcança maiores valias quando falamos de estética. Obras fantásticas inseridas nas Artes são geniais por sua pureza plástica. Nas HQs, o simples é um aspecto ainda mais favorável. Constituídas pela união de fazeres distintos, tais como roteiro, desenho, estrutura narrativa e métodos subsequentes, as HQs são efetivas quando têm êxito ao propor a comunicação de ideias e conceitos. Abrimos um volume para ler (virtual ou físico) e diante de nossos olhos está o belo ou o grotesco, a tristeza ou o humor - causando o encanto independente de exuberâncias ou de técnicas acuradas.


Recursos visuais aparentemente extraordinários estão longe de serem determinantes na eficiência de uma boa HQ. Painéis detalhados, a encher os olhos de tantas informações e frequentemente exibindo excessos de detalhes, recursos e cores digitais, são o que entendo como o puro malabarismo pictórico, de modo geral, apenas oferendo um deslumbre de efeito muito momentâneo. Todos os excessos sensoriais resultantes de pasteurizações comerciais feitas a “toque de caixa” são carregadas somente por superficialidades - cuja riqueza aparente desvia a atenção do leitor da pobreza narrativa e do pouco a dizer. Não me posiciono contrário a uma arte bem elaborada, rebuscada e feita com esmero - seria injusto, porém não me detenho somente nessa unidade a ser observada. A beleza tem seus diferentes graus de valores.
 
Pesos e medidas podem variar ou equilibrar. Sejam em obras magníficas unindo um belo traço a histórias épicas, ou singelas historietas contadas com imagens deficientes, porém causadoras de grandes impactos... o sol nasce para todos, há uma vastidão de modelos a serem avaliados. Para mim, quando leio algo que agradou, já estou contente. Uma boa narrativa, um traço que for… a mensagem certa - e é o que tenho a dizer, pura e simplesmente. Não me acuse de ser deficitário de critérios. Depende do meu estado de espírito. Mas tenho algo a dizer também como quadrinista. Sou fã de Artistas que tiveram grande relevância justamente por serem eficientes em suas displicências: Rumiko Takahashi, Reed Waller e outras ilustres inspirações.
 
Eles se permitiram ser sóbrios e diretos no que faziam. As produções prolíficas de tais Artistas exigiam agilidade e simplificação, linguagens elegantes destinadas a uma produção de fácil entendimento. Habilidosamente, abreviavam os seus trabalhos. Penso que articular ideias e contar histórias limpas e com clareza exige a afinidade com a síntese. Acima de tudo a necessidade de personalidade e a desenvoltura de um vocabulário peculiar. Essas "manhas" obtidas com a experiência, pela versatilidade e intuição, são ideais para resolver enredos, requerendo talentos especificamente muito acentuados. Movimentar-se neste terreno, sustentando harmonia e uma Arte agradável, narrativa fluída, etc... é ultrapassar habilmente muitas fronteiras. Mesmo aos leigos são façanhas percebidas instantaneamente.

As canetas Copics podem ser um “canto de sereias” a qualquer artista cobiçando mergulhar nas cores. Embora, realmente, elas entreguem todo ...

As canetas Copics podem ser um “canto de sereias” a qualquer artista cobiçando mergulhar nas cores. Embora, realmente, elas entreguem todo o prometido, minha ressalva é do quão atraentes são essas canetas e, ao mesmo tempo, como podem arruinar as finanças dos mais entusiastas. Para se alcançar colorchart satisfatório e harmônico - em trabalhos mais complexos -, temos a necessidade de estarmos equipados com, pelo menos, três tons (ou mais) de cada matiz - e é bom ser certeiro nisto. Sempre advirto a quem esteja planejando montar o seu kit, a não se precipitar muito, efetuando um estudo atento antes de se lançar aos investimentos iniciais, evitando cair em erros potencialmente dolorosos ao bolso.


O fetiche pode ser satisfeito de um jeito mais equilibrado. Escolher uma paleta para colorizações sem mirar em efeitos maiores vale o investimento no produto. Preenchimentos para usar nos backgrounds e em seleções mais específicas no desenho trazem bons resultados e satisfazem pelo uso do material. Há artistas que se contentam com um colorchart de cinco, ou seis matizes… Alaranjados mais fortes, azuis, vermelhos e seguimos por aí. Tenho um kit com bastante canetas, ainda assim, ultimamente escolho usar apenas cores de destaque, fazendo “mais” com “menos”. Encontro, nesse tipo de utilização, uma maneira ideal de aproveitar as vantagens das Copics de um jeito mais em conta.

 
As canetas Copics são duráveis. Eu diria que podem ser usadas durante uma vida inteira - se bem cuidadas e com as manutenções em dia. Elas NÃO estão na categoria de materiais com "Obsolescência Programada", ou seja: não são tais alguns produtos cujo tempo útil nos obriga a sempre repor as suas unidades. No entanto, nas Copics - como mencionado - há manutenções e, infelizmente, também não são baratas. Pontas, recargas, solventes, etc, precisam ser supridos. E quanto mais canetas, maior será o dispêndio. Hoje, vejo mais possibilidades de colorir satisfatoriamente usando a aquarela. A aquarela requer uma curva maior de aprendizado, uso de mais tempo e a necessidade de uma bancada, porém é mais acessível em termos monetários.
 
Em meu kit, tenho Copics secas… Há mais de um ano sem recarga. As únicas que faço questão de reabastecer e usar com mais frequência, são os Tons de Cinzas. Três Cinzas Quentes, três Cinzas Frios e três Neutros me dão muitas possibilidades para trabalhar. Quando penso em dar uma tridimensionalidade aos sketchs, as Copics com Tons de Cinza já resolvem com algum controle e limpeza. Principalmente por eu estar em uma fase “dark” nos desenhos, já tenho dispensado muitas cores e composições cheias de blends e camadas. Valer-se das técnicas mistas também é uma alternativa, pode-se reunir vários materiais - às vezes esquecidos em um canto - para baratear a produção de uma Arte. Alternativas não faltam aos mais atentos!

Editar publicações de modo profissional em um software open source - e inteiramente gratuito - já foi uma utopia para muitos profissionais d...

Editar publicações de modo profissional em um software open source - e inteiramente gratuito - já foi uma utopia para muitos profissionais do ramo. Pelo menos até meados do ano de 2002, com lançamento do Scribus. Trazendo diversos recursos e a compatibilidade com a maioria dos sistemas operacionais para desktop em torno do mundo, essa portentosa ferramenta conquista amplamente diagramadores em busca de múltiplas possibilidades e nenhum dispêndio adicional. A cooperação com desenvolvedores da linguagem C++ e o patrocínio de empresas respeitáveis, fez o Scribus alcançar uma ótima reputação, hoje se tornando, também, uma opção aos quadrinistas desbravadores da editoração eletrônica. Com isso, o miraculoso software volta à baila - gratamente - aqui neste espaço, em um segundo tutorial. [O primeiro está aqui]. Role para baixo para ver como balonar nessa maravilh
Início:
       
Antes de tudo, sugiro que você gerencie as camadas dessa forma acima: uma camada para o painel (página de quadrinho), depois balões e textos.

Tenho preferência pelo balão feito com a elipse. Gosto da simplicidade desse elemento, já que ele tem bom encaixe em quase qualquer quadro. Nesse caso, uso a ferramenta “elipse”, na caixa de ferramentas e em seguida…


…clico na janela flutuante “Propriedades” para definir a cor e espessura do traço, também as cores de preenchimento.


01 - Apêndices na Elipse.





Você pode adicionar ou subtrair nós e editar as curvas dando um clique duplo na elipse, abrindo a janela flutuante “Nodos”.
Observe os ícones de edição de nós. Cada um deles é usado para um modo de modificar as formas (para ver a função de cada ícone, basta deixar o mouse sobre ele). No topo, com o segundo da esquerda para a direita (Adicionar Nodos) adiciono três novos nós, na posição desejada , depois no primeiro ícone "Move Nodos" "puxando" o nó do meio para fora para formar o apêndice.
Há quem prefira o apêndice do balão reto... Se fizer uma curvinha ele fica com mais cara de “desenho”.



02 - Balões Retangulares.





O balão também pode ser um retângulo com os cantos arredondados. Acho bem bacana. Para fazer um, basta criar um retângulo e na janela flutuante “Propriedades”, mover as arestas do objeto com a aba "Forma".
Para fazer o apêndice do balão, é igual à elipse.



03 - Balões de Destaque.



Agora, quando quero fazer um balão “diferentão”, ou cujo texto precisa de mais “destaque”, crio um retângulo e depois uma "estrelinha"…




É necessário fazer 4 estrelas de 8 pontas.



Dá para editar a estrela dando um clique duplo nela.

Em cada uma delas vou em: item/converter para/polígono.

Lembre-se: é muito importante repetir esse processo em cada uma das estrelas.



Com as estrelas posicionadas nos cantos do retângulo...

Uno as estrelas com o balão em: item/ferramentas de caminho/operações de caminho.


Abrirá essa janela. Aqui você faz do jeito que mostra o screenshot.


Caso você queria editar o balão sem o deformar, clique duas vezes nele, vá no ícone "Move Nodos", selecione os dois cantos para expandi...
 
...e use as setas para mover até o tamanho desejado.



Voilá!

Com certeza farei outros tutoriais outros. Tenho outras coisas para mostrar.

Obrigado ao visitante e espero ter sido útil.

  Em uma conversa recente de inbox, um camarada - excelente ilustrador - disse que só trabalha com ilustração por causa do “dinheiro”. Perg...

 

Em uma conversa recente de inbox, um camarada - excelente ilustrador - disse que só trabalha com ilustração por causa do “dinheiro”. Perguntei se não havia prazer no dia a dia… ele insistiu no “dinheiro”, pois faria qualquer outra coisa com a qual lucrasse e pagasse as contas (além de reformar a casa, etc..) Até um ano e meio atrás, quando tentei transição de carreira para ilustrador, esse mesmo cara me aconselhou e deu umas sugestões sobre o mercado. E nessa última conversa, me chamou justamente para saber a respeito de como eu ia na profissão. Contei que havia sido apenas uma “fase” e eu estava em um emprego legal, além de já me encontrar em uma idade complicada para transitar de carreira, etc...  algo que aparentemente não o deixou surpreso.

A Arte Sequencial é a minha religião, mas o Design Gráfico é minha profissão. Sou grato por isso e coloco uma pedra sobre o assunto. O que não é um ato de resignação, mas sim o de admitir a força do ofício que exerço… o Design é um exercício cujo grande poder permite tocar o longínquo através do manejo de substâncias visuais. Com ele é possível conceitos influírem nas decisões importantes - ou milagrosas- nas vidas das pessoas. Criar peças nas artes gráficas efetivas é como avistar o escopo e traçar uma estratégia para o atingir em cheio - não deixando pedra sobre pedra.
 
Indo além do trabalho com os softwares, o Design Gráfico requer prática e teorias, e todos os seus meandros para obter sucessos. Descobrir todos os dias o gosto pela profissão é uma bênção. A cada trabalho entregue estou oferecendo também - frequentemente profundamente exaurido - uma lasca de minha alma (já há esta altura em estado terminal). Os processos envolvidos nos Design Gráfico são desafiadores e causam uma dose extra de satisfação. Fazer Design é viver experiências bem antagônicas: estando sempre entre a aflição e a serenidade… um desconforto gostosinho, digamos assim.
 
Minha única “bronca” é com a publicidade (para o que trabalhei quase a vida toda), mas eu "ela" convivemos e nos tolerando diariamente, sob a sombra do escárnio e do carinho. Tudo tem o seu lado bom e seu lado ruim, o equilíbrio nem sempre é possível, mas sem ele perigamos tombar… algo que “gatos escaldados” e “macacos velhos” não permitem acontecer. Tocando nesse ponto: como é bom lembrar o quanto aprendi com colegas de profissão. Pessoas muito legais embarcaram ou me deram "carona" nessa longa e dura estrada onde estou rodando. Uns deixaram saudades, outros ainda estão por perto... enquanto há aqueles dispensáveis até nas lembranças.

Mesmo sendo introvertido e talvez me inclinando até à misantropia (e eu não tocarei nesse assunto pois ele é complicado), foi comum na histó...

Mesmo sendo introvertido e talvez me inclinando até à misantropia (e eu não tocarei nesse assunto pois ele é complicado), foi comum na história de minha vida a necessidade por me comunicar. Na primeira metade dos anos 1990, eu mantinha inúmeros contatos Brasil afora através de correspondências escritas à mão. Escrever cartas me fazia muito bem e foi um hábito mantido com frequência até a chegada da internet. Depois deste advento, tornou-se possível a busca por pessoas com objetivos e gostos em comum com extrema rapidez. Comunico-me melhor através da palavra escrita e de imagens. Esses são os terrenos responsáveis por me fazer sentir livre.

É bem assim: utilizo todos os recursos ao meu alcance para trazer do mundo das ideias algo ao material e também ao digital. Ainda que eu esteja fazendo Arte, acima de tudo, para outrens… acredito nela me fazendo conectar também comigo mesmo. Além de experimentar um autoconhecimento intenso, ao tocar alguém de alguma forma quando regurgito esses sinais defeituosos de comunicação, fico muito, mas muito comovido.

Do mesmo jeito, também me encho de emoção quando encontro artistas com os quais me identifico. Torno-me admirador mesmo dos low profiles e outros anônimos. De maneira semelhante, daqueles com êxito em suas jornadas, os quais somam às minhas paixões uma grande euforia. Um sentimento o qual também me propele a querer sempre continuar. Todos esses desenhistas, músicos e escritores criativos, pelos quais sou atraído, fortalecem-me a acreditar que podemos tudo. Seja qual a mídia, estou sempre em comunhão com o que me deixa em estado de graça. Tudo isso é, para mim, de enorme importância, pois bebo dessas fontes sempre ansiando por todos os seus encantos. E elas jamais se esgotam
 
Acompanhado de tais inspirações, a minha prática mais alegre é abrir o Pinterest todos os sábados à tarde, pegar meus sketchbooks, munir-me de meus materiais de desenho e vivenciar momentos inexplicavelmente Mágicos. Não me vejo em outros campos de estudos fora do Desenho e das HQs, eles se alimentam desse lamaçal (no melhor sentido da palavra) de influências onde estou sempre me movendo. Sinto que despertei nessa vida para isso, meus ideais estão claros aqui neste blog, no Tapas, ou lá no Instagram... E, obviamente, nas HQs impressas das quais sinto um imenso orgulho e me fazem extremamente realizado. Elas foram vontades que carreguei até as oportunidades aparecerem. Minha forma de celebrar tudo isso é criando e fazendo o meu melhor na Arte. Essa é minha retribuição.

Até a minha mudança de endereço, em junho de 2021, jamais pensei em uma possível necessidade de transportar tantos objetos e materiais a um ...

Até a minha mudança de endereço, em junho de 2021, jamais pensei em uma possível necessidade de transportar tantos objetos e materiais a um outro espaço. A partir daquele instante, deu-se a minha tomada de consciência de como um local de trabalho influi sobre o Artista. Além do quanto, ao longo do tempo, ocorre uma intensa adaptação do ambiente aos hábitos de seu ocupante. E quando passei a montar a minha nova workspace, enxerguei algumas minúcias sobre os novos ares e das novas inspirações neles presentes. Um bom material para me fazer refletir um pouco.

Minha workspace já foi assim.

Sem deixarmos as etimologias em segundo plano, ao falarmos das atuais “workspaces”, também nos referimos aos ateliês (do francês), estúdios (do latim “estudare”), oficina (também do latim) ou laboratório (do francês "laboratoire")… Outrora locais de aprendizagem - ou cátedras para discursos e ensinos -, bem como ambientes para exposições e pontos para comércio de Artes, também configuram estrategicamente focos de Arte e Artesania, tidos e designados para o labor individual ou coletivo.
 
Leonardo Da Vinci e Michelângelo preferiam circunscrever seus recintos criativos como para fins exclusivos de esforço do trabalho em seu significado mais evidente... Declinaríamos das finalidades Artísticas ao tomar essa definição? Do meu ponto de vista - ou nas posições ocupadas por nós, caso seja você também um Artista -, manter essa ideia nos faria retroceder sobre os nossos vários saberes a respeito da subjetividade da Arte. Quando assim a defendo, dou maior voz ao meus sentimentos, vivências artísticas e experiência de vida.
 
O ambiente mantido, e todo o guardado nele, fala bastante sobre um indivíduo criativo - existe uma narrativa inserida. Cada objeto eleito tem o seu propósito, a disposição de utensílios e móveis também. Portanto, o espaço de trabalho pode tomar contornos místicos e espirituais, consideradas as ideias neles semeadas, as crenças e, também, as transformações físicas. Corroborando com a afirmação do geógrafo sino-americano Yu Fu Tuan, a qual nos diz: “Para o ser humano, a transformação de espaços em lugar, se dá conforme o acréscimo de sentimentos e afetos, onde tudo conta uma história”.
 
Acontece de o ser humano procurar sempre o seu lugar, o seu assentamento no mundo, com o qual se identifica e é acolhido. Memórias, objetos reconhecíveis, utilidades, etc… Tudo influenciará nos seus processos de produção, nessa dimensão íntima que é a workspace de um Artista. E ambos: artistas e seu lugar de produção passam ao pertencimento mútuo, uma união de personalidades onde há afeto e complemento entre as duas partes.
 

Outros números do Abstraço.

Minha atuação como designer gráfico é de longa data. Estudei e trabalhei com isso minha vida profissional inteira. Apesar do mercado publici...

Minha atuação como designer gráfico é de longa data. Estudei e trabalhei com isso minha vida profissional inteira. Apesar do mercado publicitário me causar algumas aversões, foi através dele que colhi o meu sustento e tornei possível muitas realizações. Ter um trabalho e se entregar a ele é uma verdadeira bênção. Entretanto, todas as profissões tem seus prós e contras - sempre vêm acompanhadas da necessidade de se ajustar. Mas quando se faz o que gosta, isso fica mais tolerável ao longo do tempo no ofício. Uma profissionalização, junto ao interesse de se tornar competente, traz grandes satisfações.

O olhar treinado e a experiência com comunicação, produção digital e tipografias, são parte do Design Gráfico. O que me auxiliou também no meu hobby de fins de semana. A facilidade em lidar com algumas ferramentas, em paralelo com minha produção autoral, foi a união perfeita para fazer algumas coisas acontecerem. Uma parte disso tudo, são os logos e letterings, bastante presentes nas HQs.
 
Letterings e logos costumam ser marcantes. Essas informações ativarão a memória do leitor. Se o logo surgir novamente diante de seus olhos, ele vai relacionar ao que leu. Eu, pelo menos, sou assim… e você?

Logo da minha HQ "Noite Escura" em curvas.
Costumo começar as logos pensando na mensagem delas. Cada lettering carrega consigo um conceito… Quando desenhei o Noite Escura, inspirei-me nas logos de bandas de Death/Black Metal, haja visto o teor violento e sombrio da obra. Usei caracteres que invadem os espaçamentos uns dos outros e têm formas pontiagudas. Até a finalização, foram feitos muitos estudos a lápis, os quais não disponho mais.
"Ato Falho" em suas duas versões.

Houve duas versões da logo do Ato Falho. A primeira versão estava um pouco pobre, simplificada demais. Mas aproveitei da ideia e ajeitei como eu queria. Nesse aprimoramento, a arte perdeu um aspecto importante, que era o “A” e “F” serem o mesmo caracter, só que espelhado. Mas aceitei essa perda fui em frente. E posso afirmar que a versão final me agradou, já que ela exibe uma presença bem marcante.

Primeiros estudos para a logo da HQ "Shockstar".

Na HQ Shockstar, passei por duas etapas: o lettering e o logo. O logo é o “pentagrama de raios”, o qual quebrei um pouco a cabeça para chegar à conclusão. Eu sabia onde era o destino, mas precisei encontrar o caminho. Já o lettering, em poucas tentativas obtive algo interessante, que era para ser meio vintage. Como todas as logos mencionadas neste post, fiz o rabisco no papel, escaneei e retracei no Inkscape.
 
Minha intimidade com a criação publicitária valeu para fazer essas obras terem os seus timbres e ficarem bem do meu jeito. É muito bom estar envolvido com um projeto desde seus detalhes, o contentamento é dobrado.

Um dos aspectos mais evidentes do desenho é a arte final, mesmo se só tivermos o esboço e ele ter sido considerado finalizado. Leonardo da V...

Um dos aspectos mais evidentes do desenho é a arte final, mesmo se só tivermos o esboço e ele ter sido considerado finalizado. Leonardo da Vinci nos disse um dia:  “A arte nunca está acabada, apenas abandonada”. Mesmo desse jeito, consideremos o acabamento de um desenho no qual há o uso de linhas, tendo em vista os maiores ou menores pesos usados para transmitir a mensagem desejada.

[Divulgação] Will Eisner.

Os contornos grossos expressam maior comicidade, enquanto os delgados pendem à austeridade. Mas toda a regra tem as suas exceções, como bem sabemos. Por vezes, a utilização de ambas as possibilidades também são úteis quando a intenção é a luz e sombra dentro do preto e branco. As técnicas de finalização têm, cada uma delas, as suas vantagens e dificuldades, para assumir uma delas é necessário algumas facetas.
 
Falando de mim, quando o desenho necessita de precisão e detalhes, recorro às canetas técnicas fininhas. Dou-me bem com as 0.5 e 0.8. Para contornos gerais, uso o pincel (às vezes aqueles baratos), ou brushpens (maravilhas vindas do oriente) aplicando tracejados rústicos e com pesos maiores. Outra de minhas características (vamos chamar assim) é a pouca preocupação com exatidão, permitindo-me fazer traços tremidos.

[Divulgação] Elektra por Bill Sienkevics.
O anglicismo estadunidense adquirido pelo nosso vocabulário mais contemporâneo é a chamada “lineart”, que ao pé da letra (ou literalmente) significa “arte de linha”. Gosto de falar dela quando é sobre os Cartoons, Quadrinhos e congêneres. Minhas predileções não são novidade, já falei delas aqui. Para não me repetir, farei uma revelação bem diferente do que tenho em meu mapa de influências, já conhecido por uma boa parte das pessoas que me acompanham.
[Divulgação] Painel por Will Eisner.
Sou fãzão de Ted McKeever, a Arte dele me leva no bico direitinho. McKeever até já me notou uma vez, quando me linkou no seu extinto blog. O legal é a ousadia e o estilo do cara. Talvez o leitor não conheça o Ted, mas no corpo do post, está algo desenhado por ele. Conheci os seu trabalho na revista Hellraiser, nos meus “anos incríveis” ainda no desabrochar de minha puberdade das HQs, Cinema e Música. A vida me ofereceu uns lances muito legais, deixando belas marcas em meu senso Artístico.
[Divulgação] A inspiradora arte de Ted Mckeever.

Dentre meus gostos pessoais, há muitos exemplos de entretenimento possíveis de se mencionar. Exemplos fora dos habituais, que foram fatídicos em minhas descobertas nos tempos distantes dos que me encontro. Sou apegado a todas essas coisas que me rodeiam, pois elas fazem parte de minha expressão, são minhas referências e inspirações. Estou ligado a elas por um cordão umbilical criativo.
 
Mas... Falávamos de Lineart, não é? Sim, os Artistas, em geral, falam dela na internet. Pois bem: sobre arte final, pelo menos, falamos um pouco.

Percebi que meus textos se tornam muito "viajados" em alguns momentos. Para evitar que isso se repita muito e, também, para tornar...

Percebi que meus textos se tornam muito "viajados" em alguns momentos. Para evitar que isso se repita muito e, também, para tornar o blog mais objetivo, crio a coluna "Abstraço" com o fim de demarcar um espaço onde me permito abstrair e divagar um pouco mais livremente. Então, vamos ao primeiro número: Abstraço #001 - Amadurecimento da Arte.
 
Uma Arte madura não pode ser determinada como melhor ou pior. Ao evoluir, as direções a escolher são diversas, tendo em comum apenas a necessidade de persistência. O ideal pode dispensar o mais belo ou o mais virtuoso, sobrepondo tais atributos, essencialmente pela originalidade.

As resoluções mais satisfatórias ao Artista, a meu ver, ultrapassam a necessidade de uma estética voltada à perfeição, bastando estar em consonância com o dialeto imagético pretendido. Reside na autenticidade, por mais excêntrica que aparente, o romper com os fundamentos, sob o propósito de efetuar a Arte provida com reais peculiaridades identitárias - logicamente, resultantes de muito estudo e experiência em sua execução.

"A regularidade, a ordem, o desejo pela perfeição destroem a arte." - Pierre-Auguste Renoir.


Já em idade avançada, acometido por artrite crônica, abalado pela morte da esposa e com seu primogênito ferido em guerra, Renoir lança essa pérola com toda a sua sinceridade aos que discordam ou não. Impossível não considerarmos a visão acurada, opinada por um exímio pintor e de longa vivência, de personalidade e reputação quase lendária, cujas vida e obra ecoam à eternidade. Simpatizo com tal pensamento e o valorizo, até porque identificar-se com uma afirmação tão controversa é uma premissa de coragem. Ainda que nossas Artes (a minha e a de Renoir) difiram acentuadamente, é flagrante em meus registros Artísticos algumas impressões bem similares.

"Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas precisei uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças“ - Pablo Picasso.
 

Seria de se esperar uma afirmação inquietante vinda do gênio Pablo Picasso, mas nessa, temos algo muito ousado. Na voz de um Artista de tal grandeza, a dúvida é encoberta pelo êxito de obras brilhantes. A frase revela não ter sido da noite para o dia a sua descoberta do que desejava para si: uma vida inteira se encarregou de o fazer entender o recado. O legado de Picasso não pode ser ignorado, seus feitos inovadores fazem parte de um vasto acervo histórico, tanto como objetos de contemplação em museus, como focos de estudos nos meios acadêmicos. Temos aqui, então, mais uma evidência sobre o amadurecer da arte: ela, às vezes, acontece na simplicidade.
 
Vem-me à lembrança a fábula do jovem obstinado, tomando uma difícil jornada no deserto egípcio em busca de um mapa onde há a localização de um tesouro escondido. Depois de um longo tempo e incontáveis provações, chegando ao destino, encontra o mapa e lê nele que a localização do tesouro seria sob o solo no local exato de onde partiu. Artista algum jamais se opôs ao aprofundar nos fundamentos, anatomia, perspectivas, técnicas, materiais e demais requisitos teóricos. São neles os alicerces para a consistência do fazer Artístico, pois como ilustra a fábula, houve uma caminhada ao longo de anos no deserto.

 
O primor pode ser o menos, o espontâneo. A admiração e reconhecimento são dispensáveis se o artista faz a sua arte convicto de seus objetivos. Não há lei, falamos sobre um território sem empecilhos.

 Outros números do Abstraço.